Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Informações: Dia: 02/11/2007 Hora: 02:05:26
Nome: Ricardo Ribeiro da Costa
Assunto: Agradecimento pelas Orações
e-mail: (excluímos) @yahoo.com.br
Telefone: (excluímos)
Cidade: Maringá
Estado: Paraná
Comentários: Gostaria de agradecer pelas orações. Entreguei minha monografia com a autorização da minha orientadora graças a DEUS. Quanto ao meu amigo ainda não falei com ele se conseguiu entregar a monografia. Em relação a visitas a Jesus Sacramentado apenas rezo um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória, não sei se existem orações recomendadas para esta visita a uma pessoa especial (Jesus Cristo). Para aproveitar este e-mail, gostaria que me ajudassem em duas dúvidas. A primeira é sobre orações recomendadas para visitas a Jesus Sacramentado e quais são as orações que devo fazer para adorar Jesus Sacramentado. A segunda dúvida é sobre como podemos definir amor. Sei que DEUS é amor. Sei que devemos amar DEUS acima de todas as coisas, amar o próximo como a nós mesmos e que devemos amar nossos inimigos. Sei que podemos amar ardentemente um filho, uma esposa, uma pessoa, mas nunca amar uma criatura mais do que devemos amar a DEUS. Somente tenho dúvida como posso definir amor. Fiquem com Jesus Cristo Nosso Senhor. Ricardo Ribeiro da Costa.

 

Anápolis, 08 de novembro de 2007

 

Ao senhor Ricardo Ribeiro da Costa

Maringá – Paraná

 

Caríssimo senhor, que Cristo Jesus esteja no seu coração: “A única coisa que te deve preocupar é conhecer a Jesus para amá-lo” (Santa Teresa dos Andes, Carta 141).

 

Quando o senhor for visitar a Nosso Senhor em alguma igreja, escolha uma dessas orações que está em nosso site: Orações a Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Significado da palavra amor:

 

ANTIGO TESTAMENTO. O termo hebraico ahab e seus cognatos são usados numa variedade de contextos que são quase os mesmos em que se emprega o termo “amor” nas outras línguas, principalmente as anglo-germânicas e as neo-latinas. Basicamente ele significa uma afeição voluntária, um apego voluntário. Ele é usado um tanto impropriamente, como aliás acontece no português e em outras línguas, para exprimir apego a objetos ou a abstrações, podendo estes ser um bem ou um mal. Com o sentido de apego entre pessoas, o termo é empregado com maior freqüência para designar o amor entre os sexos. Pode significar, outrossim, simplesmente a concupiscência sexual (Gn 34,3; Jz 16,4.15; 2 Sm 13,4.15; Is 57,8; Jr 2,25.33; Ez 16,33-37; 23,5.9.22; Os 2,7-15); este é provavelmente o sentido atribuído ao amor de Salomão às suas numerosas mulheres (I Rs 11,1). O termo, porém, novamente como acontece no português e em outras línguas, também indica o apego do homem à mulher num sentido mais nobre do que o sentido de mera concupiscência (Gn 24,67; 29,20; 1 Sm 1,5; Ecl 9,9). Salienta-se o aspecto emocional do amor sexual em Ct 1,7; 2,4s; 3,1; 4,10; 5,8; 7,7; 8,6s. A paixão ardente implícita no termo evidencia-se em trechos tais como Gn 29,20; Ct 8,6s, e a profundidade da afeição serena aparece em Ez 24,16. A antítese da mulher amada e odiada (Dt 21,15s) seria melhor traduzida por “mais amada” e “menos amada”. O termo é usado com menor freqüência para referir-se a outros tipos de afeição familiar, como a do pai para o filho (Gn 22,2; 25,28; 37,3s; 44,20) e a da mãe para o filho (Gn 25,28). Tais passagens, entretanto, representam um ponto de referência importante para se chegar ao verdadeiro sentido do termo, porque, em cada um dos contextos em que ele é empregado, significa um amor de preferência. Esta tonalidade latente nem sempre se encontra explícita; o amor de Rute a Noemi, sua sogra, manifesta-se através de sua dedicação e fidelidade ao último sobrevivente da família de seu marido (Rt 4,15). Também se diz das pessoas que estas são amadas quando, na realidade, se deveria dizer que elas gozam de popularidade; Davi é amado por Saul (l Sm 16,21), mas também pelos oficiais de Saul (1 Sm 18,22) e por todo Israel (1 Sm 18,16). O amor também é demonstrado por um escravo para com seu bondoso senhor (Ex 21,5; Dt 15,16), e ao israelita se ordena que ame o estrangeiro (cf. Lv 19,34; Dt 10,19); por conseguinte, pode haver um sentimento recíproco entre um superior e um subalterno. O amor assume igualmente a forma de amizade, e os amigos de uma pessoa em hebraico são chamados de amantes de tal pessoa (1 Sm 18,1; 20,17; 1 Rs 5,15; Sl 38,12; Jó 19,19; Jr 20,4.6). A intensidade de sentimento que poderia existir entre amigos acha-se refletida em 2 Sm 1,26; o amor de um amigo supera o amor das mulheres. Esta expressão não é atraente para os gostos modernos, mas ela não possui no hebraico a conotação desagradável que apresenta em outras línguas. O amor de amizade, como outras emoções, foi expresso no Antigo Testamento sem as restrições que estamos acostumados a impor-lhes. Ordena-se ao israelita que ame seu próximo (Lv 19,18); a identificação deste próximo encontra-se muito mais explicita e esclarecida no evangelho do que em qualquer texto do Antigo Testamento. O termo “próximo”, no uso comum, não significa outro israelita, mas antes os israelitas de quem a pessoa está “perto”, aqueles com quem se vive e lida habitualmente. Somente uma vez surge a palavra amor empregada com relação ao “eu” da pessoa (Pr 19,8); ai, poderíamos tentar uma paráfrase, dizendo que quem conquista a sabedoria aprende a cuidar bem de si mesmo.

