ESPÍRITO SANTO: ESPÍRITO DE AMOR

(Gl 5, 22)

 

“Mas o fruto do Espírito é amor...”

 

O AMOR é a primeira manifestação da nossa união com Jesus Cristo.  É o mais saboroso dos FRUTOS, aquele que nos faz experimentar que Deus está mais perto, e que visa aliviar o fardo dos outros. A caridade delicada e operativa com os que convivem ou trabalham conosco é a primeira manifestação da ação do ESPÍRITO SANTO na alma: “Não existe sinal nem marca que distinga o cristão e aquele que ama a Jesus Cristo como o cuidado dos nossos irmãos e o zelo pela salvação das almas” (São João Crisóstomo).

O primeiro fruto do ESPÍRITO SANTO nas nossas almas é um amor imenso, dotado de uma infinita delicadeza, ao Pai, por Jesus Cristo e pelo Espírito divino.

Não se trata necessariamente de um amor sentido, mas de um amor intensamente querido; e tanto mais querido, nas almas fervorosas, quanto menos sensível for. E não há nisto nada de estranho, uma vez que nos lembramos de que o ESPÍRITO SANTO é o próprio Amor substancial que une o Pai ao Filho.

Quanta glória não dá ao Pai esse amor puríssimo, desprendido de toda sensibilidade e, por isso mesmo, de toda a compensação! É um fruto saborosíssimo e delicioso para o seu coração de Pai, porque é extremamente santificante para as nossas almas. Se fôssemos capazes de compreendê-lo, longe de desejar a doçura e o consolo sensíveis, não nos cansaríamos de dar graças ao Senhor porque nos faz andar pelos caminhos da secura e da aridez espiritual.

Esse fruto incomparável traz consigo ainda um outro. É impossível amar verdadeiramente a Deus sem amar o próximo, diz São João: Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas aborrecer o seu irmão, mente (1 Jo 4, 20).

O Senhor quer que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou e continua a amar; isto é, com o amor com que ama o seu Pai, com esse amor imenso e de infinita delicadeza que foi mencionado. Este é, aliás, o seu Mandamento, o Mandamento novo que trouxe ao mundo: Um mandamento novo vos dou: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei (...). Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos (Jo 13, 34-35).

Portanto, não deveríamos pôr o nosso empenho em nada que não seja amarmo-nos uns aos outros com um amor puro e santo, que nos traga alegria por causa de todo o bem verdadeiro que vejamos no nosso próximo, e nos dê tristeza por todo o mal, pelos pecados e imperfeições que o impedem de render ao Pai toda a glória e todo o amor que só a Ele pertencem.

 

O ESPÍRITO SANTO É A EFUSÃO DO AMOR DIVINO

 

“Não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai que ouvistes de meus lábios” (At 1, 4). Obedecendo à ordem recebida, reuniram os Apóstolos em oração: foi a primeira novena de Pentecostes. Em sintonia com a Igreja Primitiva, é belo voltarmos a mente e o coração para o ESPÍRITO SANTO com o desejo de melhor conhecê-lO e de amá-lO mais.

Diz o Concílio Vaticano II: “É Deus Pai... o Princípio sem Princípio, do qual é gerado o Filho e, pelo Filho, procede o Espírito Santo”. Desde sempre o Pai gera o Verbo, Ideia perfeita, substancial, em quem o Pai se exprime e a quem comunica toda a sua bondade, amabilidade, natureza e essência divinas. O Pai e o Verbo, pela sua bondade e beleza infinitas, desde toda a eternidade se amam e deste amor que os une UM ao OUTRO procede o ESPÍRITO SANTO. Como o Verbo é gerado pelo Pai por via do conhecimento, assim o ESPÍRITO SANTO procede do Pai e do Filho por via do amor. É o ESPÍRITO SANTO o termo, a efusão do amor mútuo do Pai e do Filho, efusão tão substancial e perfeita que é Pessoa, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, à qual o Pai e o Filho, pela sublime fecundidade do seu amor, transmitem sua mesma natureza e essência, sem se provar delas.

