<%@LANGUAGE="VBSCRIPT"%> Comentários bíblicos sobre o Natal
 

 

 

LUZ PARA ILUMINAR AS NAÇÕES

(Lc 2, 22-40)

 

 “22 Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor, 23 conforme está escrito na Lei do Senhor: Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor, 24 e para oferecer em sacrifício, como vem dito na Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 25 E havia em Jerusalém um homem chamado Simeão que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo estava nele. 26 Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte antes de ver o Cristo do Senhor. 27 Movido pelo Espírito, ele veio ao Templo, e quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir as prescrições da Lei a seu respeito, 28 ele o tomou nos braços e bendisse a Deus, dizendo: 29 ‘Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; 30 porque meus olhos viram tua salvação, 31 que preparaste em face de todos os povos, 32 luz para iluminar as nações, e glória de teu povo, Israel’. 33 Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que diziam dele. 34 Simeão abençoou-o e disse a Maria, a mãe: ‘Eis que este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição – 35 e a ti, uma espada transpassará tua alma! – para que se revelem os pensamentos de muitos corações’. 36 Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Após a virgindade, vivera sete anos com o marido; 37 ficou viúva e chegou aos oitenta e quatro anos. Não deixava o Templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações. 38 Como chegasse nessa mesma hora, agradecia a Deus e falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém. 39 Terminando de fazer tudo conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. 40 E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele”.

 

 

Em Lc 2, 22-24 diz: “Quando se completaram os dias para a purificação deles, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor, e para oferecer em sacrifício, como vem dito na Lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos”.

 

