EU TE LOUVO, Ó PAI

(Mt 11, 25-30)

 

 

"25 Por esse tempo, pôs-se Jesus a dizer: 'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, 30 pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".

 

 

 

Em Mt 11, 25-26 diz: "Por esse tempo, pôs-se Jesus a dizer: 'Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado".

 

Edições Theologica comenta: "Os prudentes e os sábios deste mundo, isto é, os que confiam na sua própria sabedoria, não podem aceitar a revelação que Cristo nos trouxe. A visão sobrenatural vai sempre unida à humildade. O que se considera pouca coisa diante de Deus, o humilde, vê; o que está contente com o seu próprio valor não percebe o sobrenatural".

Santo Agostinho escreve: "Se Cristo, que está muito distante de todo pecado disse: 'Eu confesso', a confissão consequentemente não é só do que peca, mas, alguma vez também do que louva. Confessamos, pois, já louvando a Deus, já acusando-nos a nós mesmos. Logo, quando digo: 'Eu te confesso', quis dizer, eu te louvo e não, eu me acuso" (Sermones, 67, 1), e: "O nome de sábios e prudentes, se entende os soberbos, segundo manifesta o Senhor com as palavras: 'Revelaste estas coisas aos pequeninos'. E quem são os pequeninos, senão os humildes?" (Idem., Sermones, 67, 8), e também: "E não acrescenta: Revelaste estas coisas aos estúpidos, mas aos pequeninos, em cuja exclusão dá a entender que não condenou a perspicácia do espírito, mas o orgulho" (São Gregório Magno, Moralia, 27), e ainda:  "Ao dizer 'aos sábios', não se refere à verdadeira sabedoria, mas àquela que pretendiam ter os escribas e os fariseus. E por isso não disse: 'Revelaste estas coisas aos estúpidos', mas aos pequeninos, isto é, aos simples e rústicos. E nisto nos ensina o cuidado que devemos ter de fugir do orgulho e de amar a humildade" (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, 38, 1), e:  "Estão ocultos aos  sábios os segredos e as virtudes da Palavra de Deus e para os pequeninos estão abertos: aos que são pequenos em malícia, mas não em inteligência; aos que são sábios aos olhos da presunção, mas não aos da prudência" (Santo Hilário, In Matthaeum, 11), e também: "Devemos alegrar-nos de ter feita a revelação a estes e devemos lamentar por ter ocultado àqueles" (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 38, 1), e ainda: "O Senhor confirma, segundo o juízo da vontade do Pai, a retidão da ação de que todos aqueles que não quiseram fazer-se pequenos diante de Deus, permaneçam estúpidos em sua própria sabedoria. Assim disse: 'Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado" (Santo Hilário, In Matthaeum, 11), e: "Estas palavras nos dão uma lição de humildade, a fim de que não tentemos discutir os juízos divinos sobre a vocação de uns e a desaprovação de outros, manifestando-nos ao mesmo tempo em que não pode haver injustiça naquele a quem tanto agrada o justo" (São Gregório Magno, Moralia, 25), e também: "Também nestas palavras disse o Senhor com muita ternura a seu Pai, que culmina a obra começada nos Apóstolos" (São Jerônimo), e ainda:  "Tudo o que o Senhor disse aos Apóstolos nesta passagem, tem por objetivo fazê-los mais prudentes, porque era natural que tivessem um conceito elevado de si mesmos, aqueles que expulsavam os demônios. Daqui o reprimir esse conceito, porque o que havia feito em seu favor não era resultado de seu zelo, mas da revelação divina. Por isso, os escribas e os fariseus, tendo-se por sábios e prudentes, caíram por causa do orgulho" (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 38, 1-2).

Esse trecho do Evangelho de São Mateus, permite lançar um olhar sobre o mistério pessoal de Cristo, sobre suas íntimas relações com o Pai: "O que mais impressiona é que esta revelação sublime é reservada aos simples, isto é, aos pequenos, aos humildes, aos desprezados pelos sábios do mundo; sábios que são decididamente excluídos. 'Bendigo-vos, ó Pai, Senhor do céu e da terra, por terdes escondido isto aos sábios e doutos, e o terdes revelado aos pequeninos' (Mt 11, 25). Nega-se Deus aos doutos ensoberbecidos pela própria ciência, convencidos de tudo saber, e se revela aos simples que se abrem a ele, com espontaneidade de criança, conscientes da própria ignorância. São estes os admitidos àquele conhecimento altíssimo entre Jesus e o Pai celeste e que Deus pode comunicar ao homem" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

 

Em Mt 11, 27 diz: "Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar".

