Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

23 de Setembro

Santa Tecla, Virgem e Mártir

Celebérrima na Igreja Católica, pelos Gregos chamada a proto-mártir do sexo feminino, Santa Tecla é uma das figuras mais salientes dos tempos apostólicos. Não se sabe ao certo se é natural de Isaúria ou de Licaônia. Da cidade de Antioquia, na Pisídia, onde sofreram brutal flagelação, Paulo e Báruchas se dirigiram a Icônium, centro industrial, na Ásia Menor. Foi lá que à religião de Cristo se converteu a jovem pagã Tecla prometida em casamento a Tamiris. Da vida e da conversão de Tecla por São Paulo falam largamente as tais chamadas. “Atas de Paulo e Tecla” que tem por autor um sacerdote da Ásia Menor. Estas atas, até 195 lograram grande circulação na Igreja Oriental, mas foram declaradas apócrifas por um tribunal eclesiástico, e seu autor incorreu em grande censura. Ainda assim o livro continuou gozando certa popularidade na Ásia Menor e na Igreja Oriental. Não tanto assim no Ocidente, onde experimentou esmagadora crítica de Tertuliano e São Jerônimo. Nos escritos de São Paulo o nome de Tecla não aparece, se bem que fala das perseguições, dos sofrimentos por que o fizeram passar em Icônium. (2 Tm 3, 11).

As atas de Paulo e Tecla relatam os seguintes fatos:

Avisado por Tito, da chegada de Paulo, o cristão iconiense Onesíforo hospedou o Apóstolo em sua casa. Em uma das suas conversas ou instruções Paulo falando da castidade, enalteceu o valor e a eminência desta virtude. A jovem Tecla, moradora da casa vizinha da de Onesíforo, da janela aberta ouviu todo o discurso do Apóstolo. Tanto se enlevou na doutrina sobre a virgindade, que deixou cair o plano de casamento. As famílias, tanto da jovem, como do noivo, tudo fizeram para demover Tecla das suas idéias, por elas taxadas de exageradas, ou diabolicamente inspiradas. São Paulo foi posto de vigilância e finalmente encarcerado. Tecla, por sua vez, permaneceu firme nas suas convicções, procurou Paulo por diversas vezes no cárcere, o que lhe importou a vingança de Tamiris, que a denunciou ao Procônsul. Este a condenou à morte pelo fogo, mas das chamas da fogueira saiu ilesa. Na cidade de Icônium formaram-se dois partidos, pró e contra Paulo e sua doutrina. A luta terminou com uma feroz perseguição ao Apóstolo, o qual levou cruéis pancadas. São Lucas fala de grandes resultados da pregação apostólica, e relata também o fato de em Icônium ter-se realizado um grande comício antipaulino, em conseqüência do qual, São Paulo e Barrabás tiveram de fugir apressadamente da cidade para não serem alcançados pelos calhaus de apedrejamento.

Tecla e São Paulo se encontraram ainda em Antioquia (Pisídia) e, pela última vez em Myra. Em Antioquia Tecla foi novamente levada aos tribunais, e esta vez condenaria às feras. Atirada aos leopardos e tigres, estes se deixaram acariciar pela jovem, cujas mãos mansamente lamberam.

A outro suplício ainda foi sujeita a fiel discípula de São Paulo. Trancada numa caverna cheia de serpentes venenosas, estas nenhum mal lhe fizeram. Fortíssima tempestade, que inesperadamente se desencadeou, fez os seus perseguidores apavorados fugir.

Os últimos anos de sua vida passou-os em Seleucia, onde conseguiu obter a conversão de muitos pagãos, e onde morreu com noventa anos de idade.

Na Igreja Oriental Tecla goza de uma veneração comparável à de Inês no Ocidente.

O corpo da Santa foi sepultado em Seleucia igreja, onde os Imperadores cristãos mais tarde erigiram uma dedicada à sua memória. Os grandes milagres com que Deus se dignou de distinguir a sepultura de sua serva, atraíram grandes peregrinações de fiéis de todas as partes do Império. A igreja principal de Milão traz o nome de Santa Tecla, e nela está guardada grande parte de suas preciosas relíquias.

Santa Tecla é padroeira dos agonizantes. É invocada também contra moléstias da vista.

 REFLEXÕES

Fiel discípula do Apóstolo São Paulo, Tecla tão bem compreendeu o alto valor da pureza de coração, que resolveu cultivar esta virtude, embora lhe custasse a vida. Bem diferente é o modo de pensar do mundo e dos seus amigos. O mundo não é apreciador da virtude angélica. Tanto mais a quer Deus; tanto mais é o encanto “dos Santos e Anjos do céu. Jesus Cristo, o rei dos puros, fez-se rodear de almas puras e castas. Puros e castos eram São José e Maria, sua Mãe santíssima; puro era São João, que teve a dita de repousar a cabeça sobre o peito do Mestre no último dia. Os Santos todos eram cultivadores e amantes desta beta virtude, que habilita as almas para verem a Deus. Inúmeras são as honrosas referências dos Santos Padres à virtude da pureza e os elogios que lhe tecem. Não se deve concluir de tudo isso, que a castidade é uma virtude respeitadíssima e agradável a Deus? Quem a perdeu, procure readquiri-la por atos contínuos de penitência exterior e interior. Quem a possui, guarde-a como um tesouro de inestimável valor.