JESUS CRISTO E O ESPÍRITO SANTO

(Rm 8, 9-10)

 

“Vós não estais na carne, mas no espírito, se é verdade que o Espírito de Deus habita em vós, pois quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo está morto, pelo pecado, mas o Espírito é vida, pela justiça”.

 

O cristão, uma vez justificado, vive na graça de Deus e espera com segurança a sua futura ressurreição; nele vive o próprio Jesus Cristo (cfr Gl 2, 20; 1 Cor 15, 20-23). Não obstante, não lhe é poupada a experiência da morte, sequela do pecado original (cfr Rm 5, 12; 6, 23). Justamente com a dor, a concupiscência e outras penalidades, a morte permanece mesmo depois do Batismo para que lutemos e para que nos assemelhemos a Jesus Cristo. Neste sentido, quase todos os intérpretes entendem que a expressão “o corpo esteja morto por causa do pecado” equivale a dizer que o corpo humano está destinado à morte por causa do pecado. Tão certa é a morte que o Apóstolo considera que o corpo já “está morte”.

 

VIVER EM JESUS CRISTO É VIVER NO ESPÍRITO SANTO

 

Embora seja a graça igualmente criada pelas três Pessoas da Santíssima Trindade, sem nenhuma diferença ou distinção, todavia costumamos atribuir sua difusão nas almas à terceira Pessoa, ou seja, ao ESPÍRITO SANTO, ao qual se refere, por apropriação, tudo quanto se relaciona com a obra da santificação.

Nesse sentido, também aquele imenso dom da graça que inunda a Humanidade de Jesus Cristo, havemos de atribuir à obra do ESPÍRITO SANTO. Está a alma de Jesus Cristo adornada com todos os dons sobrenaturais, precisamente porque o ESPÍRITO SANTO habita em Cristo com tal plenitude da graça, que não é possível conceber maior (Pio XII). A plenitude da graça, dom criado, corresponde à plenitude do ESPÍRITO SANTO, dom incriado. Jesus Cristo que, único entre todos, recebeu este Espírito sem medida (Pio XII), d’Ele recebe aquele imenso capital da graça que lhe permite merecer a graça para todos os homens.

A alma de Jesus Cristo é tão bela e tão intimamente unida à divindade, que o ESPÍRITO SANTO põe suas delícias em habitar nela como em seu Templo preferido. E aí habita, com tal plenitude e domínio, que inspira, dirige e guia todas as ações de Jesus Cristo. Eis porque é o ESPÍRITO SANTO chamado, com toda a propriedade, Espírito de Cristo, isto é, Espírito do Filho. Várias vezes diz o Evangelho que Jesus Cristo, “repleto do ESPÍRITO SANTO”, era “conduzido pelo ESPÍRITO” (Lc 4, 1); tal acontecia não só em determinadas circunstâncias, mas sempre. Jesus Cristo mesmo o afirmou no início do seu ministério e na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso me ungiu e me enviou a anunciar aos pobres a boa nova” (Lc 4, 18).

Jesus Cristo era movido somente pelo impulso do ESPÍRITO SANTO.

“Consumada a obra que o Pai confiara ao Filho realizar na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes a fim de santificar perenemente a Igreja, para que assim pudessem os fiéis aproximar-se do Pai por Cristo num mesmo Espírito” (Concílio Vaticano II).

Jesus Cristo, com sua morte e ressurreição, mereceu para os homens não só a graça, mas também o autor da graça, o ESPÍRITO SANTO, que já tinha prometido aos Apóstolos e que, depois de subir ao céu, enviou-lhes no dia de Pentecostes. Também agora os batizados recebem o ESPÍRITO SANTO na dependência de Jesus Cristo: é sempre Ele que, juntamente com o Pai, O envia, de forma que este DIVINO ESPÍRITO é distribuído pela plenitude do mesmo Cristo, segundo a medida do dom de Cristo (Pio XII).

Cada fiel recebe o ESPÍRITO SANTO só enquanto está unido a Cristo e, por sua vez, o ESPÍRITO SANTO o une a Cristo. São Paulo Apóstolo escreve: “Vós não estais na carne, mas no espírito, se é verdade que o Espírito de Deus habita em vós, pois quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo está morto, pelo pecado, mas o Espírito é vida, pela justiça” (Rm 8, 9-10). Quem possui o ESPÍRITO SANTO está unido a Cristo; e quem vive em Cristo tem o ESPÍRITO SANTO que o justifica. Cristo Jesus não pode habitar no católico sem que neste esteja também o Espírito de Cristo.

Viver em Jesus Cristo é viver no ESPÍRITO SANTO; ser membro do Corpo místico de Cristo é ser templo do ESPÍRITO SANTO: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3, 16). A graça que Jesus Cristo mereceu, e dispensa aos homens, é neles difundida pela intervenção do ESPÍRITO SANTO. Todo crescimento dos fiéis na graça depende tanto da ação criadora do ESPÍRITO SANTO como da ação mediadora de Cristo: Cristo está em nós pelo seu Espírito que nos comunica e por meio do qual age em nós, de modo que tudo que realiza o Espírito Santo em nós é também realizado por Cristo (Pio XII).

 

Oração

 

Ó poder do Pai Eterno, ajudai-me! Sabedoria do Filho, iluminai os olhos do meu intelecto! Doce clemência do Espírito Santo, abrasai-me, uni a vós meu coração... Confesso, ó doce, eterna bondade de Deus, que a clemência do Espírito Santo e a vossa ardente caridade querem unir e abrasar em vós meu coração e os corações de todas as criaturas racionais... Ardeis com o fogo do vosso Espírito, consumis e arrancais até às raízes todo o amor e afeto carnal dos corações dessas novas plantas que vos dignastes enxertar no Corpo místico da Santa Igreja. Dignai-vos, ó Deus, transplantar-nos dos afetos mundanos ao jardim do vosso amor, e dai-nos um coração novo com a clara noção da vossa vontade para que, desprezando o mundo, a nós mesmos, o nosso amor-próprio, cheios do verdadeiro fervor do vosso amor... sigamos somente a vós, limpíssima pureza e fervorosa caridade. Amém.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 08 de julho de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Concílio Vaticano II

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

Edições Theologica

Pio XII, Encíclica Mystici Corporis

Santa Catarina de Sena, Orações e elevações

Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Jesus Cristo e o Espírito Santo”

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