 

Santo Hilário escreve: "Ou também: se expressou dessa maneira, para que ninguém julgasse que no Pai havia coisas que não havia no Filho" (In Matthaeum, 11), e: "Quando disse que ninguém conhece o Pai, senão o Filho, não quer dizer que todos o desconhecem completamente, mas que ninguém tem o conhecimento que o Filho tem do Pai. O mesmo deve entender com relação ao Filho. Porque não fala aqui de um Deus desconhecido, como dizia Marcião" (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 38,2), e também: "Finalmente, como a natureza divina é inseparável, basta algumas vezes mencionar ou as duas pessoas ou o Filho só, ou só o Pai, não separando-se por isto o Espírito dos dois, Espírito, que com toda propriedade é chamado Espírito de verdade" (Santo Agostinho, De Trinitate, 1, 8), e ainda: "Nos ensina o mesmo Salvador, que a substância do Pai e do Filho está contida no conhecimento mútuo de um e do outro. De maneira que, quem conhece o Filho, conhece também, no Filho, o Pai, posto que este entregou ao Filho todas as coisas" (Santo Hilário, In Matthaeum, 11), e: "Envergonhe-se o herege Eunômio de expressar sua idéia do Pai e do Filho, dizendo que o Pai gerou o Filho e o Filho, o Pai. Porque, se ele tomou por base de semelhante insensatez as palavras: 'E a quem o Filho o quiser revelar', o contestaríamos: uma coisa é conhecer por igualdade de natureza e outra por graça de revelação" (São Jerônimo), e também:  "O Pai é revelado por seu Filho, isto é, por seu Verbo. Pois assim como as palavras que proferimos nos revelam de um modo temporal e transitório a nós mesmos e aquilo de que falamos, quanto mais a Palavra de Deus pela que se fizeram todas as coisas! Esta Palavra nos diz o que é o Pai, no conceito de Pai e assim mesmo que é o que é o Pai" (Santo Agostinho, De Trinitate, 7, 3), e ainda: "Em seguida nos demonstra, que no conhecimento do Pai e do Filho, não há no Filho coisa distinta e que seja completamente desconhecida do Pai: 'E ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho" (Santo Hilário, In Matthaeum, 12), e: "Quando disse: 'Ninguém conhece o Filho, senão o Pai', não disse: e a quem o Pai quiser revelar. Porém isto não quer dizer que o Filho não pode ser conhecido mais que só pelo Pai. O Pai pode ser conhecido, não só pelo Filho, mas por todos aqueles a quem o revelar o Filho. Assim dizemos, que por revelação do Filho conhecemos ao Pai e ao Filho, porque o Filho é a luz de nossa inteligência. E no que segue: 'E a quem o Filho o quiser revelar' compreendemos não só o Pai, mas também o Filho, porque estas palavras estão relacionadas com as anteriores. Porque é manifestado o Pai por seu Verbo e o Verbo, não só revela o que O manifesta, mas também se revela a si mesmo" (Santo Agostinho, Quaestiones Evangeliorum, 2, 1).

Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar: "Nestas palavras solenes, Jesus revela-nos a Sua divindade. É o conhecimento que temos de uma pessoa o que dá idéia da nossa intimidade com ela, segundo o princípio enunciado por São Paulo: 'Pois, quem dentre os homens, conhece as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele reside?' (1 Cor 2, 11). O Filho conhece o Pai com o mesmo conhecimento com que o Pai conhece o Filho. Esta identidade de conhecimento implica a unidade de natureza; quer dizer, Jesus é Deus como o Pai" (Edições Theologica), e: "Trata-se de conhecimento em sentido bíblico, isto é, amoroso, vital. O conhecimento recíproco, pelo qual o Pai conhece plenamente o Filho e vice-versa, indica que Jesus - o Filho encarnado - na profundeza de seu ser, é perfeitamente igual ao Pai. Talvez seja este o texto dos Evangelhos sinóticos em que é a divindade de Jesus afirmada com maior clareza. Assim, enquanto os doutos - os escribas e fariseus de outrora e muitos sábios de hoje - só enxergam em Jesus um homem, 'o filho do carpinteiro' (Mt 13, 55), os simples daquele tempo, e de sempre, sabem reconhecer nele o Filho de Deus: 'Sois o Messias, o Filho de Deus vivo' (Mt 16, 16). Exatamente a estes é que Jesus se revela e revela o Pai" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

