SEGUNDA INSTRUÇÃO

 

O bom exemplo que o Padre deve dar

 

Estabeleceu Jesus Cristo na santa Igreja duas ordens de fiéis, a dos leigos e a dos eclesiásticos, com a diferença que aqueles são discípulos e ovelhas, estes mestres e pastores. Daqui o preceito de São Paulo aos leigos: Obedecei aos vossos superiores e sujeitai-vos a eles, porque vigiam por vós e em boa parte são responsáveis pelas vossas almas 1. Por outra parte adverte aos eclesiásticos: Estai atentos a vós mesmos e a todo o rebanho, de que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para governardes a Igreja de Deus 2. E do mesmo modo lhes fala São Pedro: Apascentai o rebanho de Deus que vos está confiado 3.

Donde com razão conclui Santo Agostinho 4 que nada há nem mais difícil, nem mais arriscado que o ônus sacerdotal; e isso precisamente em razão do dever, que incumbe ao padre de ser um espelho de virtude, no interior e no exterior, para que os outros aprendam dele a viver bem 5. Que bem não faz o exemplo dum santo padre! Diz-nos a Escritura que se vivia santamente em Jerusalém, sob o pontificado de Onias 6, por causa da sua virtude. O Concílio de Trento diz que a virtude dos chefes é a salvação dos súditos 7. Que males ao contrário não resultam dos maus exemplos dum padre! É do que o Senhor se lamenta pela boca de Jeremias: O meu povo é um rebanho perdido; foram os pastores que o transviaram 8. Não, exclama São Gregório, ninguém prejudica tanto os interesses de Deus como os padres, quando estabelecidos para corrigirem os outros, lhes dão maus exemplos 9. Segundo São Bernardino de Sena, ao verem a vida dos maus padres, os seculares não pensam mais em se corrigirem; chegam até a desprezar os Sacramentos, assim como os bens e penas da outra vida 10. Respondem como o pecador de que fala Santo Agostinho: A quem me propondes como exemplar? Quereis que faça o que nem os eclesiásticos fazem?11 Um dia dizia o Senhor a Santa Brígida: Os maus exemplos dos padres são causa de que os pecadores se obstinem no pecado; primeiro envergonham-se, mas depois fazem gala do pecado 12.

Diz ainda São Gregório: São os sacerdotes na Igreja, como os alicerces num templo 13. Quando os alicerces falham, todo o edifício desaba. Por isso na ordenação dos padres a Igreja faz por eles esta prece: Que neles resplandeça a justiça, a constância, a misericórdia, a fortaleza e as outras virtudes; que a sua vida sirva de exemplo aos outros 14. Devem os padres não só ser santos, mas parecer, porque no dizer de Santo Agostinho, se a boa consciência é necessária ao padre para se salvar, também lhe é igualmente necessária a boa reputação, para salvar os outros. Sem esta, embora fosse bom para si próprio, seria cruel para com os outros e, perdendo-os, perder-se-ia com eles 15. Escolheu Deus os padres entre todos os homens, não só para lhe oferecerem sacrifícios, mas para edificarem todos os outros com o bom odor das suas virtudes 16.

São os padres o sal da terra 17. São os padres, diz a Glosa, que devem condimentar de algum modo os outros homens, para os tornarem agradáveis a Deus, formando-os na prática da virtude por suas palavras, e ainda mais pelos seus exemplos 18.

São também os padres a luz do mundo, devem pois, como o divino Mestre acrescenta, brilhar no meio de todos os fiéis pelo resplendor das suas virtudes, e glorificar assim o Deus que tantas distinções e honras lhes prodigaliza: Sois vós a luz do mundo. Mostre-se pois radiante aos olhos dos homens a vossa luz, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus 19. Era o que São João Crisóstomo recordava aos padres: Se nos escolheu, foi para que nos tornemos luzeiros 20. Por sua vez, dizia o papa Nicolau, são os astros que devem irradiar ondas de luz sobre todo o povo 21. Isto é conforme com as palavras de Davi: Os que formam a muitos na santidade, hão de brilhar como estrelas por todos os séculos dos séculos 22. Mas, para alumiar os povos, não basta que o padre brilhe pelos seus discursos; é necessário que lhes ajunte a luz do bom exemplo; porque a vida do padre, no dizer de São Carlos Borromeu, é o farol para o qual os simples levantam os olhos, do meio das vagas e trevas do mar tempestuoso do mundo, para escaparem ao naufrágio. O mesmo dizia São João Crisóstomo: Deve o padre levar uma vida edificante, para que todos vejam nele um modelo excelente; visto que Deus nos escolheu para que sejamos como luminárias, que mostrem aos outros o caminho a seguir 23. É a vida do padre a luz, da qual diz Nosso Senhor que deve ser colocada no candelabro para alumiar todos os homens: Não se acende uma luz para a meter debaixo do alqueire, mas para a por no candelabro, para que alumie todos os que estão em casa 24. Donde o Concílio de Bordeus conclui: De tal modo estão os eclesiásticos expostos aos olhares de todos os homens, que estes tomam, como regra os bons ou maus exemplos deles 25. É pois o padre a luz do mundo; mas, se a luz se demudar em trevas, o que se tornará o mundo?