São Cirilo escreve: Después de la circuncisión se espera todavía el tiempo de la purificación, por lo que dice: "Cumplido asimismo el tiempo de la purificación de la Madre, según la ley",“Após a circuncisão se espera o momento da purificação, pelo que diz: ‘Cumpriu assim mesmo o tempo da purificação da Mãe segundo a lei”, e: “Se examinarmos as palavras da lei, encontraremos certamente que a mesma Mãe de Deus, como não concebido por obra de varão, não estava obrigada ao preceito legal” (São Beda), e também: “Por isso disse claramente o evangelista que se cumpriu o tempo da purificação segundo a lei. E na verdade, que não tinha necessidade a Santíssima Virgem de esperar os dias de sua purificação, porque, havendo concebido por obra do Espírito Santo, se viu livre de toda mancha” (Tito Bostrense), e ainda: “Depois de trinta e três dias de sua circuncisão, o Senhor é apresentado, dando a entender de uma maneira mística, que ninguém, se não estiver circuncidado dos vícios, é digno de se apresentar diante de Deus, e que todo que não está livre dos vínculos do corpo mortal, não pode desfrutar perfeitamente dos gozos da cidade eterna. Prossegue: ‘Como está escrito na lei do Senhor” (São Beda), e: “Onde estão aqueles que negam que Jesus Cristo havia proclamado no Evangelho ao Deus da lei? Pode crer que Deus sendo bom submeteria a seu Filho à lei do inimigo, que Ele mesmo não havia dado? Porque na lei de Moisés está escrito o que segue: Que todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor” (Orígenes, In Lucam, 14), e também: “As palavras ‘que abre o útero’ se referem ao primogênito do homem e do animal, porque estava ordenado que um e outro devesse consagrar-se ao Senhor, e, portanto, pertenciam ao sacerdote, podendo receber uma oferenda pelo primogênito do homem e redimir a todo animal imundo” (São Beda), e ainda: “Esta prescrição da lei parece cumprir-se de uma maneira singular e diferente das outras no Deus encarnado. Em efeito, só Ele, concebido e nascido de uma maneira incompreensível, abriu o seio virginal, não aberto antes pela união conjugal, e se conservou milagrosamente depois do parto o sinal da castidade” (São Gregório de Nissa, In Homilia de occursu Domini), e: “Porque não foi homem que abriu o seio virginal, mas foi o Espírito Santo que infundiu o germe imaculado naquele seio inviolável. Aquele, pois, que santificou as entranhas de outra para que nascesse o profeta, é o mesmo que abriu as entranhas de sua Mãe para nascer imaculado” (Santo Ambrósio, In Lucam, 1, 2), e também: “As palavras: ‘Que abre o útero’, se referem ao modo com que se verifica o nascimento. Porém não se deve crer que o Senhor destruíra por seu nascimento a virgindade do seio sagrado que havia santificado hospedando-se nele” (São Beda), e ainda: “Somente Jesus, Nosso Senhor, é santo entre todos os nascidos de mulher, posto que não experimentou em seu imaculado nascimento as conseqüências do contágio humano que expulsou por sua majestade celestial. Porque se seguirmos o sentido da letra, como podemos dizer que é santo todo homem, quando sabemos que muitos são malvados? Porém, Ele é aquele santo a quem assinalavam os piedosos preceitos da lei divina na figura do futuro mistério; porque só Ele é que devia abrir o seio misterioso da santa virgem Igreja, para gerar os povos” (Santo Ambrósio, In Lucam, 1, 2), e: “Vejamos agora o que significam essas oferendas. A rola é a que mais conta entre as aves, e a pomba é o animal mais manso. Tal tem feito o Senhor para nós, praticando a mais perfeita mansidão, e fazendo ressoar  as melodias para atrair o mundo. Tanto a rola como a pomba eram sacrificadas para manifestar-nos por estas figuras que o Senhor sofreria em sua carne pela vida do mundo” (São Cirilo, Homilia, 17), e também: “A pomba representa a candura e a rola a castidade; porque a primeira ama a simplicidade, e a última representa a castidade, de tal modo que, se por acaso perde sua companheira não volta a buscar outra. Por essa razão se oferece uma rola e uma pomba ao Senhor em holocausto, porque o trato simples e honesto dos fiéis é um sacrifício agradável à sua justiça” (São Beda, In Homilia de Purificatione), e ainda: “Por isso mandou que se oferecesse duas coisas, porque, como o homem consta de alma e de corpo, Deus exige de nós duas classes de sacrifícios: a castidade e a mansidão, não só do corpo, mas da alma. Porque, de outro modo, o homem seria falso e hipócrita, cobrindo com aparente inocência uma malícia oculta” (Santo Atanásio, In Serm. super Omnia mihi tradita sunt), e: “Além disso, a pomba que voa na companhia de outras representa a agitação da vida ativa, e a rola que se alegra na solidão, representa as alturas da vida contemplativa” (São Beda).

 

Edições Theologica comenta Lc 2, 22-24.

A Sagrada Família sobe a Jerusalém com o fim de dar cumprimento a duas prescrições da Lei de Moisés: purificação da mãe e apresentação e resgate do primogênito. Segundo Lv 12,2-8, a mulher ao dar a luz ficava impura. A mãe de filho varão aos quarenta dias do nascimento terminava o tempo de impureza legal com o rito da purificação. Maria Santíssima, sempre virgem, de fato não estava compreendida nestes preceitos da Lei porque nem tinha concebido por obra de varão, nem Cristo ao nascer rompeu a integridade virginal de Sua Mãe. Não obstante, Maria Santíssima quis submeter-se à Lei, embora não estivesse obrigada.

São Josemaría Escrivá escreve: “Purificação! Tu e eu, sim; nós realmente é que precisamos de purificação! — Expiação, e, além da expiação, o Amor. — Um amor que seja cautério, que abrase a sujidade da nossa alma, que incendeie com chamas divinas a miséria do nosso coração” (Santo Rosário, quarto mistério gozoso).

Igualmente, em Ex 13,2.12-13 indica-se que todo o primogênito pertence a Deus e deve ser-Lhe consagrado, isto é, dedicado ao culto divino. Não obstante, desde que este foi reservado à tribo de Levi, aqueles primogênitos que não pertenciam a esta tribo não eram dedicados ao culto e para mostrar que continuavam a ser propriedade especial de Deus, realizava-se o rito do resgate.