 

Em Mt 11, 28-30 diz: "Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".

 

Jesus Cristo pensa também nas condições terrenas de sofrimentos, de angústia, em que muitas vezes se debatem os simples, os humildes, os pobres e lhes dirige o convite: "Vinde a mim vós que penais e carregais o fardo, e eu vos darei o repouso' (Mt 11, 28); alivia-los-á com seu amor, revelando-lhes o amor do Pai, ensinando-os a amarem como filhos ao Pai. Não quer Jesus oprimir os homens com pesadas leis; uma só lei lhes dá, a do amor a Deus e aos irmãos, com a única intenção: cumprir a vontade do Pai celeste. Vontade amorosa porque de Pai, entretanto, exigente; sempre, porém, amável para quem souber abraçá-la como a abraçou Jesus: com amor, mansidão e humildade. 'Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis repouso para as vossas almas: pois meu jugo é suave, e o meu fardo, leve' (Mt 11, 29-30)" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

São Mateus 11, 28-30 aproxima ainda mais o amor de Deus ao homem, mostrando-o na atitude de Jesus "manso e humilde de coração". Tem piedade imensa de todos os sofrimentos e misérias da humanidade, e diz: "Vinde a mim vós todos que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei": "O que mais oprime o coração do homem são os pecados. Para libertá-lo deste peso, toma-los-á Jesus sobre si, leva-los-á à cruz, e os destruirá com sua morte. Por isso não se cansa de ir em busca do pecador e salvar, do filho pródigo a reconduzir ao amor do Pai, das mulheres perdidas a converter para o bom caminho. Por única condição só pede que creiam nele, que o procurem, aceitem substituir o grave peso do pecado pelo suave jugo de sua lei: 'Tomai sobre vós meu jugo; meu jugo é suave e meu peso, leve' (Mt 11, 29-30). É 'jugo' a lei de Cristo, porque requer disciplina das paixões, negação do egoísmo, mas é jugo 'suave e leve' por ser lei de amor. Quanto mais soubermos imitar a mansidão e humildade do Coração de Cristo, tanto mais experimentaremos quão doce é segui-lo na obediência à vontade do Pai, quão suave é amar como ele amou, mesmo quando exige o amor os maiores sacrifícios. 'Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para as vossas almas' (Mt 11, 30). Fonte inesgotável de conforto e salvação é o Coração de Cristo e, ao mesmo tempo, escola de santidade" (Idem).

