SEGUE-ME

(Mt 9, 9)

 

 

"Indo adiante, viu Jesus um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: 'Segue-me'. Este, levantando-o, o seguiu".

 

 

Jesus Cristo mostrou grande simpatia pela cidade de Cafarnaum, tanto que os Evangelhos a chamam de "sua cidade". Aí, o Divino Mestre doutrinou frequentemente e realizou muitos milagres. Numa destas ocasiões, em que Jesus tinha pregado na praia de Cafarnaum, passou diante de Mateus, olhou-o e lhe disse: "Segue-me!" Levi, assim se chamava Mateus antes da conversão, levantou-se imediatamente, abandonou o rendoso negócio, mudou de nome e de vida.

É de se supor que tal decisão não tenha sido o fruto de um entusiasmo improvisado, mas que tenha tomado esta resolução devido ao que vira e ouvira sobre Jesus Cristo, de modo que o convite positivo do Divino Mestre lhe tenha posto fim às últimas dúvidas sobre a orientação de sua vida futura: "Levi se converteu porque aquele que o chamou pela palavra lhe tocou o coração pela graça divina" (São Beda, Venerável).

Edições Theologica comenta: "Telônio': Posto público para o pagamento de tributos.

Este Mateus, a quem Jesus chama, é o apóstolo do mesmo nome e autor humano do primeiro Evangelho. É o mesmo que em Mc 2, 14 e em Lc 5, 27 é chamado Levi ou de Alfeu, ou simplesmente Levi.

Deus é quem chama. Para seguir Jesus de modo permanente não basta a própria determinação do homem, mas requer-se, absolutamente, o chamamento individual por parte do Senhor; isto é, a graça da vocação (cfr Mt 4, 19-21; Mc 1, 17-20; Jo 1, 39; etc.). Esse chamamento implica a prévia escolha divina. Por outras palavras, não é o homem quem toma a iniciativa; pelo contrário, é Jesus quem chama primeiro e o homem corresponde a esse chamamento com a sua livre decisão pessoal: 'Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi' (Jo 15, 16)".

Deve pôr-se em relevo a prontidão com que Mateus "segue" o chamamento de Jesus Cristo.

Diante da voz de Deus pode entrar na alma a tentação de responder: "Amanhã, ainda não estou preparado". No fundo esta e outras razões não são mais que egoísmo e medo, além de que o medo pode ser um sintoma do chamamento. Amanhã corre-se o risco de ser demasiado tarde.

Como o dos outros apóstolos, o chamamento de São Mateus dá-se no meio das circunstâncias normais da sua vida.

São Mateus não pediu para Cristo Jesus dar-lhe um tempo para pensar, mas O seguiu imediatamente; deixou tudo para seguir a Nosso Senhor.

Hoje, infelizmente, milhares de jovens dizem não a Cristo Jesus, mas, os mesmos, estão prontos a deixar tudo: pais, estudos, amizades... para ganhar dinheiro em outro país. Quanta loucura!

Dizem não a Deus, mas escancaram o coração para o mundo, estragando a saúde com drogas, bebedeiras, cigarros e noitadas.

Dizem não a Deus, mas seguem a Satanás cometendo os mais horríveis pecados contra a castidade.

Dizem não a Deus, mas se entregam de corpo e alma ao carnaval e bailes.

Dizem não a Deus, mas fazem todos os esforços possíveis para conquistar os falsos aplausos do mundo.

Dizem não a Deus, mas ficam horas e horas dentro de casa vivendo na moleza, perdendo tempo diante da televisão.

Infelizes e loucos! O que dirão a Cristo Jesus no dia do Julgamento? Será que esses ingratos pensam no encontro que terão com Cristo após a morte?