A Lei mandava também que os israelitas oferecessem para os sacrifícios uma rês menor, por exemplo, um cordeiro, ou se eram pobres um par de rolas ou dois pombinhos. O Senhor que “sendo rico Se fez pobre por nós, para nos enriquecer com a Sua pobreza” (2 Cor 8,9), quis que fosse oferecida por Ele a oferenda dos pobres.

 

Dom Duarte Leopoldo comenta esse trecho.

Tal Como Jesus, Maria se submete voluntariamente a uma lei a que não estava obrigada. Assim procedia ela para não escandalizar aos demais que ignoravam o mistério da Encarnação, e ainda para nos dar exemplo de obediência. Além disso, bastava-lhe à sua humildade o ser esta cerimônia um ato de religião, para não se dispensar da sua observância, não obstante a sua dignidade de Mãe Imaculada.

“Todo macho que abre o útero será consagrado ao Senhor”. Essa lei recordava aos judeus que, para libertá-los da escravidão do Egito, o Senhor tinha feito por eles toda sorte de prodígios, principalmente ferindo de morte aos primogênitos dos Egípcios, poupando aos dos hebreus.

Desde então, quis o Senhor que lhe fossem consagrados todos os primogênitos dos hebreus, e os que não deviam ficar no Templo, para o serviço divino, eram resgatados por cinco ciclos se eram ricos, ou, no caso contrário, por duas rolas ou dois pombinhos que eram logo oferecidos em sacrifício.

 

O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena comenta Lc 2, 22-24.

Outro ponto de semelhança entre Mãe e Filho é a humildade profunda com que Maria, embora consciente de sua virgindade, iguala-se às outras mulheres e, confundida entre elas, apresenta-se ao sacerdote para o rito da purificação. Jesus não devia ser resgatado, Maria não devia ser purificada, todavia, submetem-se a estas leis para ensinar aos homens o respeito e a fidelidade aos preceitos do Senhor, o valor da humildade e da obediência.

A purificação de Maria, ligada à apresentação de Jesus, é símbolo daquela purificação de que estão sempre os homens tão necessitados e que só podem obter pelos méritos de Cristo apresentado ao Pai “para expiar os pecados do povo” (Hb 2,17).

Como apresentou o Filho, assim apresente Maria cada fiel a Deus, e sua mediação materna o disponha àquela purificação que nele deve operar-se. Santifique-o a oblação imaculada e santa de Cristo e o torne capaz de oferecer ao Pai orações e sacrifícios agradáveis à divina Majestade.

 

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal comenta esse trecho da Palavra de Deus.

Quarenta dias após o seu nascimento, Jesus chega ao Templo nos braços de Maria para ser apresentado ao Senhor, como mandava a lei judaica. Só Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo, reconhecem o Messias naquele Menino.

Depois da circuncisão, era necessário cumprir duas cerimônias, conforme prescrevia a Lei: o filho primogênito devia ser apresentado ao Senhor e depois resgatado; e a mãe devia purificar-se da impureza legal contraída. Lia-se no Êxodo: “... e o Senhor disse a Moisés: Declara que todo o primogênito me será consagrado. Todo o primogênito dos filhos de Israel, seja homem ou animal, me pertence”. Esta oferenda recordava a libertação milagrosa do povo de Israel do cativeiro do Egito. Todos os primogênitos eram apresentados a Deus, e depois restituídos ao povo.

Nossa Senhora preparou o seu coração, como só Ela o podia fazer, para apresentar o seu Filho a Deus Pai e oferecer-se ela mesma com Ele. Ao fazê-lo, renovava o seu faça-se e punha uma vez mais a sua vida nas mãos de Deus. Jesus foi apresentado ao seu Pai pelas mãos de Maria. Nunca se fez nem se tornaria a fazer uma oblação semelhante naquele Templo.

