Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

10 de novembro

São Leão Magno

Célebre na história da Igreja pelo seu profundo saber, pelas extraordinárias virtudes e brilhante governo, São Leão foi, sem dúvida, o maior papa dos primeiros séculos da era cristã.

Pouco se sabe sobre sua vida anterior ao pontificado. Nasceu por volta do ano 395 em Roma e ingressou, jovem ainda, no clero romano. Após ter desempenhado delicadas missões sob o pontificado do Papa Sisto III, foi escolhido para sucedê-lo, em agosto de 440. Os tempos eram então muito conturbados.

O Império Romano esfacelava-se progressivamente perante as hordas de invasores bárbaros, ávidos de saques.

Também a Igreja vivia agitada por questões internas, sobretudo de cunho doutrinal. Num século sentiu-se sacudida por quatro grandes heresias: O arianismo, o pelagianismo, o nestorianismo e o monofisitismo, que deixaram feridas profundas. O nome do Papa Leão está intimamente ligado à luta contra o monofisitismo, heresia propalada pelo monge Êutiques, que sustentava haver em Cristo não duas naturezas, mas uma só, a divina que teria absorvido em si a natureza humana. Negavam-se assim as características da humanidade de Cristo.

Estando a par das agitações doutrinárias do Oriente, Leão dirigiu ao patriarca de Constantinopla a célebre Carta dogmática a Flaviano, na qual expunha a doutrina ortodoxa sobre as duas naturezas, divina e humana, existentes na única pessoa de Cristo, Filho de Deus.

No Concílio de Calcedônia, em 451, onde foi condenado o monofisitismo, os padres conciliares ouviram a carta do Papa Leão e exclamaram: “Pedro falou pela boca de Leão”. Era uma confissão de fé por parte dos 600 bispos, no primado do papa, em matéria doutrinal.

“Marcante ficou também na história da Itália a atitude do Papa Leão frente aos invasores hunos guiados pelo terrível Átila, chamado o flagelo de Deus. Vencidas todas as resistências do Império Romano e as defesas naturais dos Alpes, Átila invadira o norte da Itália destruindo tudo a ferro e fogo. O papa saiu-lhe ao encontro, e tanto foi seu prestígio e eloqüência, que Átila desistiu de sua ameaça de destruir a Itália e Roma. Três anos depois, em 455, outro chefe bárbaro, Genserico, à frente dos vândalos, depois de devastar o norte da África, desembarcou na Itália e entrou em Roma. Desta vez o papa conseguiu apenas que se poupassem as vidas e não se ateasse fogo à Cidade Eterna. Nesta emergência, o bispo de Roma já surgia praticamente como suprema autoridade, mesmo no campo social”.

Grande foi a atuação do Papa Leão como chefe espiritual da cristandade. Pela oração, pelo exemplo e, sobretudo, por seus sábios escritos, concorreu para consolidar a disciplina eclesiástica, elevar os costumes do povo, conservar a ortodoxia da fé e aperfeiçoar o culto litúrgico, em todo o Ocidente. Célebres ficaram seus sermões, pronunciados em latim clássico, proferidos nas solenidades do ano litúrgico. Destes sermões, verdadeiros modelos de eloqüência cristã, se conservam mais de cem que, junto com as 143 cartas, são documentos preciosos para a história e o dogma.

Num dos seus sermões natalinos o Papa Leão comentava: “Nosso Senhor, amados filhos, nasceu hoje como Salvador: alegremo-nos. Não pode haver tristeza quando nasce a vida... O Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com seu Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que ele antes vencera.

Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade, e já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo”.

O Papa Leão faleceu no ano 461, e a posteridade brindou-o com o título de Magno, pois por justas razões foi ele o mais insigne papa anterior à queda do Império Romano Ocidental e, inclusive, o que por mais tempo dirigiu a Igreja Romana até aquele período.