Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

18 de maio

 

São João I, Papa e Mártir

 

O nome João, o mais popular de todos os tempos, gloria-se de ser o mais numeroso também no céu: 70 santos são citados no Martirológio Romano, desde São João Batista até ao último em ordem cronológica: São João Bosco.

Também na série dos papas “Os Joões” são os mais numerosos: 23. Contudo, só o primeiro da série foi levado à honra dos altares. É este o santo venerado hoje na liturgia.

João era de origem etrusca, filho de um certo Constâncio, e fazia parte do clero romano quando foi eleito papa, sucedendo a Santo Hormidas, em 523. Na direção da Igreja de Roma ficou apenas trinta meses, apesar disso é relembrado na história da Igreja por especiais merecimentos. Foi ele que introduziu o calendário cristão, começando a contar os anos a partir do nascimento de Cristo e não mais com a fundação de Roma, aproveitando os estudos do sábio monge Dionísio, o pequeno. A ele devemos a fixação da data da Páscoa conforme um complexo cálculo do ciclo pascal ainda hoje adotado. É mérito do Papa João I a formação na liturgia do cantochão, que, evoluindo, tomou o nome de canto gregoriano.

A figura do Papa João I agigantou-se na história por ter sido envolvido em situações sócio- políticas assaz críticas, por causa das quais morreu mártir.

Depois da destruição do Império Romano por obra dos hérulos (470), sucederam-se, no domínio da Itália, várias gerações de bárbaros: visigodos, ostrogodos, longobardos, etc. Ao tempo do Papa João I o monarca era Teodorico, rei dos ostrogodos (bárbaros provenientes da região do Danúbio). Era cristão, mas da seita herética ariana. Os primeiros anos de seu comando foram de relativa tolerância em relação aos romanos. Tinha, inclusive, associado à sua administração homens de alto valor, como Boécio, Símaco, Cassiodoro. Mas, com o passar do tempo, sua política de reconciliação entre godos e romanos, entre católicos e arianos encontrou resistência tanto da parte dos vencedores como da parte dos católicos. Isto foi azedando o ânimo do velho Teodorico, tornando-o suspeitoso e ciumento. Um fato agravou a situação: o imperador do Oriente, Justino I, que fazia reivindicações sobre regiões da Itália, começou a perseguir os arianos, confiscando-lhes as igrejas. O bárbaro Teodorico alterou-se profundamente. Exigiu que o Papa João I viajasse para Bizâncio a fim de obter do imperador a retratação do decreto contra os arianos e renunciasse aos direitos sobre o sul da Itália.

O Papa João I foi acolhido triunfalmente por Justino I, mas não conseguiu totalmente os objetivos de sua missão pacificadora. Teodorico suspeitou da colaboração do papa para com o imperador do Oriente, e envolveu na suspeita seus mais íntimos colaboradores. Mandou prender o filósofo Boécio, que, antes de ser condenado à prisão, escreveu sua imortal obra A consolação da filosofia, última obra-prima do pensador antigo, mandou decapitar Símaco e destituiu do cargo seu primeiro ministro, Cassiodoro (mais tarde, tornou-se monge e famoso escritor). Enfim, prendeu também João I e lançou-o em um calabouço deixando-o morrer de fome e de sede, em 18 de maio de 526.

Foi um triste capítulo da história da humanidade, em que o poder das trevas procurou abafar a luz da verdade e do amor: os dois supremos ideais vividos em grau heróico pelo Papa João I.

O povo brindou-o com o título de mártir e concedeu-lhe ampla veneração.

Sobre seu túmulo, na igreja de São Pedro, foram escritos os seguintes versos:

“ Sumo Sacerdote do Senhor! Sucumbiste como vítima imolada a Cristo. É esta a maneira com que os papas mereceram o supremo beneplácito de Deus”.

Por sua vez, Teodorico, corroído por remorsos, falecia três meses depois, tomado de convulsões misteriosas, que o povo considerou justo castigo de Deus.