A festa de hoje convida-nos a entregar ao Senhor, uma vez mais, a nossa vida, pensamentos, obras... todo o nosso ser. E podemos fazê-lo de muitas maneiras. Hoje, nestes minutos de oração, podemos servir-nos das palavras de Santo Afonso Maria de Ligório, invocando Santa Maria como intercessora: “Minha Rainha, seguindo o vosso exemplo, também eu quereria oferecer hoje a Deus o meu pobre coração [...]. Oferecei-me como coisa vossa ao Pai Eterno, em união com Jesus, e pedi-lhe que, pelos méritos do seu Filho, e em vossa graça, me aceite e me tome por seu”. Por meio de Santa Maria, o Senhor acolherá uma vez mais a entrega que lhe fizermos de tudo o que somos e temos.

 

PIB comenta Lc 2, 22-24.

Sua, de Jesus e de Maria. – purificação, propriamente de Maria... Com efeito, Lucas cita duas leis: a 1ª (v. 23) refere-se ao filho primogênito, que devia ser consagrado ao Senhor (Ex 13, 2), isto é, originariamente, adido ao serviço do templo, mas depois tendo sido destinada para essa finalidade a tribo de Levi (cf. Nm 3, 12); a outra lei refere-se à mãe que em cada parto devia ser separada, como impura, por vários dias (40, se era menino e 80 se era menina) e depois ir ao templo para ser purificada e oferecer em sacrifício: se eram de posses, um cordeiro e uma rola; se pobres, duas rolas ou pombos (Lv 12). A pobreza de Maria não lhe permitiu senão esta última alternativa.

 

Em Lc 2, 25-32 diz: “E havia em Jerusalém um homem chamado Simeão que era justo e piedoso; ele esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, ele veio ao Templo, e quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir as prescrições da Lei a seu respeito, ele o tomou nos braços e bendisse a Deus, dizendo: ‘Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque meus olhos viram tua salvação, que preparaste em face de todos os povos, luz para iluminar as nações, e glória de teu povo, Israel”.

 

