UM RAMO SEPARADO DO TRONCO SERVE SOMENTE PARA O FOGO

(Jo 15, 6)

 

“Se alguém não permanece em mim é lançado fora, como o ramo, e seca; tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e se queimam”.

 

Deus misericordioso que quer que todos os homens se salvem, logo depois dos primeiros pais no paraíso terem caído no pecado, prometeu-lhes e aos seus descendentes um Redentor, por cujos méritos infinitos poderiam remediar a culpa e conseguir a eterna bem-aventurança, se n’Ele acreditassem, esperassem e procedessem conforme a lei natural gravada no coração do homem. O gênero humano, ao invés de corresponder a tanta bondade, cada vez mais se afastou de Deus. Então, com a vocação de Abraão do meio da corrupção universal, escolheu um povo, ao qual revelou por escrito as leis das duas tábuas que determinam de um modo claro e preciso os nossos deveres para com Deus, para com o próximo e para conosco mesmos. A revelação da lei mosaica foi, no decorrer dos tempos, ilustrada pelas revelações feitas aos profetas, até que recebesse o máximo esplendor e a máxima perfeição de Jesus, Filho de Deus e nosso Salvador. A união de todos os fiéis, que desde Adão acreditaram, e que até o fim dos séculos acreditarão e esperarão no Redentor, observando sempre a lei divina, constitui a Igreja Católica Apostólica, a Igreja fundada por Jesus Cristo, Deus eterno e verdadeiro. A Igreja é a imensa sociedade dos eleitos que militam aqui na terra, ou que já triunfam no céu, ou que sofrendo no Purgatório, se purificam das manchas que lhes ficaram na alma depois da morte.

Fora da Santa Igreja fundada pelo Deus Eterno não há possibilidade de salvação.

É impossível salvar-se estando separado de Cristo, pois Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6). Fora de Nosso Senhor está o abismo, o erro e a morte. Ele é a videira e nós somos os ramos (Jo 15, 5). Um ramo cortado do tronco está morto e só serve para o fogo. Foi Cristo Jesus que disse: “Quem não está a meu favor está contra mim, e quem não ajunta comigo, dispersa” (Lc 11, 23). Ora, é impossível estar unido a Jesus Cristo sem estar unido à sua Igreja. Jesus Cristo e sua Igreja formam uma só coisa. Ele é a cabeça, o espírito, a alma e a vida da Igreja: “Fora deste corpo o Espírito Santo não vivifica pessoa alguma, porque fora deste corpo ninguém participa da caridade divina” (Santo Agostinho). Daí se conclui que é impossível que se salvem aqueles que não pertencem à Igreja de Jesus Cristo, como possível não é que se salvem aqueles que lhe pertencem pelo batismo, mas que não têm seu espírito, por terem renegado a fé com palavras e obras.

São Pio X escreve: “Fora da Igreja Católica Apostólica Romana ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja” (Catecismo Maior), e: “Quem está fora da Igreja não possui a verdade” (Santo Irineu de Lião), e também: “A túnica do Salvador não foi rasgada” (São Cipriano), e ainda: “Quem não entrar na arca de Noé será varrido pela tempestade do pecado” (São Jerônimo), e: “A arca é símbolo da Igreja: sem a Igreja não há salvação contra a tormenta deste mundo” (Alfred Barth), e também: “Ninguém poderá alcançar a salvação e a vida eterna se não tiver Cristo como cabeça. E ninguém poderá ter Cristo como cabeça, se não fizer parte de seu corpo que é a Igreja” (Santo Agostinho), e ainda: “Chama-se também universal, porquanto os que desejam a salvação eterna devem todos professá-la e prestar-lhe obediência, assim como os que deviam entram na Arca para não perecerem nas águas do Dilúvio” (Catecismo Romano).

A Igreja de Nosso Senhor é somente uma.

É uma só pela sua constituição essencial, sendo ela a união de todos os eleitos com Jesus Cristo: “Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos, para que venhais também fazer parte da nossa sociedade, e nossa sociedade seja com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1, 3). A Igreja é uma em sua fé: “Um só Deus, uma só fé, um só batismo” (Ef 4, 5). A fé é uma, isto é, aquela que resulta de toda a verdade revelada por Jesus Cristo e transmitida a nós pelos Apóstolos e evangelistas, sem que lhe aumente a mais insignificante variação, sem que lhe tire a mínima coisa. Quando a Igreja decide qualquer ponto da doutrina, não revela um novo artigo de fé, mas declara que aquela doutrina foi revelada por Jesus Cristo e transmitida pelos Apóstolos. A Igreja considera herege todo aquele que nega, adultera ou modifica qualquer artigo de fé. Prefere sofrer como já sofreu as mais cruéis perseguições e a apostasia de nações inteiras, a consentir que se corrompa sua unidade e a inviolabilidade da fé. Que coisa grandiosa e bela é esta unidade da doutrina confrontada com a babélica confusão que divide centenas e centenas de seitas protestantes entre si! Como ressalta bela e fulgurante esta unidade, quando comparada com a instabilidade perpétua da ciência humana!

