29 de Novembro São Virgílio A Irlanda evangelizada pelo grande bispo São Patrício, no século V, tornou-se pátria de santos e um verdadeiro viveiro de vocações à vida monástica, que forneceu à Igreja inúmeros missionários. O santo, que hoje a Igreja comemora, Virgílio, é um destes intrépidos monges que emigrou como missionário ao Continente Europeu. Seu nome original era Fergil, latinizado em “Vergilius”. Nasceu por volta do ano 700. Jovem, abraçou a vida monástica. Tornou-se abade de um mosteiro irlandês e adquiriu vasta cultura não só teológica e bíblica, mas também científica, sobretudo em matemática e geografia. Pepino, rei dos francos, desejando fundar em seu reino centros culturais e pacificar o seu povo com a fé cristã, convidou Virgílio em 743 para abrir uma escola superior na região da Baviera, junto ao Duque Odilão. Com a morte do bispo de Salzburgo, Virgílio foi eleito abade do mosteiro de “Saint Peter” do qual dependia o bispado. Nesta qualidade Virgílio devia governar a diocese embora sem sagração episcopal. Para as funções propriamente reservadas à ordem, Virgílio se servia de algum bispo itinerante. A situação, porém, não agradava e dava lugar a comentários desfavoráveis. Para evitar esta situação delicada, Virgílio solicitou do papa a sagração episcopal, o que se deu em 755 contando ele 55 anos de idade. Como pastor e mestre da diocese, Virgílio se destacou por seu zelo, por seu espírito de organização, pelas iniciativas que visavam a educação religiosa do povo e por seu alto saber. Conhecia o grande apóstolo da Alemanha, São Bonifácio, discutindo inclusive com ele questões litúrgicas e doutrinais, chegando ambos a acordo amigável. Edificou uma catedral majestosa separada do mosteiro de São Pedro, dando origem a uma pacífica distinção entre a abadia dos monges e a diocese. O rei Pepino, ao convidar Virgílio a trabalhar em seu reino, talvez tivesse objetivos políticos, mas o santo soube habilmente corrigi-los, impondo sua ação pastoral e seu ensinamento num plano exclusivamente espiritual e com preocupações unicamente morais. Virgílio foi contemporâneo também do grande filósofo e teólogo Alcuíno, que reconheceu no santo bispo de Salzburgo grandes dotes de mente e de coração. A fim de favorecer a mais profunda penetração do Cristianismo entre as povoações mais remotas, Virgílio fundou vários mosteiros beneditinos que foram verdadeiros faróis de evangelização. A alguns destes mosteiros Virgílio confiou, inclusive, uma missão evangelizadora junto aos povos eslavos, entre os quais conseguiu fundar uma prelazia. Esta iniciativa deu um forte impulso à expansão missionária na diocese de Salzburgo. Virgílio foi o primeiro autor do famoso catálogo e crônica dos mosteiros e das Igrejas confiadas aos beneditinos. Obra magistral que continuou seus relatórios por cinco séculos transmitindo preciosas notícias da vida cristã, inclusive, oito mil nomes de personalidades e lugares. Virgílio faleceu aos 27 de novembro de 784, já octogenário. Foi sepultado na Catedral de Salzburgo por ele construída e que foi destruída pelo fogo 500 anos depois. Contudo, suas relíquias foram salvas e, por ocasião da trasladação, ocorreram vários milagres. O Papa Gregório IX reconheceu oficialmente a santidade do grande bispo Virgílio, que recebeu um vasto culto popular, sobretudo na Alemanha.
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