São João Crisóstomo escreve: "E havia inflamado o desejo de seus discípulos por tudo o que precede, que não é mais que a expressão de sua inefável virtude e agora os chama a si pelas palavras: 'Vinde a mim todos os que trabalharam e estão cansados" (Homilia In Matthaeum, Hom. 38, 2), e: "Chama a si a todos os que trabalham pelas dificuldades da lei e a carga do pecado" (Santo Hilário, In Matthaeum, 11), e também: "Assegura o profeta Zacarias, que é carga muito pesada a do pecado, dizendo: 'que a iniquidade está sentada sobre uma massa de chumbo' (Zc 5, 7) e o Salmista completou esta verdade com as palavras: 'minhas iniquidades estão pesando sobre mim' (Sl 37, 5)" (São Jerônimo), e ainda: "É certamente um jugo áspero e uma dura submissão o estar submetido às coisas temporais, o ambicionar as terrenas, reter as que morreram, o querer estar sempre no que é instável, o desejar o que é passageiro e não querer passar com o que passa. Porque, enquanto desaparecem, apesar de nossos desejos, todas estas coisas que pela ansiedade de possuí-las afligiam nossa alma, nos atormentam depois, por medo de perdê-las" (São Gregório Magno, Moralia, 30), e:  "E não disse: Vem esse e aquele, mas todos os que estão preocupados, tristes e no pecado; não para castigá-los, mas para perdoar seus pecados. Vem, não porque Ele necessita de sua glória, mas porque quer a sua salvação. Por isso disse: 'E eu os aliviarei'. Não disse: Eu somente os livrarei, mas (o que é muito mais) os aliviarei, isto é, os colocarei numa completa paz" (São João Crisóstomo, Homilia In Mattaeum, hom. 38, 2), e também: "Não só os aliviarei, mas os saciarei com um manjar interior" (Rábano), e ainda: "Vem, disse, não com os pés, mas com os costumes; não com o corpo, mas com a fé, porque esta é a entrada espiritual que nos aproxima de Deus. Por isso disse: 'Tomai meu jugo sobre vós" (Remígio), e: "O jugo do Senhor Jesus Cristo é o Evangelho que une e associa em uma só unidade os judeus e os gentios. Este jugo é o que nos manda que coloquemos sobre nós mesmos, isto é, que tenhamos como grande honra o levá-lo" (Rábano), e também: "Não a criar o mundo, não a fazer nele grandes prodígios, mas aprender de mim a ser manso e humilde de coração. Quer ser grande? Começa então a ser pequeno. Necessita de levantar um edifício grande e elevado? Pensa primeiro na base da humildade. E quanto mais necessita de aumentar o edifício, tanto mais profundamente deve de cavar seu fundamento. E onde há de tocar a cúpula do nosso edifício? Até a presença de Deus" (Santo Agostinho, Sermones, 69, 2), e ainda: "Mandando nosso Salvador que sejamos sóbrios nos costumes e humildes em nossos sentimentos, nos manda também que não ofendamos a ninguém, que não desprezemos a ninguém e que tenhamos dentro do nosso coração todas as virtudes que manifestamos em nossas obras exteriores" (Rábano), e: "Por isso, Ele desde o princípio começa a exposição das leis divinas pela humildade e oferece a recompensa nas palavras: 'E encontrareis a tranquilidade em vossas almas'. Esta é a maior recompensa, porque com ela não só se torna útil aos demais, senão que encontra em si mesmo a tranquilidade e concede esta recompensa antes da que há de dar no tempo vindouro, já que nesse tempo se gozará de uma tranquilidade eterna" (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, hom. 38, 2), e também: "E para que não se enchessem de temor ao ouvir as palavras, peso e jugo, acrescenta: 'Porque meu jugo, etc." (São João Crisóstomo, Homilia In Matthaeum, hom. 38, 3), e ainda:  "E nos propõe a idéia consoladora do jugo suave e do peso leve, a fim de dar aos que crêem n'Ele uns indícios do bem que só Ele tem visto no Pai" (Santo Hilário, In Matthaeum, 11), e: "Que peso impõe às nossas almas, que nos manda evitar todo desejo que nos pode perturbar? Que coisa mais leve que se abster da maldade, querer o bem, não querer o mal, amar a todos, não aborrecer a ninguém, alcançar o eterno... não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco?" (São Gregório Magno, Moralia, 4, 39), e também: "E qual é este jugo mais suave e qual o peso mais leve? Buscar a perfeição, se abster da maldade, querer o bem, odiar o mal, amar a todos, não odiar a ninguém, buscar o eterno, não se apegar às coisa presentes, não querer a outro o que não quer para si" (Santo Hilário, In Matthaeum, 11), e ainda: "Porém, como se entende que é suave o jugo de Cristo, quando se disse acima: 'É estreito o caminho que conduz à vida?' (Mt 7, 14). Porque o que a princípio é difícil para nós, passado algum tempo, mediante a doçura inefável do amor, se nos faz sumamente fácil" (Rábano).

