Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

30 de outubro de 2020

 

OS FILHOS E FILHAS DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E DAS DORES DE MARIA SANTÍSSIMA DEVEM SER FIÉIS À VOCAÇÃO, DESPREZANDO, COM RIGOR, A COVARDIA DE JUDAS ISCARIOTES

 

1.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

O traidor foi chamado pelo Mestre para ser Apóstolo. Foi chamado pelo nome: “Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte de males e enfermidades. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, também chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, o filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu” (Mt 10, 1-4).

Judas fora chamado ao Apostolado da mesma maneira que os outros. Também ele devia ser testemunha de Jesus Cristo, tal como os outros Onze: “Judas fora escolhido e chamado pelo próprio Cristo para ser Apóstolo. Quando, depois da Ascensão, for preciso preencher a sua vaga, Pedro recordará que ele era um dos nossos e teve parte no nosso ministério (At 1, 17)” (Pe. Francisco Fernández Carvajal).

 

 

2.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

Judas Iscariotes não nasceu traidor. Ele foi escolhido por Jesus Cristo para ser luz… para produzir muitos frutos: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto” (Jo 15, 16). Ele foi chamado por Jesus… se tornou Apóstolo pela vontade do Senhor.

Judas não perseverou até o fim. Sem perseverança, impossível é chegar à santidade ou à salvação. Judas Iscariotes foi chamado para seguir a Nosso Senhor Jesus Cristo… para ser Apóstolo… (Mt 10, 4), mas não perseverou e se perdeu: “Quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome que me deste; guardei-os e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição” (Jo 17, 12). São Jerônimo escreve: “Um Saul, um Judas, um Tertuliano, começaram bem, mas acabaram mal, porque não perseveraram como deviam” (Escritos).

 

 

3.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

O lugar que Judas ocupou no Colégio dos Doze permanece como uma mancha tenebrosa. Por que terá o Senhor chamado a esse pequeno círculo alguém que havia de cair da árvore como um fruto verde, completamente inútil e sem proveito?

Judas não se tornou Apóstolo por vontade própria, mas pela Vontade de Jesus Cristo.

Jesus Cristo fez de Judas Iscariotes seu Apóstolo e seu amigo,

confiando-lhe a pérola preciosa do Evangelho: “Não deis aos cães o que é santo, nem atireis as vossas pérolas aos porcos, para que não as pisem e, voltando-se contra vós, vos estraçalhem” (Mt 7, 6).

 

 

4.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

Judas Iscariotes devia encontrar-se longe de Jesus Cristo já desde muito tempo, embora continuasse na sua companhia: “Quem traiu Jesus não foi um daqueles setenta e dois discípulos; mas sim, um dos doze, mais íntimo d’Ele, foi um Apóstolo que recebeu extraordinários favores do Senhor, que recebeu poder de expulsar demônios e de fazer milagres” (Pe. Ramón Genover, Arca da Salvação).

Judas se “esqueceu” dos momentos felizes passados ao lado de Jesus Cristo. Agora já não se lembra dos milagres, das curas, dos seus momentos felizes ao lado do Mestre, e da sua amizade com os Apóstolos.

O traidor fez milagres e pregou o Evangelho. Muitos enfermos foram curados por Judas Iscariotes… expulsou muitos demônios… muitos conheceram a Jesus através de suas pregações: “Chamou a si os Doze e começou a enviá-los dois a dois… Partindo, eles pregavam… expulsavam muitos demônios, e curavam muitos enfermos…” (Mc 6, 7. 12-13). Começou bem, mas não perseverou… perdeu tudo!

 

 

5.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

Judas Iscariotes também brilhou, mas não perseverou no bom exemplo, apagou-se rapidamente: “Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte de males e enfermidades” (Mt 10, 1). Judas era um dos doze. Infeliz do católico que deixa de brilhar com o bom exemplo!

Judas curou muitos doentes e possessos, por incrível que nos possa parecer, também muitos doentes e possessos foram curados por ele e muitas aldeias da Galileia e da Judeia receberam dele as primeiras noções sobre Jesus Cristo.

Jesus Cristo depositava em Judas Iscariotes a mesma confiança que depositava no resto dos discípulos.

 

 

6.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

O amor de Judas por Jesus Cristo foi se esfriando, ele permitiu que o seu amor por Cristo se fosse esfriando e então ficou num mero seguimento externo.

A vida de Judas, de entrega amorosa a Deus, converteu-se numa farsa, mais de uma vez deve ter considerado que teria sido muito melhor se não tivesse seguido a Jesus Cristo.

O traidor ficou desorientado. Agora Judas Iscariotes é um homem desorientado, descentrado, capaz de cometer deliberadamente a loucura a que acaba de entregar-se.

Os pensamentos do traidor deviam andar longe. Nada se passaria exteriormente, mas os seus pensamentos deviam andar longe.

 

 

7.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

O pecado de Judas foi o da cobiça. Conforme a opinião mais difundida, o pecado de Judas Iscariotes resultou da sua cobiça: “O décimo mandamento desdobra e completa o nono, que se refere à concupiscência da carne. Proíbe a cobiça dos bens dos outros, raiz do roubo, da rapina e da fraude, que o sétimo mandamento proíbe” (Catecismo da Igreja Católica, 2534).

São Mateus, que tinha sido publicano, apresenta a traição de Judas Iscariotes como intimamente vinculada à cobiça: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata” (Mt 26, 14).

