Senhor, porque tenho eu perdido tantos anos, nos quais não vos tenho
amado? Anos infelizes, eu vos detesto; e a vós bendigo, ó paciência
infinita do meu Deus, que tantos anos me tendes suportado. Apesar de
tão ingrato, vós me esperais ainda: porque, meu Deus, por quê? A fim
de que, um dia, vencido pelas vossas misericórdias e pelo vosso
amor, eu me dê inteiramente a vós. Senhor, não quero mais ser
ingrato para convosco. É justo que vos consagre o tempo, que ainda
me resta de vida, quer pouco quer muito. Espero, meu Jesus, que me
auxiliareis a ser todo vosso; pois, se tanto me favorecestes, quando
eu vos fugia e desprezava o vosso amor, como não devo esperar que me
favoreçais agora que vos procuro e vos desejo amar, Deus digno de um
amor infinito? Amo-vos de todo o meu coração, amo-vos sobre todas as
coisas, amo-vos mais que a mim mesmo, mais do que minha própria
vida. Arrependo-me de vos haver ofendido, bondade infinita.
Perdoai-me e, com o perdão, concedei-me a graça de vos amar muito
nesta vida até à morte e, na outra, por toda a eternidade. Pelo
vosso poder, Deus todo-poderoso, mostrai ao mundo este prodígio: uma
alma tão ingrata como a minha, convertida numa das mais fervorosas
no vosso amor. Fazei-o pelos vossos méritos, meu Jesus. Isto é o que
proponho fazer durante toda a minha vida; vós que me inspirais este
desejo, dai-me forças para o pôr em prática.
|