Para esses preguiçosos e ingratos escreve Santa Teresa dos Andes: "Teu coração deseja amar e com loucura. Não achas que um homem é demasiado pequeno e miserável para ser digno de um tal amor?" (Carta 121), e: "Quando a vida de família, as comodidades do mundo se apresentarem a ti, quando todas as pessoas insistirem afirmando que tu vais enterrar tua vida e tão jovenzinha, quando te disseram que espere um pouco mais, que examines se tens verdadeira vocação conhecendo o mundo, etc., se existe em tua alma amor, nada te deterá. Jesus te espera. Vem logo perder-se entre seus braços divinos. Ele te fará divina compenetrando-se contigo" (Carta 130), e também: "Que favor maior que o da vocação? E depois de tanto amor de Deus para com uma criatura miserável, vou ficar em minha casa, no meio de todos os que amo e das comodidades? Por um homem renuncia-se a tudo, e por Deus nada é aceito?" (Carta 81), e ainda: "Minha resolução está tomada. Embora se apresente o partido mais vantajoso, repeli-lo-ei. Quem é que pode comparar-se com Deus? Embora do coração mane sangue, é preciso seguir a voz de Deus, é preciso abandonar aqueles seres a quem a alma se acha intimamente ligada para ir morar com o Deus de amor, que sabe recompensar o mais leve sacrifício. Com quanto maior razão premiará os grandes?" (Carta 73), e: "Nosso Senhor nada de seu reservou para Si ao amar-me no madeiro da cruz. E eu hei de entregar-me com meias medidas? Acharias generoso de minha parte reservar-me àqueles a quem estou mais ligada? O que ofereceria então? Não. O amor que lhe tenho... está acima de todo o criado, e ainda pisoteando meu próprio coração, despedaçado pela dor, não deixarei de dizer-lhes adeus, porque o amo com loucura" (Carta 81).

É terrível ingratidão dizer não a Cristo que morreu na cruz para salvar-nos, e dizer sim ao mundo inimigo de nossa alma imortal.                 

Quem é chamado por Deus para segui-Lo e não corresponde ao chamado, dificilmente se salvará: "... os que são chamados e não obedecem a Deus, poderiam, sim, salvar-se, mas dificilmente se salvarão. Isto porque lhes faltarão aqueles auxílios especiais que o Senhor lhes tinha preparado na vocação religiosa. Sem esses auxílios não conseguirão salvar-se" (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, cap. XI), e: "Quem não obedece à vocação de Deus, fica na Igreja como um membro fora do seu lugar. Dificilmente poderá cumprir sua missão e, portanto, alcançar a salvação: 'Não poderá, sem grandes dificuldades, cuidar da sua salvação... Ainda que absolutamente possa se salvar, contudo, dificilmente tomará o caminho do céu e usará dos meios da salvação" (Lud. Habert, Theologia dogmática et moralis, De sacramento Ordinis, pars 3, c. 1, g2).

Se o Senhor nos chama para segui-Lo, não deixemos para amanhã, mas O sigamos imediatamente sem nos preocuparmos com os obstáculos: "Desde os começos da Sua pregação messiânica, Jesus mal permanece num mesmo lugar; vai sempre a caminho, passando. 'Não tem onde reclinar a cabeça' (Mt 8, 20). Quem quiser estar com Ele tem de 'O seguir'. A expressão 'seguir Jesus' adquire no Novo Testamento um alcance preciso: seguir Jesus é ser Seu discípulo (cfr Mt 19, 28). Ocasionalmente as multidões 'seguem-nO'. Mas os verdadeiros discípulos são 'os que O seguem' de modo permanente, sempre; de tal modo que existe uma equivalência entre 'ser discípulos de Jesus' e 'segui-Lo'. Depois da Ascensão do Senhor, 'segui-Lo' identifica-se com ser cristão (cfr At 8, 26). Pelo fato simples e sublime do nosso Batismo, todo o cristão é chamado, como vocação divina, a ser plenamente discípulo do Senhor com todas as suas consequências.

O seguimento de Cristo, com efeito, leva consigo uma disponibilidade rendida, uma entrega imediata do que Jesus pede, porque essa chamada é um seguir Cristo ao ritmo do Seu próprio passo, que não admite ficar para trás: Jesus ou se segue ou se perde" (Edições Theologica).

Sigamos prontamente a Cristo Jesus, deixando a preguiça e o comodismo de lado.

Sigamos ao Senhor que morreu na cruz para nos salvar.

Sigamos a Nosso Senhor pelo caminho estreito, porque é esse o caminho do céu.

Sigamos a Jesus Cristo com os olhos fixos no prêmio eterno: "Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa ou por causa do Evangelho, que não receba cem vezes mais desde agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna" (Mc 10, 29-30).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 09 de abril de 2008

 

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Segue-me"

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0126.htm