Nº 1 —

 

PREPARAÇÃO PARA O SANTO NATAL

 

1. Endireitar a via má: tirar o pecado.

 

Em vossa casa, nestes dias, tudo se torna nítido e perfumado: as paredes são pintadas, o pavimento é varrido, toda teia de aranha é tirada. Até mesmo a cozinha da pessoa mais pobre é adornada com algum ramo de flores naturais, e com algum fruto colorido.

Por entre tanto brilho, somente a vossa alma permanecerá negra e suja de pecado? Entre tanto perfume, só a vossa alma, morta para a graça, exalará um fétido cadavérico? Não católicos: inutilmente vos atarefais a limpar e a embelezar a vossa morada, quando não vos preocupais em limpar e embelezar a vossa consciência!

Em vossa casa nestes dias há muita abundância e um luxo discreto: cada um se proporciona roupas novas ou ao menos bem limpas; adquirem-se carnes e comidas deliciosas, prepara-se um vinho mais velho e mais generoso, compram-se doces não costumados. Mas, dizei, de que vale tudo isto quando a alma, que de nós é a parte mais preciosa, morre de fome e se desespera pela sede?

Ó pecadores, não sentis dentro de vós, vossa alma chorar longamente e soluçar lastimavelmente porque tem fome e tem sede do seu Deus, e vós lho negais cruelmente, e lho negais, mesmo nestes dias de festa, quando nada recusais ao vosso corpo? Não, católicos: não sejais maus com vossa alma, que é tão preciosa e imortal.

Não, católicos, não resistais mais ao amor de Deus: confessai-vos. Sem a Santa Confissão é impossível sentir a verdadeira alegria e paz.

É dura a luta corpo a corpo com o demônio e com as paixões, mas, depois de vencerdes, lá onde havia o pecado achareis o mel; e sentireis como é suave a vida quando se está na graça de Deus!

 

2. Deixar a via escabrosa: purificar-se da tibieza.

 

Que são esses pequenos ódios que nutris contra o vosso vizinho. Essa soberba com os de vossa casa, essa antipatia entre cunhados e cunhados, entre parentes e parentes, que é isso? É uma pedra aguda no caminho do vosso coração, a qual espetará os pés do Menino Celeste quando Ele vier.

Ora pois, tirai-a fora generosamente. Que importa se a razão é dos outros, que importa se caberá a nós humilhar-nos, que importa se perdermos do nosso, quando o senhor entra de bom grado em nós e nos cumula de graças eternas, que valem milhares de vezes mais do que essas bagatelas que por seu amor sacrificamos?

Que são esses descuidos nas obras de piedade, essa omissão fácil do Santo Rosário ou do terço, esse viver dias inteiros sem pensar em Deus e sem fazer uma comunhão espiritual? Tudo isso são indícios de que o nosso coração está mais apegado ao mundo do que a Deus. E preciso liquidar com os maus apegos.

Ó católicos, quando no Santo Natal Jesus vier ao nosso coração, que não esteja de olhos tristes, que não esteja sem sorriso! Que não ache dentro de nós pensamentos e afetos, inúteis e perigosos, para com as coisas e para com as pessoas deste mundo! Até mesmo um só pecado venial poderia causar-lhe tanto desprazer!

Eu viria a muitos corações, mas não me querem, não me desejam! (Jesus a Santa Teresa d’Ávila).

Para quem vive no pecado mortal não existe Natal.

 

Pe. Divino Antônio Lopes, FP.

Anápolis, 30 de novembro de 1995

 

 

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