Como conceito teológico, o amor se apresenta qual sentimento recíproco entre Iahweh e Is­rael. O conceito não pode ser chamado de antigo; ele não é encontrado antes de Oséias, que com toda a probabilidade deve ser considerado o primeiro a expressá-lo. Oséias dá-lhe forma na analogia do matrimônio de Iahweh com Israel. Um traço significativo nesta analogia é o de que a iniciativa no amor conjugal parte do homem e não da mulher; Iahweh é o primeiro a amar Israel, e o amor de Israel é uma resposta. O amor de Iahweh é o laço por meio do qual Iahweh atrai para si (Os 11,4). Oséias também fala do amor paterno de Iahweh por Israel (Os 11,1), e aí igualmente coloca a iniciativa em Iahweh. Oséias é o primeiro a falar do fim do amor de Iahweh por Israel (Os 9,15); o caráter violentamente apaixonado da concepção de Oséias a respeito do amor dá lugar à possibilidade de que este amor possa esfriar-se através de uma infidelidade flagrante e contínua. Trata-se de um apego voluntário e não natural, e a direção da vontade pode ser alterada.

Deuteronômio é o primeiro livro do Antigo Testamento a incorporar a idéia de amor de forma sistemática em seu pensamento, e continua sendo o livro do Antigo Testamento em que a concepção possui o lugar mais amplo. Contrastando com Oséias e com outros profetas que abordam a idéia, o conceito de amor no Deuteronômio apresenta-se frio e sem paixão. O amor de Iahweh por Israel é uma continuação do seu amor aos patriarcas (Dt 4,37; 7,8; 10,15). Geralmente a palavra amor no Deuteronômio vem combinada com a palavra escolha (ELEIÇÃO); o amor de Iahweh é um amor que prefere, e que representa a raiz de uma eleição. A idéia de amor e de eleição aparece também em Is 43,4; Ml l,2s; Sl 47,5; e em Sl 78,68; 87,2 ela é transferida como um todo de Israel para Judá e Jerusalém, a sede da dinastia de Davi. O amor de Iahweh por Israel ressurge em Deuteronômio (7,13; 23,6 +) e nos livros influenciados pela redação deuteronômica (1 Rs 10,9), e os termos de Deuteronômio são usados em 2 Cr 2,10; 9,8; Ne 13,26. Em Dt 7,13, o amor associa-se à bênção, que é um transbordamento do amor. Jr 31,3 segue mais a tradição de Oséias do que a do Deuteronômio; o amor de Iahweh é perene, eterno, podendo olhar tanto para o passado quanto para o futuro, e é um amor que atrai Israel. O amor de Iahweh raramente recai sobre indivíduos, e, neste caso, é quase sinônimo de eleição, como ocorre com Salomão considerado herdeiro (2 Sm 12,24) e com Ciro, que é chamado a conquistar nações e a libertar Israel (Is 48,14). Em alguns Salmos mais recentes o amor de Iahweh volta-se para virtudes como a retidão e a justiça (Sl 11,7; 33,5; 37,28; cf. Is 61,8) e para os retos (Sl 146,8).