Justamente porque é o ESPÍRITO SANTO a efusão do Amor divino, é chamado “ESPÍRITO”, segundo o sentido latino da palavra que significa hálito, respiração, sopro vital.  Assim como no homem a respiração é a manifestação da vida, assim em Deus o ESPÍRITO SANTO é a expressão, a efusão da vida e do amor do Pai e do Filho; efusão, porém, substancial que é Pessoa. Neste sentido, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade é chamada “Espírito do Pai e do Filho” ou também “Espírito de amor em Deus”, ou seja, “sopro” do amor divino, e chamam-na os Santos Padres “o beijo do Pai e do Filho”, “beijo suavíssimo, mas secretíssimo”, segundo a terna expressão de São Bernardo de Claraval.

Este ESPÍRITO SANTO, Espírito de amor, a Igreja invoca para que venha acender nos corações de seus filhos a chama da caridade.

Embora de modo velado, já o Antigo Testamento fala do ESPÍRITO SANTO, e desde o princípio o Espírito agia no mundo. Mas a revelação explícita do ESPÍRITO SANTO e de sua efusão sobre todo o povo de Deus é reservada ao Novo Testamento, fruto e dom supremo da redenção operada por Cristo. Jesus Cristo mesmo o anunciou: “O Paráclito que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade que procede do Pai, dará testemunho de mim” (Jo 15, 26).

Apresenta Jesus Cristo o ESPÍRITO SANTO como Pessoa divina que “procede do Pai”, e que Ele mesmo, junto com o Pai, “enviará”, justamente porque o ESPÍRITO SANTO procede também d’Ele enquanto é o Verbo.

Este DIVINO ESPÍRITO, “o Espírito da Verdade”, virá continuar a obra do Redentor e dará “testemunho” d’Ele. Será, com efeito, o ESPÍRITO SANTO que iluminará interiormente os Apóstolos e todos os fiéis sobre o mistério de Cristo, sobre a verdade de sua mensagem, sobre a realidade de sua Pessoa Divina.

Espírito de Amor enquanto procede do amor mútuo do Pai e do Filho, Espírito da Verdade enquanto dá a inteligência dos mistérios divinos e completa o ensinamento de Cristo, o ESPÍRITO SANTO tem a missão particular de santificar os fiéis no amor e na verdade: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”, diz São Paulo (Rm 5, 5); e declara Jesus aos Apóstolos: “O Espírito da Verdade vos ensinará toda a verdade” (Jo 16, 13).

Justamente sob estes aspectos nos convida a Igreja a invocar o ESPÍRITO SANTO: “Vinde, ó Espírito Criador, visitai as almas de vossos fiéis, enchei de graça celeste os corações que criastes” (Hino Veni Creator). Ele que, com o Pai e o Filho, é um único Deus Criador do universo, é solicitado a santificar suas criaturas, a iluminar as inteligências com sua luz divina, a encher os corações de graça e de amor. “Dom do Deus altíssimo, fonte viva, fogo, caridade, espiritual unção”, venha Ele purificar-nos, inflamar-nos com seu amor ardente, confortar-nos com sua doçura! “Dedo da mão direita do Pai”, venha indicar-nos o caminho da santidade: seja o nosso mestre e guia.

 

Oração

 

Espírito Santo, que unis o Pai e o Filho em bem-aventurança eterna, ensinai-me a viver a cada instante e em todos os acontecimentos, na intimidade com meu Deus, sempre mais consumado na unidade da Trindade. Sim, acima de tudo, concedei-me vosso Espírito de Amor para animar com vossa santidade os mínimos atos da minha vida, a fim de que, na Igreja, seja eu verdadeiramente, pela redenção das almas e a glória do Pai, hóstia de amor em louvor da Trindade. Peço-vos alma de limpidez cristalina, digna de ser templo vivo da Trindade. Deus Santo, guardai na unidade minha alma para Jesus, com todo o seu poder de amor, ávida de beber incessantemente vossa pureza infinita. Atravesse minha alma este mundo corrupto, santa e imaculada no amor, só amando vossa presença, unicamente sob vosso olhar, sem a menor imperfeição, sem que a menor mácula venha nela ofuscar o esplendor de vossa beleza. Amém.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 30 de junho de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Concílio Vaticano II

M. M. Philipon, Consagração à Santíssima Trindade

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

São Bernardo de Claraval, Escritos

Pe. Alexis Riaud, A ação do Espírito Santo na alma

Pe. Francisco Fernández Carvajal , Falar com Deus

São João Crisóstomo, Homilias sobre o incompreensível, 6, 3

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Espírito Santo: Espírito de amor”

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