PARÁBOLA DA FIGUEIRA ESTÉRIL

 (Lc 13, 6-9)

 

 "6 Contou ainda esta parábola: 'Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. 7 Então disse ao vinhateiro: 'Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera? 8 Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo. 9 Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás".

 

 

Em Lc 13, 6-7 diz: "Contou ainda esta parábola: 'Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: 'Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?"

Um homem tinha na sua vinha uma figueira que cultivava com todo desvelo. No inverno revestia-a de palha e cobria-lhe as raízes, para ficarem defendidas dos rigores do frio. Quando o tépido abril fazia surgir os primeiros botões, ele regava-a de manhã e à tarde, e a seu tempo podava-a oportunamente para lhe dar maior vigor.

Em tempo oportuno, esse homem veio buscar frutos na figueira, que estava bem cuidada "mas não encontrou".

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: "A figueira simboliza Israel, que não soube corresponder à dedicação que Deus, dono da vinha, manifestou uma e outra vez sobre ele; representa também todo aquele que permanece improdutivo diante de Deus".

O católico não pode ser uma figueira estéril. Deus insiste na necessidade de produzir frutos abundantes correspondendo às graças recebidas: "A semente é a palavra de Deus. Os que estão ao longo do caminho são os que ouvem, mas depois vem o diabo e arrebata-lhes a Palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolhem a Palavra com alegria, mas não têm raízes, pois crêem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. Aquilo que caiu nos espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam à maturidade. O que está em terra boa são os que, tendo ouvido a Palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança" (Lc 8, 11-15), e: "Àquele a quem muito se deu, muito será pedido, e a quem muito se houver confiado, mais será reclamado" (Lc 12, 48).

Por que o católico deve produzir frutos?

1. Porque ele pertence à única Igreja fundada por Nosso Senhor: "... sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mt 16, 18).

2. Porque ele é herdeiro do paraíso: "O Sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, que apaga o pecado original e também o atual, se o há; perdoa toda a pena por eles devida; imprime o caráter de cristão; faz-nos filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros do Paraíso, e torna-nos capazes de receber os outros Sacramentos" (São Pio X, Catecismo Maior, Parte IV, capítulo II).

3.  Porque ele é soldado de Jesus Cristo: "A Confirmação ou Crisma é um Sacramento que nos dá o Espírito Santo, imprime na nossa alma o caráter de soldados de Cristo, e nos faz perfeitos cristãos" (São Pio X, Catecismo Maior, Parte IV, capítulo III).

Infeliz do católico, figueira estéril, que permanecer acomodado e indiferente dentro da Santa Igreja; esse não se salvará: "Não basta para nos salvarmos o sermos de qualquer maneira membros da Igreja católica, mas é preciso que sejamos seus membros vivos. Os membros vivos da Igreja são todos os justos e só eles, isto é, aqueles que estão atualmente na graça de Deus" (São Pio X, Catecismo Maior, Parte I, capítulo X), e: "Não se salva, contudo, embora incorporado à Igreja, aquele que, não perseverando na caridade, permanece no seio da Igreja 'com o corpo', mas não 'com o coração'. Lembrem-se todos os filhos da Igreja que a condição sem igual em que estão se deve não a seus próprios méritos, mas a uma peculiar graça de Cristo. Se a ela não corresponderem por pensamentos, palavras e obras, longe de se salvarem, serão julgados com maior severidade" (Lumen Gentium, 14).

O católico deve produzir muitos frutos, deve ser uma ótima figueira, para esse fim ele foi criado por Deus: "Cristo deixou-nos na terra a fim de que nos tornássemos faróis que iluminam, doutores que ensinam; a fim de que cumpríssemos o nosso dever de fermento; a fim de que nos comportássemos como anjos, como anunciadores entre os homens; a fim de que fôssemos adultos entre os menores, homens espirituais entre os carnais a fim de os ganharmos; a fim de que fôssemos semente e déssemos frutos numerosos. Nem sequer seria necessário expor a doutrina, se a nossa vida fosse irradiante a esse ponto; não seria necessário recorrer às palavras, se as nossas obras dessem um tal testemunho. Não haveria mais nenhum pagão, se nos comportássemos como verdadeiros cristãos" (São João Crisóstomo, Hom. X in ITm.; Migne, PG LXII, 551).

Para que serve uma figueira estéril? Para nada! Somente para ocupar lugar.

Para que serve um católico que agride a Santa Igreja, que desobedece aos Mandamentos da Lei de Deus, que zomba dos Mandamentos da Igreja, que debocha de sua Pura Doutrina e que segue as máximas do mundo? Para nada! Esse tipo de gente só ocupa lugar, isto é, diz ser católico, mas age pior que os pagãos. Isso tem futuro? O que a Santa Igreja pode esperar desses estéreis?

"Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: 'Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?"