Com exceção de Jz 5,31, que é possivelmente uma doxologia posterior acrescentada a um cântico primitivo, o amor de Israel por Iahweh é certamente criação do Deuteronômio. A palavra ocorre no decálogo (Ex 20,6; Dt 5,10), mas a fórmula do Êxodo pode ser devida à influência do Deuteronômio. O mandamento de amar Iahweh aparece freqüentemente no Deuteronômio (6,5; 10,12; 11,1.13.22; 13,4; 19,9; 30,6.16.20) e em Js 22,5; 23,11 por influência da redação deuteronômica. A linguagem do Deuteronômio pretende representar o amor dado a Iahweh como um autêntico sentimento e não como simples convicção; Israel deve amar Iahweh com todo o seu coração, com todo o seu ser, e com toda a sua força. A principal obra de amor a Iahweh consiste na observância de seus mandamentos; na verdade, a súmula da mensagem do Deuteronômio reside no fato de que Israel deve retribuir o amor de eleição de Iahweh observando as leis que o livro transmite (Dt 5,10; 7,9). A combinação do amor com a observância aparece também em livros posteriores (Dn 9,4; Ne 1,5), bem como a idéia de amor pura e simplesmente (Sl 145,20). Jr 2,2 encontra-se novamente na tradição de Oséias; o amor jovem de Israel a Iahweh fez parte de sua história no deserto, como o amor de uma esposa a seu esposo. Não se diz que uma pessoa individualmente ama Iahweh, exceto Salomão (1 Rs 3,3). Na literatura posterior, a reverência para com a realidade divina leva ao uso do nome de Iahweh (Sl 5,12; 69,37; Is 56,6) ou da salvação de Iahweh (Sl 40,17; 70,5) para substituir o próprio Iahweh, como objeto de amor. Em tal contexto de excessiva reverência, dificilmente poder-se-ia esperar que a idéia do amor de Iahweh pudesse crescer.

 

NOVO TESTAMENTO. O grego usa o termo eros, philia e ágape e seus cognatos para designar o amor. Eros significa a paixão de desejo sexual e não aparece no Novo Testamento. Philein e philia designam primordialmente o amor de amizade. Ágape e agapan, menos freqüentes no grego profano, possivelmente por esta razão foram escolhidas para designar a idéia cristã única e original do amor no Novo Testamento. Também em vernáculo, a palavra “caridade” é usada para mostrar o caráter único deste amor, e é empregada na maioria das versões da Bíblia para traduzir ágape e agapan.

 

I. Evangelhos sinóticos. O amor a Deus e ao próximo é chamado o maior mandamento da lei por Jesus, que cita Dt 6,5 e Lv 19,18 (Mt 22,34-40; Mc 12,28-34; Lc 10,25-28). Os dois mandamentos são colocados em plano igual; e é justamente nisto que consiste a revolução cristã da caridade. Somente Lucas, porém, relata a pergunta final: “Quem é o próximo?”; Jesus respondeu com a parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37). A hostilidade entre judeus e samaritanos era profunda, e com esta parábola Jesus identificou o próximo com o grupo de quem os judeus se achavam mais afastados. A parábola é uma explicação profundamente pitoresca do amor dedicado aos inimigos (Mt 5,43-48; Lc 6,27s.32-36). Aí Jesus apresenta a atitude de Deus em relação aos homens como o modelo da atitude do cristão em face dos que o odeiam. O amor ao próximo é uma atitude geral e regular que o cristão deve assumir, e não depende do comportamento do próximo, como deste não depende igualmente o curso da natureza, que Deus mantém tanto para pecadores quanto para justos. Nisso o amor cristão deve mostrar-se diferente da moralidade pagã; ninguém questiona o dever de amar os próprios amigos, mas Jesus pede mais do que isso.