São também os padres os pais dos cristãos, como lhes chama São Jerônimo: Patres christianorum. Se são pais de todos os fiéis, acrescenta São João Crisóstomo, necessário é que tomem cuidado de todos os seus filhos, e se esforcem principalmente em levá-los para o bem, primeiro pelo bom exemplo e depois por sábias instruções 26. De contrário, se o padre der maus exemplos, diz Pedro de Blois, os seus filhos espirituais não deixarão de o seguir 27.

Também os padres são mestres e modelos de todas as virtudes. Disse o nosso Salvador aos seus discípulos: Assim como meu Pai me enviou, também eu vos envio 28. Do mesmo modo portanto que o Padre eterno enviou Jesus Cristo à terra, para servir de modelo aos homens, o próprio Jesus Cristo estabeleceu os padres no mundo, para serem cá modelos de santidade. É o que significa o nome de Sacerdote, como o explica Pedro Comestor 29. O mesmo significado tem a palavra Presbítero, segundo Honório de Autun 30. Também o Apóstolo escreveu a Tito: Apresenta-te como modelo em tudo... para que os inimigos da nossa fé nos respeitem e nada tenham de que nos arguir 31. Diz São Pedro Damião que o Senhor, ao estabelecer os padres, os separou do povo, para que não vivam como o povo 32. Deve a vida deles ser uma regra que ensine os fiéis a viverem bem. Por isso São Pedro Crisólogo chama ao padre a forma das virtudes 33. E São João Crisóstomo, dirigindo-se ao padre, diz também: Que o espelho da vossa vida santa seja para todos uma lição e um modelo de virtude 34. As próprias funções do ministério sacerdotal exigem isto como escreve São Bernardo 35. Desejoso de ver os povos santificados, Davi fazia a Deus esta súplica: Que os vossos sacerdotes sejam revestidos da justiça, e exultem de alegria os vossos santos 36. Ser alguém revestido de justiça, é dar exemplo de todas as virtudes: de zelo, humildade, modéstia etc.

Numa palavra, diz o Apóstolo, devemos mostrar, pela santidade da nossa vida, que somos verdadeiramente os ministros dum Deus santo: Mostremo-nos em tudo verdadeiros ministros de Deus... pela castidade, pela sabedoria, pela paciência 37. E é o que o próprio Jesus Cristo diz: Se alguém quer ser ministro meu, siga os meus passos 38. O padre pois deve reproduzir em si mesmo os exemplos de Jesus Cristo, de modo que, diz Santo Ambrósio, se torne um objeto de edificação para os fiéis, e ao vê-lo cada um possa dar testemunho da santidade da sua vida, e glorificar a Deus por tais ministros 39. Foi o que fez dizer a Minúcio Felis que se devem reconhecer os padres, não pela magnificência do trajo e elegância da cabeleira, mas pela modéstia e inocência dos costumes 40. Colocado na terra para lavar as manchas dos outros, observa São Gregório, é necessário que o padre seja santo, e faça ver que o é 41.

