Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

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Informações: Dia: 13/06/2007 Hora: 15:25:43
Nome:
Nilton Fontes
Outro: Lâmpada do Santíssimo
e-mail:
Fontes <niltonfontes@uai.com.br>
Telefone:
 

Recebi do nosso pároco o documento da "Arquidiocese de Mariana" anexo.

Achei-o muito destoante do Magistério da Igreja, por isso gostaria de que o senhor fizesse uma análise do mesmo.

 

Em 13.06.2007

Nilton Fontes

 

<ANEXO>

I Congresso Eucarístico Arquidiocesano

Eucaristia: Vida da Comunidade e Fonte da Missão

 

Grupo Temático 17

Eucaristia e Ecologia - Solidariedade com a criação

Orientador: Pe. Marcelo Santiago

 

 

1. Introdução

-         A Eucaristia tem uma dimensão ecológica e cosmológica

·        Não só contempla o homem e suas obras, mas a terra e os seres vivos.

·        No pão e no vinho não estão somente os frutos do trabalho humano, mas os dons da terra (a teia ecológica é infinita).

 

-         Há uma constante relação entre o humano e a natureza.

·        Entretanto, o ser humano exerce um papel de destaque, pois sua capacidade cognitiva (de pensar, planejar, intervir) e sua capacidade de fazer escolhas, coloca-o numa posição privilegiada frente aos demais elementos interativos.

·        Ele pode entrar na cadeia ecológica quer numa atitude participante/ humanizante, quer, numa atitude intervencionista/ depredadora.

 

-         Estamos perdendo o senso da experiência semita que entendia o ser humano como uma totalidade unitária, para soçobrar numa “visão fissurada” na qual a natureza é concebida como algo que cabe no nosso conhecimento, pode ser experimentado objetivamente, manipulado e utilizado tecnicamente (processo de desnaturação e de desumanização).

 

2. Questões emergentes

a)       Diversidade das culturas

·        Nossa cultura ocidental, diversa do oriente, nem sempre assim percebeu esta totalidade unitária

·        Liturgia ocidental – mais antropocêntrica (homem e mulher no centro da natureza) e pragmática sem dar tanto destaque à beleza do universo (cosmos).

·        Liturgia oriental – coloca o universo no centro e é mais atenta em valorizar os elementos da natureza.

 

b)      A falta de cuidado

-         Como tornar presente a riqueza cosmológica na Eucaristia se este “cosmos” está esquecido, alienado, maltratado? Se temos tratado a natureza como se fosse mero objeto, da qual se deve extrair proveito e lucros? (ambição desmedida).

 

A pobreza social é conseqüência de uma pobreza muito mais profunda: a pobreza espiritual.

 

-         Nossa realidade

·        O projeto de crescimento material ilimitado, mundialmente integrado, sacrifica 2/3 da humanidade, extenua recursos da terra e compromete o futuro das gerações vindouras;

·        A degradação crescente de nossa casa comum, a terra, denuncia nossa crise de adolescência. É preciso entramos na idade madura, sem isso não garantimos um futuro promissor;

·        Mais que o fim do mundo, estamos assistindo ao fim de um tipo de mundo (crise civilizacional generalizada/ novo paradigma de convivências).

 

-         Sintomas

·        Descuido e descaso pela vida inocente de crianças (trabalho escravo, extermínios, fome, aborto... );

·        Descuido e descaso manifesto pelo destino dos pobres e marginalizados da humanidade (exclusão social e miséria)

·        Descuido e descaso imenso pela sorte dos desempregados e aposentados (excluídos do processo de produção/ seguridade social);

·        Descuido e abandono dos sonhos de generosidade, agravados pela hegemonia do neoliberalismo com o individualismo e a exaltação da propriedade privada e menosprezo da solidariedade;

·        Descuido e abandono crescente da sociabilidade nas cidades (desenraizamento cultural/ medo/ violências);

·        Descuido e descaso pela coisa pública (políticas públicas insuficientes/ corrupção, interesses corporativistas ...);

·        Há um descuido e descaso na salvaguarda de nossa casa comum, a terra (devastação ecológica, agressão a vida).