Santo Ambrósio escreve: “Recebeu testemunho a encarnação do divino Verbo, não só dos anjos e dos profetas, dos pastores e seus pais, mas também dos justos e anciãos. Pelo qual disse: ‘E havia naquele tempo em Jerusalém um homem justo e temeroso a Deus, chamado Simeão” (In Lucam, 1, 2), e: “E era verdadeiramente justo o que não buscava a graça para si, mas para o povo. Por isso disse: ‘Esperava a consolação de Israel” (Idem.), e também: “Não esperava, na verdade, o prudente Simeão a felicidade mundana para a consolação de Israel, mas a verdadeira passagem ao brilho da verdade, pela separação das sombras da lei, pois lhe havia sido revelado que haveria de ver ao Cristo, o ungido do Senhor, antes de sair da presente vida. Pelo que prossegue: ‘E o Espírito Santo morava nele, por quem na verdade era justificado. O mesmo Espírito Santo o havia revelado” (São Gregório de Nissa, In Homilia de occursu Domini), e ainda: “Desejava, na verdade, se ver livre das ligaduras da fragilidade da carne, porém, esperava ver a quem lhe havia sido prometido, porque sabia que são bem-aventurados os olhos que o vêem” (Santo Ambrósio), e: “Nisto compreendemos com quanta ânsia os homens santos do povo de Israel desejaram ver o mistério da encarnação do Verbo” (São Gregório Magno, Moralium, 23, 3, super Iob 6, 5), e também: “Ver a morte significa sofrê-la, e muito feliz será aquele que antes de ver a morte da carne, contemplar com os olhos de seu coração ao Cristo, o ungido do Senhor, ocupando da Jerusalém celestial e freqüentando os umbrais do templo do Senhor, isto é, seguindo os exemplos dos santos (em quem habita o Senhor)” (São Beda), e ainda: “E tu, se queres possuir a Jesus e abraçá-lo, deves cuidar com todo empenho de ter sempre por guia o Espírito Santo e vir ao templo do Senhor. Por isso segue: ‘E ao entrar seus pais com o Menino Jesus (isto é, sua Mãe Maria e José, que se acredita ser seu pai) para praticar com Ele o prescrito pela lei, o tomou Simeão em seus braços” (Orígenes, In Lucam, 15), e: “Quão ditosa foi esta santa entrada no templo sagrado, pela qual se adiantou o término de sua vida. Ditosas mãos que tocaram ao Verbo da vida, e ditosos também os que o receberam!” (São Gregório de Nissa, In Homilia de occursu Domini), e também:  “Aquele homem justo recebeu o Menino Jesus em seus braços, segundo a lei, para demonstrar que a justiça das obras, que, segundo a lei, estavam figuradas pelas mãos e pelos braços... Tomou o ancião o Menino Jesus, para demonstrar que este mundo, já caduco, ia voltar à infância e à inocência da vida cristã” (São Beda), e ainda: “Se só com o tocar as vestes de Jesus ficou curada aquela mulher; que havemos de julgar de Simeão, que recebeu o Menino Jesus em seus braços e se regozijava tendo assim ao que veio para livrar os cativos, sabendo que ninguém podia tirá-lo da prisão do corpo com a esperança da vida eterna, senão Aquele que estava em seus braços? Por isso disse: ‘Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra” (Orígenes, In Lucam, 15), e: “Disse Senhor, para confessar que é o dono da vida e da morte, declarando assim que era Deus o Menino a quem havia recebido em seus braços” (Teofilacto), e também: “Como dizendo: Quando eu não tinha Jesus Cristo, estava como cativo e não podia sair das prisões” (Orígenes, In Lucam, 15), e ainda: “Se examinas os clamores dos justos, verás que todos choram sobre este mundo a sua lamentável duração. Disse Davi no Salmo (119, 5). ‘Ai de mim, que esse meu desterro se prolonga” (São Basílio, In Homil. De gratiarum actione), e: “Vê aqui a esse justo que deseja livrar-se do cárcere de seu corpo, em que está como fechado, para começar a pertencer com Cristo. Porém, o que quer livrar-se deste cárcere vá ao templo, vá a Jerusalém, espere ao Cristo, o ungido do Senhor, receba em suas mãos o Verbo de Deus e abrace-o com os braços de sua fé. Então será libertado, e não verá a morte quem viu a vida” (Santo Ambrósio), e também: “Simeão louvava ao Senhor, porque via realizadas todas as promessas que se haviam feito, pois havia merecido ver com seus próprios olhos e ter em suas próprias mãos o consolador de Israel. Por isso disse: ‘Segundo tua palavra’, isto é, porque está conquistada a realização de tuas promessas. E agora que está sentindo de uma maneira visível o que desejava... não espantado pelo temor da morte nem conturbado por pensamentos de dúvida. E por isso acrescenta: ‘Em paz” (Griego), e ainda: “Quem é o que se aparta deste mundo em paz, senão aquele que conhece que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, e que não tem de inimigo de Deus, mas que recebeu em si todas as delícias da paz por suas boas obras?” (Orígenes), e: “Havia-lhe proposto que não morreria antes de ver a Cristo, o ungido do Senhor, e, portanto, manifestado que isto se havia cumprido, acrescenta: ‘Porque meus olhos viram a tua salvação” (Griego), e também: “Bem-aventurados teus olhos, tanto os da alma como os do corpo. Estes na verdade, recebendo ao Senhor de uma maneira visível; aqueles não só considerando o que viram, mas reconhecendo o Verbo do Senhor em sua carne iluminado pela luz do Espírito, porque o Salvador que haveis visto é o mesmo Jesus, cujo nome significa salvação” (São Gregório de Nissa), e ainda:  “Jesus Cristo havia sido aquele mistério que se manifestou nos últimos tempos, e que foi preparado antes da criação do mundo. E por isso disse: ‘... que preparastes em face de todos os povos” (São Cirilo), e: “Disse de um modo significativo: ‘Para ser revelada’, a fim de que sua encarnação fosse vista por todos. E acrescenta que esta salvação é a luz das gentes e a glória de Israel, e com estas palavras: ‘Luz para iluminar as nações” (Teofilacto), e também: “Antes da vinda do Senhor, as nações viviam mergulhadas nas últimas trevas, privadas do conhecimento do verdadeiro Deus” (Santo Atanásio), e ainda: “Jesus Cristo foi a luz para os que viviam nas trevas do erro, a quem oprimia a mão do inimigo, e aos que chamou Deus Pai ao conhecimento de seu Divino Filho, que é a verdadeira luz” (São Cirilo).