Judas viveu a “entrega ao próprio eu?” Esta egoísta e humilhante “entrega ao próprio eu” foi o pecado característico de Judas, e a ambição e a cobiça foram apenas os seus sinistros resplendores: “Repleto estava Judas de tanto veneno de fraude que entregou a seu mestre e Senhor; abrasado em tais chamas de cobiça que por dinheiro vendeu a Deus infinitamente bom, por vil moeda o sangue preciosíssimo de Cristo” (São Boaventura, Obras Escolhidas).

 

 

8.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

Judas Iscariotes foi dando “voltas” ao seu plano diabólico se colocando como defensor da “pátria”, e a Jesus Cristo como culpado. É possível. Que fazia de mal - diria de si para si – denunciando o Senhor às autoridades? Não tinham estas o direito e a obrigação de velar pela segurança pública? Não podia ele contribuir para livrar a sua pátria e o seu povo da intranquilidade gerada pelo “falso Messias?” Não tinha Cristo predito claramente o seu próprio destino, invocando o testemunho dos Profetas? E se ele, Judas, auferisse algum lucro dessa operação, já que não era tarefa isenta de risco, que podia haver de reprovável nisso? Dessa forma, foi Judas, o traidor, dando “voltas” ao seu plano diabólico.

O primeiro passo no caminho da maldade é sempre o mais difícil.

Quando Judas fixava os seus olhos turvos em Jesus Cristo, sentia vacilarem os seus propósitos.

 

 

9.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

O demônio empenhou-se desde os primeiros passos de Cristo para eliminá-lo, com um zelo verdadeiramente diabólico, o demônio tinha-se empenhado desde os primeiros passos de Cristo pelo mundo em eliminar esse adversário perigosíssimo, antes de se ver derrubado por Ele (Mt 4, 1; Jo 12, 31).

Foi o demônio que cegou Judas Iscariotes. O Maligno cegou Judas, mas com o seu consentimento: “Foi o demônio que tinha cegado Judas e o fez cometer aquela traição; foi o demônio que agora o fez ver o seu pecado e o encheu de inquietação e de medo” (Pe. Luis de la Palma, A Paixão do Senhor).

O demônio encontrou em Judas Iscariotes uma porta escancarada, precisamente no círculo dos seguidores mais íntimos de Jesus, porque, quem abandona as alturas, como Judas, cai pelo seu próprio peso nos mais profundos abismos: “Mas como homem se guiou pela hipocrisia diante do Senhor, neste momento não soube dar com o verdadeiro caminho. Não lhe doía ter ofendido a Deus, não desejava emendar-se e servi-lo, o seu arrependimento não o levou a uma verdadeira penitência, mas ao desespero, afogando-se no seu próprio pecado. Doía-se por si mesmo, por se ter enganado, porque os homens iam odiá-lo, mas não por amor a Deus” (Pe. Luis de la Palma, A Paixão do Senhor).

 

 

10.ª Reflexão

 

Em Mt 26, 14 diz: “Então um dos Doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: ‘Que quereis vós dar-me se vo-lo entregar?’ Fixaram-lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata”.

 

Judas Iscariotes enforcou-se. Lançado no desespero pela dureza dos sacerdotes, Judas, o traidor, foi e enforcou-se (Mt 27, 5).

Quando foi que Judas Iscariotes enforcou-se? É duvidoso se ele enforcou-se enquanto devolveu o dinheiro. Alguns dizem que ele enforcou-se depois da ressurreição de Jesus Cristo, ao ficar sabendo do grande prodígio que não esperava. Foi nesse momento que perdeu toda a esperança ao ver que na realidade havia vendido o Redentor do gênero humano, então enforcou-se, comenta o Pe. Juan de Maldonado. Porém, o mais correto, é que Judas enforcou-se assim que devolveu o dinheiro, como está em São Mateus 27, 5.

O evangelista fala sobre a árvore na qual Judas Iscariotes enforcou-se? O evangelista não fala sobre árvore alguma, e talvez nem fosse preciso de árvore para que ele cometesse o suicídio. Um escritor diz que a árvore foi a figueira infrutífera. Também, em opinião dos judeus, foi a figueira a árvore proibida por Deus a Adão e Eva no paraíso: “E saindo, castigou-se ele mesmo com uma corda, tendo uma morte horrível do alto de uma figueira” (Juvenco, Poesia).

Judas ficou suspenso entre o céu e a terra. Rábano Mauro escreve: “Judas ficou suspenso no ar, como se do céu e da terra fosse expulso”.

Judas Iscariotes se fez juiz da sua culpa: “Não havia quem pudesse castigar o pecado de Judas e ele mesmo se fez juiz da sua culpa e executor da sua pena” (Pe. Luis de la Palma, A Paixão do Senhor).

As entranhas de Judas Iscariotes derramaram-se: “… caindo de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, derramando-se todas as suas entranhas” (At 1, 18). Nem as próprias entranhas suportaram o traidor: “Nem a terra recebeu o seu corpo, nem o céu a sua alma. Escolheu o ar por morada, onde habitam os demônios, e ali se apoderaram dele e, como estava escrito, o demônio sentou-se à sua direita, como o advogado se senta à direita do acusado” (Pe. Luis de la Palma, A Paixão do Senhor).

 

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

30 de outubro de 2020

 

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Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP(C). “Os Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima devem ser fiéis à vocação, desprezando, com rigor, a covardia de Judas Iscariotes”

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