 

3. Projeto de Deus

a)       Criação (Capítulos 1 e 2 de Gênesis)

-         Visão a partir do ordenamento do Criador: não é algo que está errado e que se deve corrigir. “Deus criou o universo... viu que tudo era bom e deu ao ser humano o poder de dominar os animais da terra”.

·        O que nos move à compreensão não é a imagem de caos, mas de um desenvolvimento harmônico e integral, a partir de uma “potencialidade aberta”

-         Descanso sabático é um “descanso” ativo, ligado à criação. Este olhar de contemplação de Deus, não é olhar de curioso, mas de cuidadoso.

·        Ele nos leva não a um panteísmo (tudo é Deus) mas a um panenteísmo = Deus está em tudo e tudo está em Deus

-         Missão: homem não é aquele que vem dominar, mas reger (jardineiro). Participação no senhorio de Deus (administrador)

 

b)      O que nos ensina Jesus?

·        Ensinou o Pai-Nosso, o pão nosso. Não posso chamar a Deus de “Pai” e de “nosso”, se quero que o pão seja só meu.

·        Combateu o acúmulo de riquezas (Mc 10,17-27)

·        Identificou-se com os pobres e excluídos (Mt 25, 31-46)

·        Partilhou e distribuiu os pães e os peixes (Lc 24, 28-35; Jo 21,4-14; Mc 6, 30-44)

 

4. Indicações para o caminho certo

a) Nova visão sobre os seres e as coisas

Como dizia Santo Agostinho: Deus nos ofertou dois livros: a Bíblia e a natureza. O primeiro permite compreender o caráter sagrado do segundo.

·        Se olhássemos a natureza como nossa casa (oikos, em grego, de onde deriva a palavra ecologia) ou extensão do corpo de Deus, com certeza teríamos uma atitude mais reverencial a esses bens criados para a nossa felicidade e não para a ganância de alguns.

·        Uma atitude de ternura para com a vida; de encantamento pela natureza e de compaixão pelos que sofrem, capaz de dar um salto de qualidade na direção de formas mais cooperativas de convivência.

 

b) Redescoberta da riqueza simbólica da Eucaristia, a partir dos elementos cosmológicos

-         Terra:

·        É sagrada: Moisés tira as sandálias ao experimentar a presença de Deus (Ex 3,5). Papa João Paulo II beijava a terra em cada lugar que chegava.

·        Altar da missa – recorda o “altar” do Calvário, fincado na terra e sobre ele colocamos os frutos da terra e flores, plantas, pão, vinho, etc.

 

-         Ar:

·        Deus soprou nas narinas de Adão, um sopro de vida e ele se tornou um ser vivente.

·        O sopro do Espírito envolve todo o ambiente durante nossas celebrações (ação misteriosa - ação de Deus)

 

-         Água:

·        Jesus, a fonte “pede de beber” à samaritana: “dá-me de beber”.  Descobrindo esta mesma fonte, ela também pede, “Senhor, dá-me desta água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 4-7,15)

·        Sem ela, morremos rapidamente, fomos gerados nela.

 

-         Fogo:

·        O fogo produz energia, vital para todos nós (aquece, purifica, ilumina)

·        A energia divina nos alimenta e nos dá a vida. A chama brilhante do círio pascal lembra o Cristo ressuscitado.

·        Na Bíblia, é sinal da presença e força de Deus (Espírito Santo)

 

c)       Perceber a Eucaristia como uma experiência de comunhão

-         Na Eucaristia, comungamos com Jesus, com os nossos semelhantes, com a natureza e com a criação divina.

-         Comungar com Jesus:

·        Todas as vezes que uma comunidade cristã reparte entre si o pão e o vinho consagrados, é o corpo e o sangue de Jesus que ele está compartilhando.

·        De fato, Ele se faz “alimento”. Comungamos sua presença viva – presença real, espiritual, sacramental: “isto é meu corpo... isto é meu sangue”

·        Comungar com Jesus é: atualizar seus gestos; reviver em nossas vidas o que Ele viveu; assumir os valores evangélicos; dispor-se a derramar o próprio sangue e a própria carne para que outros tenham vida.