Em Lc 7,36-50, Jesus apresenta o crescimento no amor de Deus como o resultado da gratidão pelo perdão dos pecados, o que implica no fato de que o autêntico amor a Deus só pode surgir do reconhecimento do próprio pecado, e de que a auto justiça, semelhante à dos fariseus, é incompatível com o amor. Lc 7,47 constitui uma oração condensada no grego, cuja tradução em diversas línguas foge à verdadeira exatidão do texto. A expressão significa, de acordo com o contexto anterior e seguinte: “Seus numerosos pecados lhe são perdoados, porque ela demonstrou muito amor”, isto é, seu extraordinário grau de amor evidencia o quanto está ela consciente do grande perdão que recebeu. Quem não tem esta consciência bem viva não pode demonstrar amor.

O amor a Deus é possessivo, e não se pode ter dois senhores (Mt 6,24; Lc 16,13). Neste trecho, o sentido de “preferência” em agapan surge nitidamente. A antítese amor-ódio em hebraico e aramaico não possui absolutamente a mesma força que tem no vernáculo e em outras línguas modernas.

O amor de Jesus e do Pai aparece nos evangelhos sinóticos apenas na designação de Jesus como o Filho muito amado (Mt 3,17; 12,18; 17,5; Mc 1,11; 9,7; 12,6; Lc 3.22; 9,35; 20,13). O original semita desta frase significa “filho único”, mas a paráfrase grega é exata; o filho único era, logicamente, o filho amado. Este relacionamento é desenvolvido de modo mais amplo e pleno em João e Paulo.

Jesus usa os termos phileln para a atitude de seus discípulos para com ele, pedindo-lhes mais amor do que o amor que se dedica aos pais e aos filhos (Mt 10,37). A palavra agapan descreve o sentimento de Jesus diante do jovem que lhe perguntou o que devia fazer para tornar-se perfeito (Mc 10,21) e o amor do centurião de Cafarnaum pelo povo judeu (Lc 7,5).

 

II. Os escritos paulinos. Ágape e agapan nos escritos paulinos referem-se ao amor de Deus e de Cristo ao homem, ao amor do homem a Deus e a Cristo, e ao amor recíproco dos homens entre si. O amor de Deus é “derramado” no coração dos homens pelo Espírito Santo, que é um sinal e um efeito do amor de Deus (Rm 5,5). Pelo amor, o Pai predestina o cristão (Ef 1,4) e é levado a dar a vida ao cristão (Ef 2,4). A prova do amor de Deus ao homem é a morte de Cristo para livrar o homem do pecado (Rm 5,8). Não há força que possa separar o cristão deste amor eterno, que lhe garante a vitória (Rm 8,35-39); Deus que ama o cristão e dá-lhe estimulo e esperança (2Ts 2,16). O amor de Cristo aos homens fica demonstrado pela sua entrega em favor e em resgate do homem pecador (Gl 2,20; Ef 5,2.25). O amor que Cristo mostra à sua Igreja constitui o modelo do amor que o esposo deve dedicar à sua esposa (Ef 5,25); aí aparece o tema do amor do Antigo Testamento tal como Oséias e Jeremias o concebiam.

Quando Paulo fala do amor do homem a Deus é geralmente para anunciar as bênçãos que o homem recebe como fruto deste amor. O amor a Deus é algo para que o próprio Deus dirige o coração do cristão (2 Ts 3,5). Tudo contribui para o bem dos que amam a Deus (Rm 8,28), e o cristão deveria regozijar-se e estimular-se com o pensamento do que Deus prepara para aqueles que o amam (1 Cor 2,9). Os que amam a Deus recebem dele aprovação (1 Cor 8,3). O amor de Paulo a Cristo impele-o às tarefas apostólicas (2 Cor 5,14).

