Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

10 de Setembro

Bem-Aventurado Guilherme

A história registra numerosos personagens com o nome de Guilherme: desde imperadores, príncipes, até filósofos, teólogos e artistas. Contudo, a maior glória do homem está na santidade de sua vida. Também na hagiografia cristã são comemorados vários santos com este nome: três bispos e cinco abades. Viveram todos por volta do ano 1000.

Nossa especial atenção hoje se dirige ao bem-aventurado Guilherme, abade do mosteiro de São Teodoro, perto de Reims, na França. De todos os santos com este nome foi ele de fato o mais eminente na doutrina que deixou consignada em numerosas obras de teologia e espiritualidade.

Nasceu no norte da França, em 1085, de família distinta. Após os estudos humanísticos, ingressou na abadia beneditina de São Thierry, perto de Reims, onde, devido ao seu saber e virtudes, chegou a ser eleito abade. Guilherme foi contemporâneo e amigo do grande Doutor da igreja, São Bernardo, reformador da vida cisterciense. Com ele Guilherme se ergueu na defesa da doutrina ortodoxa contra os erros de Abelardo (intelectualismo na fé) e de Guilherme de Conches (panteísmo imanentista).

Participou das grandes controvérsias doutrinais do seu tempo, escrevendo obras de grande valor. Defendeu a presença real de Cristo na Santíssima Eucaristia, escreveu sobre a natureza e dignidade do amor e um belíssimo tratado, muito original, sobre a psicologia da fé; foi também o primeiro a escrever uma biografia de São Bernardo, quando este estava ainda vivo.

Nos últimos anos de sua vida, Guilherme renunciou ao cargo de abade e retirou-se para um mosteiro cisterciense, a fim de dedicar-se mais tranqüilamente à oração e contemplação.

Homem de grande erudição genial e artística, Guilherme foi um cultor da doutrina dos grandes Padres dos primeiros séculos do cristianismo. Embora grande admirador da doutrina de São Bernardo, conservou sempre autonomia e originalidade de pensamento. Seu saber iluminado por uma espiritualidade profundamente vivida e por uma vida evangélica. Granjeou grande admiração entre os contemporâneos e, depois da morte, que se deu em setembro de 1148, recebeu o culto de veneração por seus monges.

Ao defender a fé como dom do Espírito Santo contra o intelectualismo de Abelardo, Guilherme escreveu: “Deus é Espírito, assim como é necessário que aqueles que o adoram o façam em espírito e em verdade, igualmente, aos que o querem conhecê-lo e entendê-lo, necessário se faz que procurem tão-somente no Espírito Santo a inteligência da fé e o sentido de sua verdade pura e nua. Nas trevas e ignorância desta vida, ele é a luz que ilumina os pobres de espírito; é a caridade que atrai, é a gratificante suavidade; ele é o acesso do homem a Deus; o amor do que ama; a dedicação, a piedade. Da fé para a fé, revela ele aos fiéis a justiça de Deus, dando graça sobre graça, fé recebida pelo ouvido à fé esclarecida”.