O homem não ficou calado diante da figueira estéril nem a elogiou, mas disse ao vinhateiro: "Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?"

Católico, não abuse da bondade de Nosso Senhor. Deus é misericordioso, mas não espera sempre: "O Senhor é bom; mas também é justo. Não queiramos considerar unicamente uma das faces de Deus" (São Basílio Magno), e: "Se Deus espera com paciência, não espera sempre. Pois, se o Senhor sempre nos tolerasse, ninguém se condenaria" (Santo Afonso Maria de Ligório, Consideração XVII, Ponto I).

Católico, descruze os braços e trabalhe para salvar a sua alma, seja um missionário fervoroso, saia do comodismo e ajude as pessoas que estão nas trevas a se aproximarem de Deus, empregue o seu tempo em fazer o bem, aproxime-se assiduamente dos sacramentos, observe a Santa Doutrina Católica, etc., vivendo assim, você será uma figueira agradável ao  Senhor.

Por que você é uma figueira estéril? Acaso Deus se descuidou de você, para que pudesse arranjar uma desculpa em ser estéril? Não! Com certeza o Senhor cuidou muito bem de ti.

Não seja negligente! Cuidado para não ser cortado! "Se a nossa vida não for cheia de boas obras, se o amor que dizemos ter a Deus não for produtivo, nós estamos entulhando o terreno.

Na Igreja de Deus nós somos seres inúteis que perdem o tempo e desperdiçam uma linfa fertilíssima que por nossa culpa se torna estéril. Então não é nada para admirar se nos couber uma sentença terrível: Corta-o.

Mas eu - dirá alguém - não faço nada de mal!

Não importa: não és um prejudicial, mas és um inútil, porque não fazes nada de bem.

Corta-o! Seja cortado como uma árvore seca, não obstante ainda estar verde; seja-lhe tirada qualquer comunicação com o Sangue de Cristo, isto é, seja ele separado para sempre de Cristo, que por ele se encarnou e morreu inutilmente.

Tornar Cristo inútil! Eis a desventura máxima que possa tocar a um cristão.

Seja lançado no inferno aquele que era feito para o Paraíso! Arda para sempre nas chamas devoradoras aquele que deveria ser abeberado da torrente das graças de Deus" (Pe. João Colombo).

Em Lc 13, 8-9 diz: "Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo.  Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás".

O vinhateiro pediu: "Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque adubo.  Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás".

O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena escreve: "Por esta misericórdia, suplica Jesus ao Pai, a fim de que prolongue o tempo e espera, para que cada um se emende... A cada pessoa, oferece Jesus sua graça, vivifica-a com os méritos de sua Paixão, alimenta-a com seu Corpo e Sangue, suplica para ela a misericórdia do Pai: que poderia fazer mais? Cabe ao homem não abusar de tantos benefícios, mas deles se servir sempre melhor, a fim de dar frutos de autêntica vida cristã" (Intimidade Divina, 69, Ano C), e: "Voltai-vos para mim, Senhor, e livrai minha alma... fazei que eu me converta, pois sinto as dificuldades e o cansaço unidos à minha conversão..." (Santo Agostinho, No Sl 6, 5).

O Senhor nos quer bem, e, embora talvez há mais de três anos sejamos plantas estéreis, Ele quer deixar-nos ainda mais um ano - outro tempo de prova.

Ele continuará os seus desvelos amorosos, antes... fará mais: dar-nos-á maiores graças... porém, depois não haverá misericórdia: "Esta clemência divina, porém, não nos pode levar a descuidar os nossos deveres, adotando uma posição de preguiça e de comodidade que tornaria estéril a própria vida. Deus ainda que seja misericordioso também é justo, e castigará as faltas de correspondência à Sua graça" (Edições Theologica), e: "Para as plantas obstinadamente estéreis, não há outra sorte senão o corte e o fogo" (Pe. João Colombo), e também: "Há um caso que nos deve doer sobremaneira: o daqueles cristãos que podiam dar mais e não se decidem; que podiam entregar-se totalmente vivendo todas as consequências da sua vocação de filhos de Deus, mas resistem a  ser generosos. Deve-nos doer, porque a graça da Fé não se nos dá para ficar oculta, mas para brilhar diante dos homens (cfr Mt 5, 15-16); porque, além disso, está em jogo a felicidade temporal e eterna dos que procedem assim. A vida cristã é uma maravilha divina, com promessa de imediata satisfação e serenidade, mas com a condição de sabermos apreciar o dom de Deus (cfr Jo 4, 10), sendo generosos sem medida" (São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n° 147).

Católico, é vontade de Deus a vossa santificação. Não abuse da misericórdia do Senhor e não jogue fora as suas graças, pelo contrário, seja fiel a Cristo e cresça a cada dia na santidade: "Que o santo continue a santificar-se" (Ap 22, 11).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 21 de junho de 2007

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Parábola da figueira estéril"

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