Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

16 de novembro

Santa Margarida da Escócia e Santa Gertrudes

A Igreja uniu numa mesma celebração estas duas grandes santas que viveram no início do segundo milênio no norte da Europa. Um breve enfoque biográfico sobre cada uma destas santas.

“Numa época em que o conceito de santidade parecia quase inseparável dos sinais exteriores de tipo extraordinário, milagres, dons místicos, etc., a vida de Santa Margarida de Escócia se apresenta como uma exceção. O primeiro biógrafo, seu confessor, o monge Teodorico, sente-se na obrigação de desculpar-se, um tanto constrangido desta anomalia, dizendo: 'São mais dignos de admiração os feitos que a tornaram santa do que os que somente a declararam santa ante os homens. O milagre de Santa Margarida foi ter-se santificado como esposa, como mãe e como rainha'. Filha do príncipe inglês Eduardo, desterrado na Hungria pela perseguição do rei Canuto, usurpador do trono, voltou com seu pai para a Inglaterra no momento em que Guilherme o conquistador desembarcava na ilha. Novamente exilada, a família de Eduardo buscou refúgio na Escócia. Pouco depois Margarida casava com o rei Malcom”.

A nova rainha foi uma verdadeira bênção para o marido e para o reino, pois o esposo, homem rude, embora de bons sentimentos, recebeu um benéfico influxo de convivência com a rainha, de tal modo que se transformou num dos mais amáveis, piedosos e virtuosos reis da Escócia.

Aos súditos, além do bom exemplo de uma vida dedicada totalmente à família, à oração e aos pobres, Margarida esforçou-se para extirpar da vida social abusos, escândalos, superstições. Deu grande apoio à formação dos sacerdotes e à reforma dos costumes.

Esposa e mãe exemplar, a memória de sua santidade ficou sobretudo associada à prática da caridade. Alimentava e servia com suas próprias mãos mais de cem pobres, diariamente; lavava-lhes os pés e chegou a beijar suas chagas. Em caso de necessidade, não duvidou em vender suas jóias para socorrer os necessitados. Os últimos dias de sua vida foram entristecidos pela dupla desgraça da morte de seu marido e de seu filho no assalto ao castelo de Aluwick. Ao receber a triste notícia, elevou os olhos ao alto dizendo: “Agradeço, ó Deus, porque me dás a paciência para suportar tantas desgraças!”

Faleceu em Edimburgo no dia 16 de novembro de 1093,
com 48 anos de idade.

Santa Gertrudes

A vida de Santa Gertrudes não podia ser exteriormente mais  simples.  Com  a  idade  de cinco  anos  foi entregue pelos pais ao convento de Hefta, na Saxônia, para ser educada e no convento brotou, em sua alma, a vocação claustral ali permanecendo até à morte. Quase nada se sabe de sua vida no dia-a-dia, além daquilo que ela mesma deixou escrito, não como dados biográficos mas como  revelações  e  aspectos  elucidativos  de  sua  espiritualidade.

Em 1281, com 25 anos  de idade, teve a primeira visão que a introduzia na vida mística. O conteúdo de suas visões e revelações era o  conhecimento do amor de Cristo em relação aos homens. Sua espiritualidade era cristocêntrica. O amor à humanidade de Cristo levou-a a descobrir a devoção ao   Sagrado Coração de Jesus, precedendo as grandes revelações de Santa Margarida Maria Alacoque.

Alma profundamente contemplativa, a ocupação predileta de Santa Gertrudes era meditar a sagrada paixão e morte de Cristo e cultuar Jesus presente no sacrário. Intimamente ligada ao amor de Jesus era sua devoção à Maria Santíssima que venerava e invocava com confiança filia. Os êxtases e revelações divinas não a dispensavam das práticas de mortificação e penitência, pois cotidianamente castigava seu corpo e o purificava de todo apego às coisas terrenas.

Ela própria recolheu suas revelações num livro com o título: Mensageiro do divino amor, que faz de Santa Gertrudes uma das maiores místicas ao lado de Santa Teresa d’Ávila e de São João da Cruz.

Faleceu, como num êxtase de amor, no ano 1301 com 46 anos de idade.