Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

14 de Dezembro

 

São João da Cruz

 

São João da Cruz é conhecido como doutor místico devido aos seus escritos de alta espiritualidade e ao mesmo tempo é considerado como o grande reformador da Ordem Carmelita.

Juan de Yepes, seu nome de batismo, foi mudado para João da Cruz quando tomou o hábito de carmelita. Nasceu na província de Ávila, na Espanha, em 1542. Quando criança, perdeu o pai; e a família sofreu pobreza. Sua mãe, à procura de trabalho para sustentar os filhos, mudou-se para Medina, onde João quis experimentar várias profissões, como empregando-se como ajudante num hospital e tomando lições de gramática à noite, no colégio jesuíta.

Com 21 anos entrou na Ordem Carmelita. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de cursar filosofia e teologia. Já então João demonstrava especial inclinação para a vida austera, penitenciando-se severamente como meio de ascética espiritual. Nos tempos livres, gostava de visitar os doentes nos hospitais, prestando-lhes serviços de enfermeiro.

Com 25 anos foi ordenado padre. A disciplina nos conventos carmelitas não o satisfazia e acalentou o desejo de entrar numa Ordem mais austera, como a dos Trapistas. Providencialmente, neste tempo, encontrou-se com a grande reformadora dos Carmelos, Santa Teresa de Ávila que promovia na Espanha a fundação de conventos reformados, dentro da Ordem. Ela, que tinha autorização do superior geral para fundar também conventos reformados masculinos, conseguiu entusiasmar João da Cruz a que, em vez de sair da Ordem, se incumbisse da reforma da disciplina regular. João apresentou este plano a Deus nas orações, aconselhou-se também com seu confessor e chegou à conclusão que, de fato, esta era a vontade de Deus.

Na qualidade de mestre dos noviços e depois reitor de uma casa de formação e de estudos, João da Cruz, em pouco tempo, conseguiu pela graça de Deus reformar alguns conventos da Ordem.

Reformar é muito mais difícil do que fundar, pois uma obra de reforma esbarra necessariamente contra a suscetibilidade de elementos tradicionais que levam a mal toda modificação. Só Deus conhece os sofrimentos, perseguições, calúnias de que o reformador foi alvo no cumprimento da nobre missão. João não procurava a honra própria; o amor e a glória de Deus eram a única força motriz que o impelia a trabalhar e sofrer. Em sua fé profunda, João abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades, dos quais fez um itinerário de ascensão mística para Deus. Retido por nove meses na prisão de um dos conventos que se opunham à reforma, João teve a oportunidade de temperar sua alma no seguimento do Senhor crucificado. Fugindo do cárcere, continuou com persistência sua obra renovadora.

Eram três as coisas que ele pedia insistentemente a Deus: primeiro, dar-lhe força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não o fazer sair deste mundo como superior duma comunidade; e terceiro, deixá-lo morrer desprezado e escarnecido pelos homens. De fato, ele conseguiu estes três objetivos tão contrários à nossa sensibilidade.

O desejo de ser desprezado era fruto da meditação constante da sagrada paixão e morte de Jesus Cristo. Em suas pregações João recomendava as devoções ao Salvador crucificado, à Santíssima Trindade, e ao Santíssimo Sacramento. Muitos pecadores não resistiam à eloqüência e ao zelo do fervoroso carmelita.

João da Cruz foi uma alma profundamente mística. Purificado pelas mortificações e acrisolado pelos sofrimentos, João elevou-se a um altíssimo grau de santidade, gozando, inclusive, de êxtases e visões. Foi escritor fecundo de livros ascéticos e místicos que o colocaram ao lado de Santa Teresa como máximo representante da escola mística espanhola. Seus escritos constituem uma das expressões perenes do pensamento místico universal.

João da Cruz ocupa um lugar de honra também entre os poetas do seu tempo; sua poesia lírica é uma das mais expressivas da literatura espanhola. Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve mais outros graves dissabores, devido a incompreensões e calúnias: foi exonerado de todos os cargos da comunidade passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosíssima enfermidade em dezembro de 1591, com 49 anos de idade.

O Papa Pio XI lhe conferiu o título de Doutor da Igreja.