A Igreja de Cristo é uma em sua direção. Há uma cabeça invisível que é Jesus Cristo; tem seu chefe visível que é o Papa. O Papa forma na direção da Igreja uma só coisa com Jesus Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. A ti eu dou as chaves do céu, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 16, 18-19).

Santo Agostinho escreve: “Sobre esta pedra, isto é, sobre mim mesmo, porque a pedra era Cristo”.

Só a Pedro foi que Nosso Senhor disse: “Apascenta as minhas ovelhas, apascenta os meus cordeiros” (Jo 21, 15 ss).

São Roberto Belarmino comenta: “Se a Igreja romana é a cabeça de todas as igrejas e se mantém em todo seu vigor; se entre as cadeiras dos outros apóstolos a de São Pedro resistiu indefectível a todos os assaltos; se no decurso dos séculos, como no princípio, sua fé indestrutível é anunciada a todo o universo, é esta uma prerrogativa única e excelente, um privilégio divino, concedido só a ela, porque é um dom de Deus e não efeito do seu trabalho, e assim ninguém se glorie de si próprio”.

A Igreja de Jesus Cristo é santa.

Em Efésios 5, 25 ss diz: “Jesus Cristo amou sua Igreja e por ela se entregou para santificá-la, purificando-a no batismo da água, pela palavra da vida, para apresentar a si mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem outro defeito semelhante, mas santa e imaculada”.

A Igreja é a “pomba única, a única perfeita” (Ct 6, 9), é a “cidade dos Santos” (Is 1, 26). Nela habita Deus espiritualmente com sua graça, corporalmente na Santíssima Eucaristia. Santo é o Evangelho por ela anunciado; santos são os sacramentos que administra; santa é sua doutrina; santa sua moral, santo seu culto. Todos os seus membros são chamados à santidade e santos são os bons cristãos que, dóceis e obedientes, seguem seus ensinamentos; santos são os bem-aventurados do céu; santas são as almas do purgatório. São da Igreja os heróis da santidade e do sacrifício sublime: milhões de mártires, de bispos e confessores veneráveis, de virgens ilibadas que renunciaram ao mundo para se oferecer vítimas da oração e da caridade pelos pecadores e pelos que sofrem. São da Igreja os missionários que abandonaram a pátria sem aspirarem a uma recompensa terrena, para espalhar a luz do Evangelho nos países dos pagãos. Só a Igreja de Jesus Cristo é santa. As outras religiões permitem a corrupção do intelecto e do coração, fomentam o espírito de revolta contra a autoridade, rejeitam tudo que possa molestar os sentidos e as paixões. A parte melhor dos que pertence às seitas convertem-se à Igreja para se santificar. Dos católicos são os elementos piores que abandonam a Igreja para mais livremente se poderem entregar aos vícios; não se amoldando ao rigor da moral da Igreja Católica, tornam-se protestantes, ou espíritas, ou caem numa incredulidade absoluta.

São Pio X escreve: “Chamo a verdadeira Igreja de Santa porque Jesus Cristo, a sua cabeça invisível, é Santo, santos são muitos dos seus membros, santas são a sua Fé e a sua Lei, santos os seus Sacramentos, porque fora d’Ela não há nem pode haver verdadeira santidade”, e: “A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele; por Ele e nele torna-se também santificante” (Catecismo da Igreja Católica), e também: “A Igreja é ainda santa, porque está unida como corpo a uma cabeça santa, Cristo Nosso Senhor, fonte de toda a santidade, da qual dimanam os dons do Espírito Santo e as riquezas da bondade divina” (Catecismo Romano).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 18 de outubro de 2011

 

Bibliografia

 

Alfred Barth, Enciclopédia catequética, Vol. II

Bertetti, Escritos

Catecismo da Igreja Católica, n.º 824

Catecismo Romano, Parte I, X, 13 b e 14 c

Pe. João Batista Lehmann, Euntes... Praedicate!

Sagrada Escritura

Santo Agostinho, Escritos; De Un. Eccl. 19

Santo Irineu de Lião, Adv. Haer., 4, 33, 7

São Cipriano, De Un. Eccl., 24

São Jerônimo, Ep. 14, ad Dan., Nr. 2

São Pio X, Catecismo Maior, n.º 158 e 168

São Roberto Belarmino, Escritos

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Um ramo separado do tronco serve somente para o fogo”

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