São os padres os guias dos povos, segundo São Pedro Damião 42. Mas, diz São Dionísio, que ninguém tenha a audácia de se constituir diretor dos outros nas coisas divinas, se primeiro se não tiver tornado mui semelhante a Deus 43. E o abade Filipe de Boa-Esperança acrescenta: É a vida dos clérigos que serve de modelo aos leigos: aqueles caminham na vanguarda como guias, estes seguem-nos como um rebanho 44. Santo Agostinho chama aos padres Rectores terrae. Ora, quem é constituído para corrigir os outros, deve estar a salvo de toda a censura, como diz o papa Hormisdas 45. E no concílio de Pisa lê-se: Quanto os eclesiásticos estão acima dos leigos pela sua dignidade, tanto devem edificá-los como o resplendor das suas virtudes; deve ser tal a sua virtude que mova os outros à santidade 46. Como escreveu São Leão: A vida exemplar dos governantes é a salvação dos súditos 47.

Por São Gregório de Nissa é o padre chamado um mestre da santidade 48. Mas, se o mestre é orgulhoso, como há de ensinar a humildade? Se é intemperante, como há de ensinar a mortificação? Se é vingativo, como ensinará a doçura?

Quem está à frente do povo, para o instruir e formar na virtude, diz Santo Isidoro, tem obrigação de ser santo, sob todos os pontos de vista 49.

Se o Senhor disse a todos os homens: Sêde perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito 50, como observa Salviano, com quanto mais rigor há de exigir a perfeição dos padres, que estão encarregados de formar na virtude os outros?51 Como poderá acender o amor de Deus no coração dos outros, quem não mostra pelas suas obras que está abrasado desse fogo sagrado? Nada pode incendiar uma luz apagada, diz São Gregório 52. E São Bernardo acrescenta que a linguagem do amor, na boca de quem não ama a Deus, é uma linguagem bárbara e estranha 53. Resultará, diz ainda São Gregório, que o padre que não dá bom exemplo tornará desprezíveis os seus sermões 54, e até todas as suas funções espirituais, ajunta Santo Tomás 55. Ordenou o Concílio de Trento que só sejam admitidos ao sacerdócio os que de tal modo se tornarem conhecidos pela sua piedade, e pureza de seus costumes, que se possam esperar deles exemplos excelentes de boas obras e advertências salutares 56. — Veja a este respeito o que diz o N. C. de Direito Canônico, principalmente no § 3. do cân. 973.

Assim, notai bem, o que primeiro se deve esperar do padre é o bom exemplo, e depois os bons conselhos, porque diz o Concílio, o bom exemplo é uma espécie de pregação contínua 57. Antes de pregarem com a palavra, devem os padres pregar com o exemplo, como ensina Santo Agostinho 58. E São João Crisóstomo diz: Nenhuma trombeta ressoa tão alto como os bons exemplos 59. Tal era a razão desta advertência de São Jerônimo ao seu caro Nepociano: Que a tua conduta não desminta as tuas instruções; de contrário, ao pregares na igreja, cada ouvinte poderia dizer baixinho: Porque não fazes o que pregas?60 A mesma linguagem emprega São Bernardo: Terão força as vossas palavras, desde que os ouvintes estejam persuadidos de que muito primeiro começastes a praticar o que pregais aos outros. Mais força tem o pregão das obras que a voz da boca 61. Para que um pregador persuada os outros do que ensina, é necessário que ele próprio esteja e se mostre disso convicto; mas, como poderá mostrar-se tal quando faz o contrário do que diz? Quem faz o contrário do que ensina, a si próprio se condena, em vez de instruir os outros 62, diz o autor da Obra imperfeita. Persuade e comove um sermão, diz São Gregório, quando a vida do pregador o confirma 63. Mais se movem os homens pelo que vêem do que pelo que ouvem; isto é, deixam-se persuadir antes pelos exemplos que lhes falam aos olhos, do que pelos discursos que lhes ressoam aos ouvidos. É o que fazem notar os padres dum Concílio, que por consequência querem que o sacerdote dê bom exemplo, tanto no modo de trajar como de viver 64. São os padres os espelhos do mundo, nos diz o Concílio de Trento; neles têm fixos os olhos todos os fiéis e os tomam como modelos em toda a sua conduta 65.

