LONGANIMIDADE: FRUTO DO ESPÍRITO SANTO

(Rm 4, 18)

 

“... esperar contra toda a esperança”.

 

Ele (Abraão) esperando contra toda esperança humana, já que tudo parecia opor-se ao desígnio divino. De modo que, como consequência desta esperança e esta fé, se fez pai de muitos povos, segundo estava escrito; segundo a promessa que Deus lhe fez;  como as estrelas do céu, assim será tua posteridade.

 

LONGANIMIDADE

 

Na Carta de São Paulo aos Gálatas diz: “Mas o fruto do Espírito é longanimidade...” (Gl 5, 22).

A LONGANIMIDADE sobrenatural, segundo Santo Tomás de Aquino, é a disposição de alma que nos permite esperar com equanimidade, isto é, sem queixas nem amargura, e por todo o tempo que Deus quiser, a realização em nós dos seus planos de santidade para as nossas almas.

A alma iluminada pelo ESPÍRITO SANTO não duvida de forma alguma desses desígnios da misericórdia de Deus. Sabe que a vontade do Senhor é que ela se torne “santa, e uma grande santa”. Recorda o que o Salvador disse aos Apóstolos: Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5, 48). Sabe igualmente que Deus não tem maior desejo do que levar a cabo nela, até o fim, esses propósitos infinitamente misericordiosos; que isto é obra do ESPÍRITO SANTO, não dela; que o papel que lhe é esperar contra toda a esperança (Rm 4, 18) e aplicar-se com perseverança a realizar esta perfeição à qual é chamada, sem esperar nada dos seus esforços; que deve aplicar-se nessa tarefa unicamente para agradar ao seu Pai celeste, para manifestar-lhe a sua boa vontade e o seu vivo desejo de corresponder aos seus planos amorosos, dispondo-se assim cada vez mais para a ação do Espírito divino.

Por isso, não se perturba nem um pouco ao comprovar uma e outra vez a sua miséria, apesar de todos os seus esforços. Tem a certeza, baseada na fidelidade de Deus, de que os seus desejos de santidade serão um dia plenamente cumulados, que será assim já na vida presente; e desta forma espera cheia de paz a manifestação do Senhor. Que lhe importam os fracassos repetidos, se sabe que a hora da misericórdia divina acabará por soar e que o ESPÍRITO SANTO realizará então, num só instante, o que ela não pôde conseguir em muitos anos de esforço e de luta?

A LONGANIMIDADE aparece-nos assim como a flor, como o pleno desenvolvimento da virtude da esperança na alma entregue ao ESPÍRITO SANTO. É uma certeza indefectível de que se cumprirão nela, pela misericórdia divina e na hora oportuna, todos os desígnios eternos de Deus sobre ela. Esta certeza, esta segurança faz com que a alma desfrute de uma paz que nada pode perturbar.

Como vemos, voltamos a desembocar no “pequeno caminho” de Santa Teresa do Menino Jesus. É natural, pois este caminho foi-lhe inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, que não costuma contradizer-se. Sigamos, pois, esse caminho de confiança e de perfeito abandono. Não nos deixemos abater por nenhum fracasso e nenhuma dificuldade. Apoiados nas promessas divinas, combatamos como melhor pudermos, com a segurança de que, na hora assinalada pela Providência divina, a vitória nos será dada.

 

Oração

 

Espírito Santo, dai-nos essa paciência e essa longanimidade, que são tão necessárias nas provações desta vida; e, depois de nos terdes dado a graça de compreender mais a fundo a nossa pobreza e a nossa nulidade, dignai-vos realizar na nossa alma os propósitos que a divina misericórdia tem traçados para nós, para glória da Santíssima Trindade, pelos séculos dos séculos. Amém.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 21 de agosto de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura

Alexis Riaud, A ação do Espírito Santo na alma

Santo Tomás de Aquino, Escritos

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Longanimidade: Fruto do Espírito Santo”

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