Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

20 de Fevereiro

 

Santo Eleutério

 

O calendário litúrgico não faz comemoração de nenhum santo neste dia, enquanto o Martirológio Romano cita numerosos mártires em épocas diversas da Igreja. Entre eles, encontramos dois com o mesmo nome: Eleutério, ambos bispos e mártires.

Um deles foi patriarca de Constantinopla, sede do Império Oriental, no século V; ele teve de sofrer muito pela fidelidade ao seu múnus pastoral e, no fim, sofreu morte violenta por intrigas de hereges.

O outro, mais conhecido no Ocidente, viveu um século depois, entre os séculos V e VI. Sua pátria natal e seu campo de atividade pastoral foi aquela França que estava sendo evangelizada e sentia o predomínio dos reis francos, que aos poucos se impunham sobre outras forças militares.

Os séculos V e VI caracterizaram-se na França pelo enorme esforço de conversão dos povos recém migrados, começando com rei Clodoveu e a rainha Clotilde. A figura mais marcante desta atividade foi o bispo São Remígio.

Eleutério nasceu em Tournai, norte da França, hoje Bélgica, por volta do ano 470. São Gregório de Tours, que foi um dos primeiros historiadores da Igreja da França, conta que quando Eleutério era menino, brincando com outros colegas, ouviu uma predição de que ele ira chegar a ser bispo.

Para os tempos que corriam, esta voz profética era mau augúrio, soando quase como uma ameaça pelas responsabilidades que acarretava o papel do bispo numa França dominada por povos que só obedeciam à força militar, identificada na pessoa do rei ou dos generais.

Eleutério seguiu a carreira eclesiástica e chegou de fato a ser eleito bispo de Tournai, sua cidade natal, dez anos antes da conversão do rei dos francos, Clodoveu. A cidade de Tournai está situada hoje na Bélgica e se destaca como uma das maiores dioceses do mundo, com quinhentas e cinqüenta paróquias e mil cento e cinqüenta sacerdotes.

Eleutério, primeiro bispo daquela cidade, foi o desbravador, que com sacrifícios imensos colocou as bases da futura grandeza da diocese.

Uma tarefa muito difícil de bispo daquele tempo era organizar a diocese com estruturas mínimas de clero, igrejas, centros de evangelização. Todavia, o trabalho mais árduo era criar o espírito pacífico entre os habitantes da região, já que tinham passado grande parte do tempo guerreando para ter uma terra onde habitar. Por fim, a enorme questão das vocações em massa: naquele tempo, quando o rei se convertia, a maior parte da população se convertia também, confundindo religião com nação. Como isto, sucedia que grande parte das conversões eram puramente exteriores, puramente política, e não modificavam o interior das pessoas. A tarefa de fazer com que estas conversões fossem reais coube a Eleutério, contando com poucos padres e monges.

Eleutério dirigiu aquela Igreja por dez anos. Zeloso, perseverante, vigilante contra as infiltrações de heresias, enérgico e bondoso na tarefa de conversão dos pagãos: assim era seu perfil. No fim, não se sabe em que circunstâncias exatamente ele caiu vítima de elementos heréticos. Eleutério, libertador (este e o significado do seu nome, em grego) de homens do erro e do pecado, morreu Mártir em 532.