06 de Setembro São MarãoA Igreja Oriental teve, desde os primeiros séculos, uma forte tradição monástica, muito anterior às iniciativas monásticas no Ocidente. Basta pensar nos eremitas Santo Antão e São Pacônio no Egito, Santo Hilarião e São Beda na Palestina, nos monges da Cálcida, ao tempo de São Jerônimo, e nos monges que se inspiraram na regra de São Basílio, Doutor da Igreja. Menos conhecido por nós é outro grande benemérito da vida monástica no século V, São Marão, cuja influência benéfica perdura até nossos dias. São Marão, defensor da fé católica no Oriente, nasceu em 353 na cidade de Antioquia da Síria, cidade onde os discípulos de Cristo receberam pela primeira vez o nome de cristãos. Esta mesma cidade foi a primeira sede episcopal de São Pedro, antes de viajar para Roma. Teve Marão educação esmerada. Os pais gravaram no coração do filho as máximas do Evangelho, que ele soube cultivar com grande fervor. Condiscípulo e amigo de São João Crisóstomo, Marão dedicou-se desde a mais tenra idade à prática das virtudes. Em plena mocidade, abandonou o mundo, para seguir a vida contemplativa, fundando mais tarde numerosos mosteiros em várias regiões da Síria e do Líbano. A fama das virtudes do monge atraiu muitos discípulos de ambos os sexos, que seguiram seus santos exemplos. Muitos dos seus discípulos se tornaram homens importantes na Igreja, como bispos e defensores da fé contra as heresias do monofisitismo e do nestorianismo. Alguns também sofreram o martírio nas subseqüentes invasões persas e muçulmanas. Os numerosos mosteiros fundados por São Marão conservavam firme tradição e união entre eles, na disciplina e também na liturgia que adotou a língua falada ao tempo de Cristo. Deste grande movimento litúrgico promovido por São Marão e seus monges nasceu a liturgia maronita, largamente usada também hoje em dia em várias regiões, como na Síria, no Líbano e até numa região da índia. Os Monges Maronitas, seguidores da disciplina e doutrina de São Marão, foram verdadeiros missionários e defensores da ortodoxia católica no Oriente agitado por tantos erros. As comunidades cristãs, por eles formadas, por terem adotado uma liturgia própria, se conservam compactas e sobrevivem com o nome de “cristãos maronitas”, ou católicos de rito maronita. A maior parte deles vive no Líbano. São Marão morreu por volta de 407, no mesmo ano em que morreu no exílio seu grande amigo com o qual mantinha correspondência, São João Crisóstomo, Doutor da Igreja. Os mosteiros por ele fundados se conservaram por muitos séculos e só foram destruídos pela violência dos turcos, por volta do ano 1000. No entanto, os monges continuaram em outras regiões e se contam às centenas ainda hoje. Uma notável parte das relíquias de São Marão foram trasladadas para a cidade de Foligno, no centro da Itália, onde são guardadas com muita veneração. Durante sua vida e mesmo depois da morte, este santo se tornou famoso pelos numerosos milagres que operou. Muitas são no Oriente as igrejas dedicadas a seu nome. Mesmo no Brasil, muitos fiéis do rito maronita conservam a sua memória e invocam seu nome.
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