No mesmo sentido, diz São Gregório: “É justo que o sacerdote se imponha pelos seus costumes, de modo que seja como um espelho em que o povo aprenda o que tem a fazer e a corrigir 66. É o que o Apóstolo nos dá a entender nestas palavras: Somos dados em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens 67. Tudo reclama a santidade do padre, escreveu São Jerônimo 68. Segundo Santo Euquério, suportam os padres o peso do mundo inteiro, isto é, têm o dever de salvar todas as almas; mas como? Pelo poder da santidade e pela força dos bons exemplos 69. Dali este decreto do 3.º Concílio de Valença: “É necessário que o padre se esforce por se mostrar um modelo de regularidade e modéstia, na sua apresentação grave, no seu rosto e nas suas palavras 70. Notem-se estes três pontos: 1. Habitus. Que exemplo de modéstia podem dar os padres que, em vez de trazerem um casaco comprido e decente, usam jaquetões impróprios, punhos com botões de ouro?... 2. Vultus. Para inculcar modéstia, quando se aparece em público, é necessário conservar os olhos baixos, não só ao altar e na igreja, mas por toda a parte em que se encontrem pessoas do outro sexo. 3. Sermonis. Deve o padre tomar todo o cuidado para não repetir certas máximas do mundo e certas chocarrices contrárias à modéstia. O 4.º Concílio de Cartago mandou suspender das suas funções todo o clérigo que descesse a gracejos indecorosos 71. Mas que mal há em gracejar? Não, responde São Bernardo, essas chocarrices entre seculares não passam de graçolas, mas na boca dum padre são blasfêmias, que causam horror. E acrescenta: Vós consagrastes a vossa boca à pregação do Evangelho; não podeis sem pecado abri-la a palavras tais, nem acostumar-vos a elas sem vos tornardes culpado de sacrilégio 72. É sempre perigoso dizer coisas que não edifiquem os que as ouvem 73. E coisas há, diz Pedro de Blois, que para os outros são leviandades e para o padre são um crime; porque da parte dele todo o mau exemplo se lhe torna em falta grave, desde que seja ocasião de queda para os outros 74. Lê-se em São Gregório de Nazianzo: As manchas num vestido rico são mais sensíveis e causam maior impressão a quem as vê 75.

Deve também o sacerdote abster-se de toda a maledicência. No dizer de São Jerônimo, há padres que se resguardam dos outros vícios e parece que não podem resistir à murmuração 76. Importa-lhes ainda não frequentar as pessoas do mundo, em cuja sociedade se respira um ar viciado, que com o tempo arruína a saúde da alma; é a reflexão de São Basílio 77. Deve finalmente o padre abster-se de certos divertimentos seculares, em que não seria edificante ver-se um ministro dos altares, como em comédias de todo profanas, bailes e reuniões, aonde afluem mulheres. É necessário, ao contrário, que ele seja visto a orar na igreja, a dar a sua ação de graças depois da missa, a visitar o Santíssimo, e a Mãe de Deus. Muitos há que cumprem os seus deveres de piedade às ocultas, com receio de serem vistos; é bom que se façam ver, não para atraírem louvores, mas para darem bom exemplo, e levarem os outros a glorificar a Deus, imitando-os 78.

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1. Obedite praepositis vestris, et subjacete eis; ipsi enim pervigilant, quasi rationem proanimabus vestris reddituri (Hebr. 13, 17).

2. Attendite vobis et universo gregi, in quo vos Spiritus Sanctus posuit episcopos, regere Ecclesiam Dei (Act. 20, 28).

3. Pascite, qui in vobis est, gregem Dei (1. Pet. 5, 2).

4. Epist. 21. E. B.

5. Bonus si fuerit, qui tibi praeest, nutritor tuus est; malus si fuerit; tentator tuus est (Serm. 12. E. B.).

6. Propter Oniae pontificis pietatem (2. Mach. 3, 1).

7. Integritas praesidentium salus est subditorum (Sess. 6. de Ref. c. 1).

8. Grex perditus factus est populus meus; pastores eorum seduxerunt eos (Jer. 50, 6).

9. Nullum majus praejudicium quam a sacerdotibus tolerat Deus, quando eos, quos ad aliorum correctionem posuit, dare de se exempla pravitatis cernit (In Evang. hom. 17).

10. Plurimi considerantes cleri sceleratam vitam, Sacramenta despiciunt, vitia non evitant, non horrent inferos, coelestia minime concupiscunt (T. 1. s. 19, 2. c. 1.).

11. Quid mihi loqueris? Ipsi clerici non illud faciunt, et me cogis ut faciam (Serm. 137. E. B.).

12. Viso exemplo pravo sacerdotum, peccator fiduciam peccandi sumit, et incipit de peccato, quod prius putabat erubescibile, gloriari (Revel. l. 4. c. 132).

