24 de Novembro São Columbano A Irlanda foi chamada a pátria dos missionários. Catequizada por São Patrício, no início do século V, teve sempre uma forte tradição monástica, que forneceu numerosos evangelizadores à Europa, após a desagregação do Império Romano. Entre estes, emerge São Columbano, que pode ser comparado a São Bento, pela profunda e benéfica influência que sua obra exerceu na Europa. São Columbano nasceu na Irlanda, em 540. Jovem rico, mas ardoroso nos ideais do Evangelho, deu adeus às atrações mundanas e abraçou a vida monástica, colocando-se na escola de grandes e santos mestres. Com 50 anos de idade, deixou para sempre sua pátria como peregrino e missionário por Cristo, juntamente com mais doze monges, andou pela França toda, onde fundou vários mosteiros, centros propulsores de vida missionária. Depois do primeiro impulso de evangelização e de vida cristã, por obra sobretudo dos santos bispos Hilário de Poitiers e Martinho de Tours, quando o espírito religioso na França estava em decadência, devido sobretudo às freqüentes invasões de bárbaros, a presença de São Columbano, profeta e reformador, com seus monges, reavivou a vida cristã, e numerosos foram os seguidores da vida austera de São Columbano. O grande escritor e acadêmico francês, Daniel Rops, dá este depoimento de São Columbano: “No coração da idade bárbara, duas poderosas figuras encarnam o espírito missionário, ou da revolução cristã permanente: São Bento e São Columbano. O zelo deste último em denunciar escândalos e corrigir vícios, sem temer enfrentar nem mesmo os reis, conferiu-lhe fama extraordinária, ao mesmo tempo que o obrigava a mudar periodicamente de residência. Deste peregrinar acidentado pelo norte da França, região do Reno e da Suíça, até morrer em Bobbio, na Itália, fundou uma constelação de mosteiros sob sua Regra que exerceram influência religiosa e cultural das mais profundas, antes de serem substituídas pela expansão beneditina. A forte personalidade de São Columbano, difícil combinação de rigor e poesia, determinação férrea e descuidada improvisação, atraía por onde passava discípulos e seguidores. A influência deste monge irlandês será durável. Estimam-se em duzentas as abadias nascidas sob sua influência, e delas provieram gerações de missionários e muitos santos”. Noutro aspecto, a influência de São Columbano e seus monges devia ser de imensa transcendência para a espiritualidade cristã do Ocidente. Foram eles os que difundiram pela primeira vez o espírito penitencial e a prática da confissão pessoal auricular, que haveria de propagar-se cada vez mais durante a Idade Média até tornar-se norma obrigatória da Igreja. Tendo entrado em conflito com a despótica rainha da França por ter verberado certos abusos da corte real, Columbano deixou aquele país e rumou para a Suíça, iniciando a evangelização na região do lago de Constança. Lá ficara seu discípulo São Galo, que deixou seu nome ligado ao célebre mosteiro de Sant Gallen, ainda hoje centro de espiritualidade. Com cerca de setenta anos, Columbano atravessou os Alpes e no norte da Itália deixou outra fundação importante, o mosteiro de Bobbio, que evoluiu na cidade e diocese. Aí, São Columbano, vencido pelo cansaço, veio a falecer com 75 anos de idade. Seu retrato moral foi assim descrito: “Columbano foi um irlandês autêntico, de temperamento impetuoso e terno ao mesmo tempo, audaz e independente; era ferrenho defensor das tradições monásticas celtas, em adesão cordial à Sé de Pedro. Asceta rígido, amante da contemplação solitária, mas também homem de ação vigorosa, pai afetuoso, caridoso para com os pobres, apareceu na Europa como profeta enviado por Deus para reconduzir a sociedade à vida cristã por meio da abnegação e penitência. Deixou vários escritos importantes para a vida monástica do seu tempo. Do século IX em diante, os monges de São Columbano adotaram a Regra de São Bento, bem mais comedida que a do rígido monge irlandês. A memória de São Columbano é celebrada no dia 23 de novembro.
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