 

Quem acumula riquezas, arrancando o pão da boca dos pobres; quem não se dispõe a dar a vida por aqueles que estão privados de acesso a ela, não deveria se sentir no direito de aproximar-se da mesa eucarística.

 

-         Comungar com os nossos semelhantes a partir de Jesus

·        Jesus quis perpetuar-se entre nós no que há de mais essencial à manutenção da vida humana: a comida e a bebida, o pão e o vinho.

·        Não se pode comungar com Jesus, sem comungar com os que foram criados à imagem e semelhança de Deus (Mt 25,31-44)

 

No Brasil, há 40 milhões de excluídos dos bens essenciais à vida. 350 mil crianças morrem de fome a cada ano no Brasil (quase uma criança por dia). A fome mata mais que a Aids.

 

-         Comungar com a natureza

·        Somos filhos da terra. Há um entrelaçamento de toda a criação

·        É impossível viver sem comida e bebida

·        A eucaristia simboliza o acesso de todos à comida e à bebida, aos bens da vida, irmanados em torno da mesma mesa e unidos sob as bênçãos de Deus, nosso Pai.

 

Todas as vezes que uma sociedade exclui desse acesso uma parcela de sua população, nega o dom do amor de Deus em Cristo, caminha na contramão da direção eucarística.

 

-         Comungar com a criação divina

·        No corpo de Jesus Cristo, todo universo encontra-se resumido

·        O corpo de Jesus Cristo é o ponto mais alto da criação

·        Não é só o nosso ser que será salvo. Toda a matéria que constitui o universo será resgatada pela salvação trazida por Jesus Cristo.

·        Comungar com a criação divina é contemplá-la com os olhos de quem vê, em todos as coisas, os sinais do criador.

 

A criação é, toda ela, sacramento divino, coroada pelo ser humano, imagem e semelhança de Deus.

 

5. Conclusão:

-         A Eucaristia exige:

·        Participação digna de todos à comida e bebida e aos bens da vida

·        Fraternidade em torno da mesma mesa

·        Unidade sob as bênçãos de Deus, nosso Pai

-         Toda luta por justiça, direitos humanos, maior igualdade social, defesa da natureza, possui em caráter eucarístico. Ao agirmos com descaso pela preservação do meio ambiente, damos as costas às gerações futuras que serão vítimas dos desequilíbrios causados hoje e agredimos o corpo místico de Cristo.

 

 

Uma oração para compreender a Eucaristia

 

 

Manda-me alguém

 

Senhor, quando tenho fome,

Manda-me alguém para alimentar.

Quando tenho sede,

Manda-me alguém para saciar.

Quando tenho frio,

Manda-me alguém para aquecer.

Quando tenho um desgosto,

Manda-me alguém para consolar.

Quando minha cruz se torna pesada,

Faze-me participar da cruz de um outro.

Quando sou pobre,

Conduze-me para algum necessitado.

Quando não tenho tempo,

Dá-me alguém para que eu possa ajudar.

Quando sou humilhado,

Faze-me que eu tenha alguém para louvar.

Quando estou desanimado,

Manda-me alguém para animar.

Quando preciso de compreensão dos outros,

Manda-me alguém que precise da minha.

Quando preciso que se ocupem de mim,

Manda-me alguém para ocupar-me dele.

Quando penso só para mim,

Atrai a minha atenção

 

 

 

Anápolis, 15 de junho de 2007

 

Ao senhor Nilton Fontes

 

Caríssimo senhor, não busque outro caminho a não ser o da cruz: “O sofrimento nesta vida constitui para o cristão perfeito purgatório. Puro deve ser o que quer entrar no céu. Sofrer, portanto, nesta vida é grande e extraordinária graça de Deus, porque o sofrimento purifica e prepara a alma para o céu” (Pe. João Batista Lehmann).

Esse sacerdote que escreveu tal matéria pode ser considerado o pai da Teologia da Libertação em Minas Gerais.

A Teologia da Libertação se assemelha ao ciclone, por onde passa, destrói a piedade e a fé. Ela não liberta, pelo contrário, escraviza.

