Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

14 de Abril

 

São Júlio

 

O nome de Júlio é por demais célebre porque relembra a memória do grande César que, cinqüenta anos antes de Cristo, inaugurou a série dos imperadores romanos. O Martirológio Romano elenca nove santos com este nome e oito santas de nome Júlia. A maioria destes santos são mártires dos primeiros séculos do Cristianismo.

Entre os mártires, o mais famoso é o que comemoramos no dia 27 de maio. Ele foi veterano do exército de Galério, no qual tinha militado por vinte e sete anos na Ásia Menor. Durante a última perseguição, a de Diocleciano, em 305, Júlio foi preso e processado porque era cristão e exortado por Máximo, juiz do tribunal, a sacrificar aos ídolos protetores do Império. Júlio recusou-se terminantemente, relembrando ter combatido varonilmente em sete guerras, levando sempre conduta irrepreensível. Contudo, em assuntos de consciência religiosa, sentia-se mais comprometido à obediência a Deus do que a César. Condenado à morte por decapitação, recebeu a coroa imortal do martírio.

Hoje, sobretudo, um outro São Júlio é objeto de nossa veneração: o primeiro papa a levar este nome e que dirigiu santamente a Igreja desde o ano 337 até 352.

Júlio era romano de origem, filho de um certo Rústico. Viveu no primeiro período em que a Igreja respirava a liberdade religiosa concedida pelo imperador Constantino Magno, em 313. Se esta liberdade oferecia ao Cristianismo melhores condições de vida e expansão, no entanto favoreceu condições para que se afirmassem com toda virulência às primeiras heresias, como o donatismo, tipo de puritanismo na moral, e, sobretudo, o arianismo que negava a divindade de Cristo, considerando-o simples criatura de Deus.

Apesar da definição do Concílio de Nicéia, em 325, em que foi oficialmente definida a consubstancialidade do Filho com o Pai, os adversários desta doutrina maquinavam, às escondidas, contra os defensores da ortodoxia.

Com a morte do imperador Constantino Magno, os filhos, que tomaram o comando do Império, infelizmente, favoreceram os partidários de um arianismo mitigado, mas muito perigoso, porque escondia, sob fórmulas ambíguas, o vírus do arianismo.

O Papa Júlio tomou a defesa e hospedou honrosamente o patriarca de Alexandria, Atanásio, o grande batalhador da fé de Nicéia e principal alvo do ódio dos arianos, que o tinham expulsado da sede patriarcal. O Papa Júlio convocou dois sínodos de bispos em que, com a condenação do semi-arianismo, Atanásio foi reabilitado, recebendo cartas do papa que se felicitava com a Igreja de Alexandria, baluarte da ortodoxia.

O Papa Júlio providenciou a construção de várias igrejas em Roma, como a dos Santos Apóstolos perto do foro Trajano, a de Nossa Senhora em Transtévere e de São Valentino no cemitério do mesmo nome. Cuidou da organização eclesiástica, na província romana, da catequese catecumenal para os numerosos pagãos que pediam o batismo.

Ele morreu em maio de 352, após quinze anos de pontificado e foi sepultado no cemitério de Calepódio, na via Aurélia, numa igreja por ele edificada. Sua memória ficou para edificação e bênção dos romanos.