IMENSAMENTE QUERIDO

(2 Sm 1, 26)

 

“Tenho o coração apertado por tua causa, meu irmão Jônatas. Tu me eras imensamente querido, a tua amizade me era mais cara do que o amor das mulheres”.

 

Em 2 Sm 1, 26 diz:  “... a tua amizade me era mais cara do que o amor das mulheres”.

O amor das esposas aos maridos ou das mães aos filhos costuma ser o mais terno e mais forte; mas o amor de Davi por Jônatas os superava.

Era um amor puro... uma amizade sincera; não uma amizade homossexual como afirmam muitos gays.

Diz o texto sagrado que Davi nutria profunda amizade para com Jônatas, filho de Saul (1Sm 18,1-4; 20, 1-42). Morto Jônatas, Davi cantou a elegia (poema pequeno) da qual se destaca a seguinte passagem: “Tu me eras imensamente querido; a tua amizade me era mais cara do que o amor das mulheres” (2 Sm 1,26).

Significa isto que Davi e Jônatas eram homossexuais?

1. Tal interpretação é destituída de fundamento. Mas, ainda que o vício existisse entre Davi e Jônatas, não seria modelo aprovado pela Bíblia para legitimar o homossexualismo.

2. Na verdade, Davi parece ter nutrido para com Jônatas a amizade de dois bons companheiros de luta, interessados em apaziguar os ânimos do rei Saul. Davi era o perseguido e Jônatas o protetor de Davi. Esta atitude de Jônatas basta para explicar a profunda gratidão e amizade de Davi para com Jônatas.

Notemos, aliás, que Davi teve muitas mulheres – o que não se dá com os homossexuais. Em 2 Sm 5, 13-16 diz: “À sua chegada de Hebron, tomou Davi ainda concubinas e mulheres em Jerusalém, e nasceram-lhe filhos e filhas. Estes são os nomes dos filhos que lhe nasceram em Jerusalém: Samua, Sobab, Natã, Salomão, Jebaar, Elisua, Nafeg, Jáfia, Elisama, Baalida, Elifalet”. Em 2 Sm 16,21ss  fala repetidamente das “concubinas de Davi”.

Ademais, é muito significativo o caso de Davi, que se apoderou da mulher Betsabéia, do general Urias, e, por isto, mandou matar Urias expondo-o na frente de batalha às invectivas do inimigo (2 Sm 11, 2-17). O texto sagrado dá a entender que Davi se apaixonou por tal mulher e dela teve um filho, que morreu, e outro que foi o rei Salomão. Ora, tais coisas não costumam acontecer aos homossexuais. Donde se vê que é gratuita a hipótese de ter sido Davi um homossexual.

Era grande a amizade entre Davi e Jônatas, filho do Rei Saul: “Aconteceu que, terminando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas apegou-se à alma de Davi. E Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo. Saul o reteve naquele mesmo dia e não consentiu que voltasse para a casa de seu pai. Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como a si mesmo: Jônatas tirou o manto que vestia e o deu a Davi, e também lhe deu a sua roupa, a sua espada, o seu arco e o seu cinturão” (1 Sm 18, 1-4).

Em 1 Sm 18, 1 diz: “... a alma de Jônatas apegou-se à alma de Davi”.

Diz o texto que a alma de Jônatas se apegou (niqsherah, Gn 44, 30: “Agora, se eu chego à casa de teu servo, meu pai, sem que esteja comigo o rapaz cuja alma está ligada à alma dele”), se uniu com a alma de Davi, a quem amou como a sua alma.

Em 1 Sm 18, 3 diz: “Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como a si mesmo”.

Não se especifica a natureza do pacto entre ambos; possivelmente seja “o pacto do sal”: “É uma aliança eterna de sal, diante de Deus, para ti e para a tua descendência contigo” (Nm 18, 19), e: “Não sabeis que o Deus de Israel, deu a Davi para sempre a realeza sobre Israel? É uma aliança inviolável (aliança de sal – Lv 2, 13) para ele e para seus filhos” (2 Cr 13, 5). Em virtude do qual os interessados se obrigavam a prestar-se ajuda e a não causar-se mal algum.

Entre as mostras de afeto que o rei e os cortesãos prestam a Davi, destaca a atitude de Jônatas, príncipe herdeiro, que chegou a amá-lo como a si mesmo.

Em 1 Sm 18, 4 diz: “Jônatas tirou o manto que vestia e o deu a Davi, e também lhe deu a sua roupa, a sua espada, o seu arco e o seu cinturão”.

Como símbolo desta aliança e mútua entrega, Jônatas se despoja de suas vestes e armamento e os entrega a Davi. Entre os orientais, a personalidade abarcava também as vestes (2 Rs 2, 13; Rt 3, 9); ao entregar-lhe suas vestes, quis Jônatas dar-lhe  a entender que se dava a si mesmo.

A sincera amizade entre Davi e Jônatas, além de refletir a grandeza de ambos, é fundamental para deixar claro que Davi nunca quis apoderar-se do trono, mas que chegou a ele por desígnio divino, sem violentar  os acontecimentos.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 11 de abril de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

EUNSA

Dom Estevão Bettencourt, Pergunte e Responderemos

Pe. Luis Arnaldich, Bíblia comentada

Bíblia Sagrada, Pontifício Instituto Bíblico de Roma

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Imensamente querido”

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