Prezado senhor, não perca tempo lendo essas coisas vazias. Para crescer no amor a Jesus Sacramentado, faça leitura dos seguintes livros: Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora (Santo Afonso Maria de Ligório), Imitação de Cristo, Livro IV (Tomás de Kempis), A Divina Eucaristia, os 5 Volumes (São Pedro Julião Eymard), A Prática do Amor a Jesus Cristo, capítulo II (Santo Afonso Maria de Ligório), A Alma Eucarística (Frei Antônio Castellammare), São João 6, 48-58 e Catecismo da Igreja Católica, 1322-1419.

Leia atenciosamente esse trecho:

 

“Considera que és pó e que em pó te hás de converter. Virá o dia em que será preciso morrer e apodrecer num fosso, onde ficarás coberto de vermes. A todos, nobres e plebeus, príncipes ou vassalos, estará reservada a mesma sorte. Logo que a alma, com o último suspiro, sair do corpo, passará à eternidade, e o corpo se reduzirá a pó.

Imagina que estás em presença de uma pessoa que acaba de expirar. Contempla aquele cadáver, estendido ainda em seu leito mortuário: a cabeça inclinada sobre o peito; o cabelo em desalinho e banhado ainda em suores da morte, os olhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acinzentado, os lábios e a língua cor de chumbo; hirto e pesado o corpo. Treme e empalidece quem o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou amigo morto, mudaram de vida e abandonaram o mundo.

É ainda mais horrível o aspecto do cadáver quando começa a corromper-se. Nem um dia se passou após o falecimento daquele jovem, e já se percebe o mau cheiro. É preciso abrir as janelas e queimar incenso; é mister que prontamente levem o defunto à igreja ou ao cemitério, e o entreguem à terra para que não infeccione toda a casa. Mesmo que aquele corpo tenha pertencido a um nobre ou potentado, não servirá senão para que exale ainda fetidez mais insuportável, — disse um autor.

Vês o estado a que chegou aquele soberbo, aquele dissoluto! Ainda há pouco, via-se acolhido e cortejado pela sociedade; agora tornou-se o horror e o espanto de quem o contempla. Os parentes apressam-se a afastá-lo de casa e pagam aos coveiros para que o encerrem em um esquife e lhe dêem sepultura. Há bem poucos instantes ainda se apregoava a fama, o talento, a finura, a polidez e a graça desse homem; mas apenas está morto, nem sua lembrança se conserva.

Ao ouvir a notícia de sua morte, limitam-se uns a dizer que era homem honrado; outros, que deixou à família grande riqueza. Contristam-se alguns, porque a vida do falecido lhes era proveitosa; alegram-se outros, porque vão ficar de posse de tudo quanto tinha. Por fim, dentro em breve, já ninguém falará nele, e até seus parentes mais próximos não querem ouvir falar dele para não se lhes agravar a dor que sentem. Nas visitas de condolências, trata-se de outro assunto; e, quando alguém se atreve a mencionar o falecido, não falta um parente que advirta: Por caridade, não pronuncies mais o seu nome! Considera que assim como procedes por ocasião da morte de teus parentes e amigos, assim os outros agirão na tua. Os vivos entram no cenário do mundo para desempenhar seu papel e ocupar os lugares dos mortos; mas do apreço e da memória destes pouco ou nada cuidam.

A princípio, os parentes se afligem por alguns dias, mas se consolam depressa com a parte da herança que lhes couber e, talvez, parece que até a tua morte os regozija. Naquela mesma casa onde exalaste o último suspiro, e onde Jesus Cristo te julgou, passarão a celebrar-se, como dantes, banquetes e bailes, festas e jogos. E tua alma, onde estará então?” (Preparação para a Morte, Santo Afonso Maria de Ligório, Consideração I, Ponto I).

 

Senhor Nilton, não se esqueça de que tudo passa, por isso, viva sempre na Graça Santificante, porque a morte não avisa.

Eu te abençôo e te guardo no Sagrado Coração de Jesus, Abismo do Verdadeiro Amor.

Atenciosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

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