SEJA ANÁTEMA! MARANA THA

(1 Cor 16, 22)

 

“Se alguém não ama o Senhor, seja anátema! ‘Marana tha’”.

 

“Seja anátema”: É uma fórmula de castigo e de maldição (Gl 1, 8) em sentido muito amplo; parece que levava consigo a exclusão pública da Igreja. E, sobretudo, o culpável tornava-se réu de castigo. Esta expressão dura do Apóstolo compreende-se melhor à luz de 1 Cor 12, 3: “Ninguém que fale sob a ação do Espírito de Deus pode dizer: ‘Jesus é maldito’!” Isto é, aqueles que ofendem o Senhor, porque não O amam, são merecedores do máximo castigo.

“Maranatá!”: É uma jaculatória aramaica que significa: “Vem, Senhor nosso”. Ainda que não seja provável, também poderia ler-se “Maran atha”, que significa “nosso Senhor vem ou veio”. Era tão antiga e tão usual entre os primeiros cristãos que São Paulo não considerou necessário traduzi-la. Nela se confessa Jesus Cristo como Senhor e soberano que reina desde o céu e que virá no fim dos tempos com a sua majestade e glória (Fl 4, 5; Ap 22, 20). Segundo a Didaché (X, 6), esta invocação usava-se na cristandade primitiva depois da Oração eucarística. Este antigo costume litúrgico foi introduzido de novo pelo Missal Romano, que estabelece como uma das aclamações do povo depois da consagração, a seguinte fórmula: “Anunciamos a Vossa morte, proclamamos a Vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”

O Pe. Juan Leal escreve: “Maran atha: é uma fórmula aramaica, tão antiga e venerável, que não se acostumava traduzir. Pode ter sentido indicativo: ‘O Senhor vem’; ou sentido imperativo: ‘Nosso Senhor, vem’, como traduz Ap 22, 20. A Didaché (10, 6) diz que esta invocação se usava depois da oração eucarística”.

O Pe. Lorenzo Turrado comenta: “A expressão Maran atha é uma frase aramaica que significa ‘nosso Senhor vem’, e que seguramente havia passado sem traduzir da comunidade da Palestina ao uso litúrgico das outras igrejas, igual as palavras ‘amém’ e ‘aleluia’. Alguns autores modernos preferem ler Marana tha, no imperativo, cuja tradução seria: ‘Senhor nosso, vem!’ Não é fácil decidir qual das duas lições se deve preferir. Ambas oferecem bom sentido. Se preferir a primeira, seria um recordar a parusia ou vinda do Senhor, como dizendo que Ele confirme esse ‘anátema’ ou maldição (1 Cor 12, 3) e que não escaparemos do juízo; se escolhermos a segunda, seria uma invocação ao Senhor, manifestando-Lhe nossas angústias para que venha logo (Ap 22, 20)”.

A saudação final de São Paulo, recolhida pela Liturgia nos ritos iniciais da Santa Missa, é uma fórmula de bênção que traz consigo a confissão de fé e de que o Senhor está presente entre os cristãos; e a petição de que tal presença seja fecunda e eficaz. Daí que São João Crisóstomo comenta a propósito destas palavras: “Todo o bom pastor e todo o doutor tem o dever de ajudar os seus irmãos com conselhos; mas, sobretudo, com orações e petições”.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 08 de setembro de 2013

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

São João Crisóstomo, Hom. Sobre 1 Cor, 44, ad loc.

Edições Tleologica

Pe. Juan Leal, La Sagrada Escritura (Texto y comentario)

Pe. Lorenzo Turrado, Biblia comentada

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Seja anátema! Marana tha”

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