As exortações à caridade recíproca são numerosas e constituem uma parte modelar das exortações de Paulo em favor de uma vida autenticamente cristã e da prática da virtude. Paulo reafirma com suas próprias palavras o ensinamento dos evangelhos sinóticos: quem ama o próximo cumpre toda a lei, porque este mandamento resume os outros mandamentos (Rm 13,8-10; Gl 5,13s). O amor deve surgir de maneira excelente entre marido e mulher, que devem amar um ao outro como Cristo e a Igreja se amam (Ef 5,25-33). O amor procede de modo conveniente e adequado a fim de não ferir o irmão com o escândalo (Rm 14,15), e dando esmola aos que necessitam (2 Cor 8,7ss). O amor também recebe o pecador arrependido (2 Cor 2,8). A concepção paulina do ágape fraterno, na verdade, parece não deixar lugar para os que não são cristãos, e, em certo sentido, ele não existe na realidade; a união dos corações e a troca de deveres de amor que uma comunidade possibilita não pode ser comunicada aos que não são membros da comunidade. Paulo não exclui, porém, os que não são cristãos do raio de ação da bondade dos cristãos; ágape, entretanto, se torna em Paulo quase um sinônimo da Igreja, da qual é preciso ser membro para participar da plenitude do ágape. Paulo freqüentemente se dirige aos membros da Igreja chamando-os de “amados”, termo que designa predominantemente a afeição que Paulo lhes dedica e que eles têm uns pêlos outros. Ágape como relacionamento mútuo só pode existir entre cristãos.

O uso mais importante e freqüente do termo ágape nos escritos paulinos emprega o termo sozinho, sem nenhum complemento explicitamente mencionado, de modo tal que às vezes se torna impossível afirmar que o termo se refere formalmente ao amor de Deus ou ao amor mútuo dos cristãos. Este emprego é particularmente freqüente nas epístolas pastorais e em outras epistolas que são paulinas mais por influência e espírito do que por suas origens literárias. Ágape, assim, transforma-se numa espécie de atmosfera em que Deus e os cristãos vivem juntos; comunicado por Deus, é o ágape que permite a formação da comunidade cristã e a existência do cristão individual. O amor constrói o cristão (1 Cor 8,1). O cristão está enraizado e fundamentado no amor (Ef 3,17), e o amor é o guia de sua conduta (Ef 5,2). Ele é o vínculo que une todas as virtudes (Cl 3,14), e é a atividade da fé (Gl 5,6). Ele inspira o cristão para o trabalho (1 Ts 1,3), e o cristão cresce no amor pela fidelidade à verdade (Ef 4,15s). Ágape, neste sentido absoluto, é elogiado no hino de l Cor 13,1-13. É o carisma mais excelente, superior ao dom das línguas, ao conhecimento, à taumaturgia, e ao martírio (1-4), que não têm valor algum sem ele. Ele manifesta todas as virtudes (4-7). Diversamente de outros carismata e virtudes, ele permanece; mesmo a fé e a esperança cederão lugar à realidade final, mas o cristão permanecerá eternamente em ágape (8-13).

 

III. Os escritos joaninos. Em João, ágape é apresentado como três termos de uma relação mútua: o Pai, o Filho e os discípulos. O amor do Pai aos discípulos leva-o a adotar estes discípulos como seus filhos (1 Jo 3,1). Jesus ama seus discípulos até o fim (Jo 13,1) e dá por eles a vida (1 Jo 3,16); é esta a maior prova de amor (Jo 15,13). Deus é ágape (l Jo 4,8-16); sem ágape não se pode conhecer a Deus.