13. Sacerdotes in Ecclesia, bases in templo (In Evang. hom. 17).

14. Justitiam, constantiam, misericordiam, fortitudinem, caeterasque virtutes, in se ostendant; exemplo praeeant.

15. Conscientia tibi, fama proximo tuo; qui, fidens conscientiae suae, negligit famam suam, crudelis est (Serm. 355. E. B.).

16. Ipsum elegit ab omni vivente, offerre sacrificium Deo, incensum et bonum odorem (Eccli. 45, 20).

17. Vos estis sal terrae (Matth. 5, 13).

18. Condientes alios doctrina et vitae exemplo.

19. Vos estis lux mundi. Sic luceat lux vestra coram hominibus, ut videant opera vestra bona, et glorificent Patrem vestrum, qui in coelis est (Matth. 5, 14).

20. Idcirco nos elegit, ut simus quasi luminaria (In. 1. Tim. hom. 10).

21. Stellae longe lateque proximos illuminantes (Ep. ad Synod. Silvan.).

22. Fulgebunt... qui ad justitiam erudiunt multos, quasi stellae in perpetuas aeternitates (Dan. 12, 3).

23. Sacerdos debet vitam habere compositam, ut omnes in illum veluti in exemplar excellens intueantur; idcirco enim Deus nos elegit, ut simus quasi luminaria et magistri caeterorum (In 1. Tim. hom. 10).

24. Neque accendunt lucernam, et ponunt eam sub modio, sed super candelabrum, ut luceat omnibus qui in domo sunt.

25. Clerici vita omnium oculis sic exposita est, ut inde bene vel male vivendi exempla duci soleant (Anno 1583. c. 21).

26. Quasi totius orbis pater sacerdos est; dignum igitur est ut omnium curam agat (In 1. Tim. hom. 6).

27. Quid faciet laicus, nisi quod patrem suum spiritualem viderit facientem? (Serm. 57).

28. Sicut misit me Pater, et ego mitto vos (Jo. 20, 21).

29. Sacerdos dicitur quasi sacrum dans: dat enim sacrum de Deo, id est, praedicationem; sacrum Dei, carnem et sanguinem; sacrum pro Deo, vivendi exemplum (Serm. 38).

30. Presbyter dicitur praebens iter scilicet populo, de exilio hujus mundi ad patriam coelestis regni (Gemma an. l. 1. c. 181).

31. In omnibus teipsum praebe exemplum... ut is qui ex adverso est, vereatur, nihil habens malum dicere de nobis (Tit. 2, 8).

32. Ut quid enim a populo (sacerdotes) segregantur, nisi ut divisam a populo vivendi regulam teneant? (Opusc. 18. d. 2. c. 2).

33. Forma virtutum (Serm. 26).

34. Sit communis omnibus schola exemplarque vitae tuae splendor (In Tit. hom. 4).

35. Cathedram sanctitatis exigit ministerium hoc (Ps. 131, 9).

36. Sacerdotes tui induantur justitiam, et sancti tui exsultent.

37. In omnibus exhibeamus nosmetipsos sicut Dei ministros... in castitate, in scientia, in longanimitate (2. Cor. 6, 4).

38. Si quis mihi ministrat, me sequatur (Jo. 12, 26).

39. Docet actuum nostrorum testem esse publicam existimationem, ut, qui videt ministrum congruis ornatum virtutibus, Dominum veneretur, qui tales servulos habeat (De offic. l. 1. c. 50).

40. Nos, non notaculo corporis, sed innocentiae ac modestiae signo facile dignoscimus (Octav. c. 9).

41. Necesse est ut esse munda studeat manus, que diluere aliorum sordes curat (Past. p. 2. c. 2).

42. Sacerdos, dux exercitus Domini (Opusc. 25. c. 2).

43. In divino omni non audendum aliis ducem fieri, nisi secundum omnem habitum suum factus sit deiformissimus et Deo simillimus (De Eccl. hier. c. 3. — S. Thomas, Suppl. q. 36. a. 1).

44. Vita clericorum forma est laicorum, ut illi tamquam duces progrediantur, isti vero tanquam greges sequantur (De dignit. cler. c. 2).

