PORQUE HAVIA ÁGUA SOBRE TODA A SUPERFÍCIE DA TERRA

(Gn 8, 9)

 

“A pomba, não encontrando um lugar onde pousar as patas, voltou para ele na arca, porque havia água sobre toda a superfície da terra; ele estendeu a mão, pegou-a e a fez entrar para junto dele na arca”.

 

 

A pomba não encontrando lugar para pousar as patas, voltou para a arca.

Aprendam os RELIGIOSOS a não “pousarem” os pés nas águas lamacentas desse mundo; mas sim, depois de cumprirem santamente fora da “arca”, isto é, da sua cela os seus deveres, voltem para o recolhimento: “Um monge é como um peixe. Este morre saindo da água; aquele quando abandona a solidão” (Santo Antão, Abade).

Santo Anselmo, arroubado em êxtase, viu um dia, um imenso rio que arrastava todas as imundícies da terra, de modo que nenhuma cloaca se achou mais nojenta do que aquela. Sobre as negras e espumosas águas da caudal, transportados em rapina, alvejavam muitos cadáveres de homens, mulheres, rapazes, ricos e pobres, com os ventres túmidos de lodo. Tendo o santo perguntado o que significava aquela visão, assim lhe foi respondido: “O rio é o mundo, e os afogados são os seus amadores”.

É correto um RELIGIOSO sair de sua cela para buscar CONSOLO nas criaturas? Será que essa familiaridade ajudará o RELIGIOSO a se aproximar mais de Deus?

Será que esse “vôo” da “pomba” sem necessidade lhe ajudará espiritualmente? Não! Essa familiaridade fora da “arca”, isto é, da cela, lhe prejudicará terrivelmente. Se o silêncio e o diálogo amoroso com Deus não lhe está servindo; será que o barulho das criaturas o ajudará? “... evitai toda familiaridade; quando se fizer mister prestar a vossa assistência, prestai-a como Ministros sagrados” (Pio XII, Exortação “Menti Nostrae”, 25), e: “É necessário portanto que os presbíteros se comportem com a devida prudência nas relações com as pessoas cuja familiaridade pode colocar em perigo a fidelidade ao dom ou então suscitar o escândalo dos fiéis” (Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 60).

O RELIGIOSO que abandona a sua cela sem necessidade, somente com a intenção de PERAMBULAR, corre grande risco de perder a vocação: “Realmente, fora da cela, o monge morre como o peixe fora da água. Como é  perigoso para um monge ficar perambulando! Quantas colunas vimos ruir por terra, por ficarem andando e viverem fora das suas celas... Conheceis as consequências da permanência fora da cela exterior? Algo mortífero: distrai-se a mente ao procurar a companhia dos homens e esquecer a dos Anjos; esvazia-se a mente dos santos pensamentos sobre Deus, enchendo-a de pensamentos humanos; a boa vontade e a devoção decaem por causa de preocupações dissipadas e más; escancaram-se as portas dos sentidos: do olho, para ver o que não se deve; dos ouvidos, para escutar o que é contrário à vontade de Deus e à salvação das almas; da língua, para pronunciar palavras inúteis e deixar de falar sobre Deus. Afinal, pela falta de oração e de bons exemplos, a pessoa prejudica a si mesma e os outros. As palavras são insuficientes para descrever os males derivantes. E se a pessoa não estiver atenta, sem perceber irá decaindo aos poucos, chegando até a abandonar o sagrado aprisco da vida consagrada” (Santa Catarina de Sena).

Corre grande risco de ofender a Deus o sacerdote que ABANDONA a sua “arca”, isto é, a sua cela, para dialogar com as mulheres.

Diz São Cipriano: “É impossível estar no meio das chamas e não se queimar”, e: “Seria menor milagre ressuscitar um morto, do que conservar a castidade, vivendo em habitual familiaridade com uma mulher” (São Bernardo de Claraval), e também: “Quando se houver de falar com mulheres, é necessário fazê-lo de passagem, sem demora, e como que de fugida” (São Cipriano).

Isso que foi escrito serve também para as RELIGIOSAS, principalmente aquelas que, quais “pombinhas assanhadas”, abandonam a amizade com Jesus Cristo, Esposo Celeste... deixam o silencio da cela... e “voam” de esquina em esquina atrás de homens e mulheres para tagarelarem.

Santa Catarina de Sena escreve às Religiosas: “Convém-nos fugir do locutório (lugar destinado para dialogar com visitantes) como do veneno, evitar a companhia de devotos e leigos, porque não fica bem para a esposa de Cristo. Temos de evitar a companhia de falsos religiosos e de procurar os verdadeiros servidores de Deus. Não fica bem que sob uma cabeça coroada de espinhos haja membros delicados, como fazem algumas almas estultas, que se afastam de Cristo e somente procuram prazeres e facilidades para o corpo. Sobretudo para nós, que deixamos o mundo e entramos no jardim da vida religiosa como esposas consagradas a Cristo, devemos ser flores perfumadas”.

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Esposas benditas de Jesus Cristo, deveis persuadir-vos que o locutório é, para as Religiosas, sumamente  perigoso. Assim como no coro se respiram ares puríssimos do Paraíso, assim no locutório, as mais das vezes, se respira o ar empestado do inferno. Coisa estranha! Tal Religiosa, se estivesse ainda na casa de seus pais, não ousaria, certamente, ficar três ou quatro horas a conversar com um moço; ao invés, não tem nenhum escrúpulo de fazer isso, estando na casa de Deus? Merece menos respeito a casa de Deus que a de vossos pais?”

Os RELIGIOSOS assanhados e mundanos escandalizam os fiéis.

Rezemos todos os dias o Santo Terço pedindo santos sacerdotes e santas religiosas para a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 05 de outubro de 2010

 

 

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Depois de autorizado, é preciso citar:
Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Porque havia água sobre toda a superfície da terra”

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0324.htm