O amor de Deus e de Cristo pelo homem requer uma resposta. Os judeus são censurados porque não amam a Deus (Jo 5,42). Este amor não consiste em mera profissão de amor, mas deve ser demonstrado através de fatos ou obras autênticos (1 Jo 3,18). A principal obra de amor consiste em guardar a palavra de Deus e os mandamentos de Jesus (Jo 14,15.21.23; 15,10; 1 Jo 2,5; 5,3). Quem ama o mundo não ama a Deus (1 Jo 2,15s). Não ama a Deus quem priva dos bens que possui o irmão que vê em necessidade (1 Jo 3,17). Quem ama a Jesus regozija-se com a sua volta ao Pai, porque esta significa o cumprimento pleno de sua missão e a sua glorificação (Jo 14,28).

O primeiro mandamento, o mandamento de Jesus, consiste no seguinte: os discípulos devem amar-se uns aos outros (Jo 13,24s; 15,17). Devem amar-se uns aos outros com o mesmo amor total e desinteressado com que Jesus os amou (Jo 15,12s). A força peculiar da concepção de João a respeito do amor mútuo repousa em sua apresentação do amor como uma realidade comunicada pelo Pai, mediante o Filho, a todos os discípulos, que compartilham tal amor entre si, amando-se mutuamente. Jesus ama os discípulos com o amor que o Pai tem por ele (Jo 15,9). O Pai ama o Filho e põe todas as coisas à disposição dele (Jo 3,35); o Pai ama o Filho porque o Filho dá a sua vida (Jo 10,17). Quem ama Jesus é amado pelo Pai, e a ele Jesus, o Filho, se revelará, e o Pai e o Filho estabelecerão sua morada em quem ama Jesus e guarda sua palavra (Jo 14,21.23). O Filho mostra seu amor ao Pai pela sua obediência (Jo 14,31). A unidade dos discípulos é selada pelo amor que o Pai lhes dedica, o mesmo amor com que ele ama o Filho; através deste amor o Pai e o Filho permanecem e habitam nos discípulos (Jo 17,23.26). O princípio unificante do amor que tem origem em Deus e que é difundido através da Igreja constitui o tema do grande discurso de 1 Jo 4,7-21. Deus é amor e por causa do amor envia seu Filho para comunicar a vida. O amor de Deus não consiste em amar o Filho, mas em ser amado por este; Deus tem a iniciativa, o homem responde e corresponde. Deus permanece presente no seio da comunidade mediante o amor mútuo que existe entre seus membros. Da mesma forma, ele permanece no cristão individualmente mediante o ágape deste cristão. Quando o amor é perfeito, não há mais lugar para o medo; a hostilidade potencial que o medo implica é aniquilada pelo perfeito amor, que une totalmente. A perfeição do amor do cristão a Deus comprova-se pelo amor que ele dedica ao irmão.

Diversamente do que ocorre nos outros escritos do Novo Testamento, João nem sempre estabelece distinção entre agapan e philein. Philein é usado quando se trata do amor de amizade: é o seu uso normal; Jesus amava Lázaro, Marta e Maria (Jo 11,3.36). Mas o amor de Jesus ao “discípulo amado” é expresso por agapan (Jo 13,23; 19,26; 21,7.20). Philein é usado para designar o amor recíproco entre o Pai e o Filho (Jo 5,20), que em outros passos é expresso por ágape e agapan, e o amor do Pai aos discípulos e dos discípulos a Jesus (Jo 16,27). Tais trechos sugerem ser improvável que se deva encontrar alguma importância especial no emprego variável dos dois termos na tríplice pergunta de Jesus e na tríplice resposta de Pedro em Jo 21,15-17. Nas duas primeiras perguntas usa-se agapan, na terceira philein; philein é empregado em cada uma das três respostas de Pedro.

 

IV. Os outros escritos do Novo Testamento. Os outros escritos do Novo Testamento não mostram nenhum traço diferente em sua concepção de ágape. A maioria dos exemplos apresenta a concepção paulina de ágape como algo de absoluto e exclusivo, e a concepção joanina do amor expressa em ágape como uma força mútua, unificante e totalmente abrangente. Jd 12 constitui o único exemplo encontrado no Novo Testamento do uso de ágape para designar o rito eucarístico, uso que se tornou mais comum na literatura cristã do período pós-apostólico.

 

Eu te abençôo e te guardo no Sagrado Coração de Jesus.

 

Atenciosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

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