45. Irreprehensibiles esse convenit, quos praeesse necesse est corrigendis (Ep. ad Episc. Hispan.).

46. Ecclesiastici, quemadmodum eminent gradu, sic lumine virtutum praelucere debent, et profiteri genus vivendi, quod alios excitet ad sanctitatem.

47. Integritas praesidentium salus est subditorum (Ep. ad Epis. Afric. c. 1).

48. Doctor pietatis (in Baptism. Chr.).

49. Qui in erudiendis atque instituendis ad virtutem populis praeerit, necesse est ut in omnibus sanctus sit (De off. Eccl. l. 2. c. 5).

50. Estote ergo vos perfecti, sicut et Pater vester coelestis perfectus est (Matth. 5, 48).

51. Si viris in plebe positis tam perfectam Deus vivendi regulam dedit, quanto esse illos perfectiores jubet, a quibus omnes docendi sunt ut possint esse perfecti! (Ad Eccl. 14. l. 2).

52. Lucerna quae non ardet, non accendit (In Ezech. hom. 11).

53. Lingua amoris, ei qui non amat, barbara est (In Cant. s. 79).

54. Cujus vita despicitur, restat ut ejus praedicatio contemnatur (In Evang. hom. 12).

55. Et eadem ratione, omnia spiritualia exhibita (Supp. q. 36. a. 4).

56. Ita pietate ac castis moribus conspicui, ut praeclarum bonorum operum exemplum et vitae monita ab eis possint exspectari (Sess. 23, de Refor. c. 14).

57. Est perpetuum praedicandi genus.

58. Quorum vita aliorum debet esse salutis praedicatio (Serm. 291. E. B. app.).

59. Bona exempla voces edunt omni tuba clariores (In Matth. hom. 15).

60. Non confundant opera tua sermonem tuum ne, cum in ecclesia loqueris, tacitus quilibet respondeat: Cur ergo haec, quae dicis, ipse non facis? (Ep. ad Nepotian.).

61. Dabis voci tuae vocem virtutis, si, quod suades, prius tibi illud cognosceris persuasisse. Validior operis quam oris vox (In Cant. s. 59).

62. Qui non facit quod docet, non alium docet, sed seipsum condemnat (Hom. 10).

63. Illa vox libentius auditorum corda penetrat, quam dicentis vita commendat (Past. p. 2. c. 3).

64. Quoniam magis oculis quam auribus credunt homines, necesse est ut sacerdos bonum praebeat exemplum, tam in vestitu quam in reliquis actionibus.

65. In eos tamquam in speculum reliqui oculos conjiciunt, ex iisque sumunt quod imitentur (Sess. 22. de Refor. c. 1).

66. Decet sacerdotem moribus clarescere, quatenus in eo, tamquam in vitae suae speculo, plebs, et eligere quod sequatur, et videre possit quod corrigat (Epist. l. 7 ind. 1. ep. 32).

67. Spectaculum facti sumus mundo, et angelis et hominibus (1. Cor. 4, 9).

68. Clamat vestis clericalis, clamat status professi animi sanctitatem.

69. Hi onus totius orbis portant humeris sanctitatis (Hom. de dedic. eccl.).

70. Sacerdos de religione sua, in habitus, vultus, ac sermonis gravitate, talem se exhibere studeat, ut se formam disciplinae ac modestiae infundat (Anno 855, cap. 15).

71. Clericus verbis turpibus jocularis ab officio removendus (Cap. 60).

72. Inter saeculares, nugae sunt; in ore sacerdotis, blasphemiae. — Consecrasti os tuum Evangelio; talibus aperire, illicitum; assuescere, sacrilegium (De Cons. l. 2. c. 13).

73. Omne quod non aedificat audientes, in periculum vertitur loquentium.

74. Quod veniale est plebi, criminale est sacerdoti. Quod erroneum est ovi, peremptorium est pastori (Ad Past. in syn. s. 3).

75. Splendidae vestis manifestiores sunt maculae (Orat. 31).

76. Qui ab aliis vitiis recesserunt, in istud tamen, quasi in extremum diaboli laqueum, incident (Ep. ad Celant.).

77. Sicut in pestilentibus locis sensim attractus aer morbum inficit, sic in prava conversatione mala hauriuntur, etiamsi statim incommodum non sentiatur (Hom. Quod. D. non sit auct. mal.).

78. Videant opera vestra bona, et glorificent Patrem vestrum, qui in coelis est (Matth. 5, 16).