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: "De um modo bem diverso de como os fariseus se comportavam com o povo, Jesus veio libertar os homens das suas cargas mais pesadas: carregando-as sobre Si próprio. Vinde a mim todos os que estais fatigados e sobrecarregados - diz Jesus aos homens de todos os tempos -, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo leve. Ao lado de Cristo, todas as fadigas se tornam amáveis, tudo o que poderia ser mais custoso no cumprimento da vontade de Deus se suaviza. O sacrifício, quando se está ao lado de Cristo, não é áspero e duro, mas amável. Ele assumiu as nossas dores e os nossos fardos mais pesados".

O Evangelho é uma contínua prova da sua preocupação por todos: "Ele deixou-nos por toda parte exemplos da sua misericórdia" (São Gregório Magno, Homilias sobre o Evangelho, 25, 6). Ressuscita os mortos, cura os cegos, os leprosos, os surdos-mudos, liberta os endemoninhados... Por vezes, nem sequer espera que lhe tragam o doente, mas diz: Eu irei e o curarei. Mesmo no momento da morte, preocupa-se com os que estão ao seu lado. E ali entrega-se com amor, como propiciação pelos nossos pecados. E não só pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

Devemos imitar o Senhor: não só evitando lançar preocupações desnecessárias sobre os outros, mas ajudando-os a enfrentar as que têm. Sempre que seja possível, assistiremos os outros nas suas tarefas humanas, nos fardos que a própria vida impõe: "Quando tiveres terminado o teu trabalho, faz o do teu irmão, ajudando-o, por Cristo, com tal delicadeza e naturalidade, que nem mesmo o favorecido repare que está fazendo mais do que em justiça deves. - Isto, sim, é fina virtude de filho de Deus!" (São Josemaría Escrivá, Caminho, n° 440), e: "Temos de começar por aliviar as cargas dos que vivem mais intimamente ligados à nossa vida: por terem a mesma fé, o mesmo espírito, os mesmos laços de sangue, o mesmo trabalho..." (Pe. Francisco Fernadez-Carvajal), e também: "Velai, certamente, por todos os indigentes com uma benevolência geral, mas lembrai-vos especialmente dos que são membros do Corpo de Cristo e estão unidos a nós pela unidade da fé católica. Pois devemos mais aos nossos pela união na graça, do que aos estranhos pela comunhão de natureza" (São Leão Magno, Sermão 89).

Aliviemos na medida do possível os que suportam o duro fardo da ignorância religiosa, que "atinge hoje níveis jamais vistos em certos países de tradição cristã. Por imposição laicista ou por desorientação e negligência lamentável, multidões de jovens balizados vêm chegando à idade adulta com um total desconhecimento das mais elementares noções da fé e da moral e dos próprios rudimentos da piedade. Atualmente, ensinar a quem não sabe significa, sobretudo, ensinar aos que nada sabem de Religião; significa 'evangelizá-los', quer dizer, falar-lhes de Deus e da vida cristã" (J. Orlandis, Las ocho bien-aventurazas, EUNSA, Pamplona, 1982, págs. 104-105).

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: "Não encontraremos caminho mais seguro para seguirmos o Senhor e para encontrarmos a nossa própria felicidade do que a preocupação sincera por libertar ou aliviar do seu lastro os que caminham cansados e aflitos, pois Deus dispôs as coisas para que aprendamos a levar as cargas uns dos outros; porque não há ninguém sem defeito, ninguém sem carga; ninguém que se baste a si próprio, nem que seja suficientemente sábio para si. Todos precisamos uns dos outros. A convivência diária requer essas ajudas mútuas, sem as quais dificilmente poderíamos ir para  frente".

E se alguma vez nós mesmos nos vemos abraçados com um fardo excessivamente pesado para as nossas forças, não deixemos de ouvir as palavras do Senhor: Vinde a mim. Só Ele restaura as forças, só Ele sacia a sede. "Jesus diz agora e sempre: Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Efetivamente, Jesus encontra-se numa atitude de convite, de conhecimento e de compaixão por nós; mais ainda: de oferecimento, de promessa, de amizade, de bondade, de remédio para os nossos males, de conforto e, sobretudo, de pão, de fonte de energia e de vida" (Paulo VI, Homilia, 12-06-1977).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 29 de junho de 2008

 

 

Vide também:

Jesus é o mestre com fardo leve

 

 

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Eu te louvo, ó Pai"

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0159.htm