 

Edições Theologica comenta esse trecho da Palavra de Deus.

Simeão, qualificado como homem justo e temente a Deus, atento à vontade divina, dirige-se ao Senhor na sua oração como um vassalo ou servidor leal que depois de ter estado vigilante durante toda a sua vida, à espera da vinda do seu Senhor, vê agora por fim chegado esse momento, que deu sentido à sua existência. Ao ter o Menino nos seus braços, conhece não por razão humana, mas por graça especial de Deus, que esse Menino é o Messias prometido, a Consolação de Israel e a Luz dos povos.       O cântico de Simeão (vv. 29-32) é, além disso, uma verdadeira profecia. Tem este cântico duas estrofes: a primeira (vv. 29-30) é uma ação de graças a Deus, trespassada de profundo gozo, por ter visto o Messias. A segunda (vv. 31-32) acentua o caráter profético e canta os benefícios divinos que o Messias traz a Israel e a todos os homens. O cântico realça o caráter universal da Redenção de Cristo, anunciada por muitas profecias do Antigo Testamento (cfr Gn 22,18; Is 42,6; Is 60,3; Sl 98,2).

Podemos compreender o gozo singular de Simeão ao considerar que muitos patriarcas, profetas e reis de Israel anelaram ver o Messias e não O viram, e ele, pelo contrário, tem-No nos seus braços (cfr Lc 10,24; 1 Pd 1,10).

 

Dom Duarte Leopoldo comenta Lc 2, 25-32.

Esperava a consolação de Israel, isto é, a vinda do Messias. – Alguns se inclinam a ver neste ancião o célebre rabino Simeão, filho de Hillel e pai de Gamaliel, mestre de São Paulo. – O Messias era a consolação, a esperança e a luz, não somente de Israel, mas de todos os povos da terra.

O Salvador que nos destes e preparastes. Jesus é dado como sinal e princípio de salvação não somente para Israel, mas para todos os povos. Simeão profetiza a conversão dos gentios, cujo mistério só mais tarde foi compreendido pelos Apóstolos.

Jesus foi, sem dúvida, a glória de Israel, porque a Israel foi primeiramente prometido, em Israel foi conhecido, de Israel nasceu segundo a carne, com Israel passou o tempo da sua vida mortal, de Israel se espalhou por todo o mundo o seu Santo Evangelho.

 

São Bernardo de Claraval escreve: “Hoje, a Virgem Maria leva ao templo do Senhor o Senhor do templo. José apresenta a Deus não o seu filho, mas o Filho amado e predileto de Deus; e Ana, a viúva, também o proclama. Estes quatro celebraram a primeira procissão, que depois teria a sua continuação em todos os cantos da terra e por todas as nações”.

 

PIB comenta Lc 2, 25-32.

Este Simeão era um fiel e consciencioso observante da lei e dos deveres religiosos a ela atinentes, e estava constantemente, como nota o evangelista, sob o influxo do Espírito Santo.

Os pais: Maria, mãe natural, e José, pai legal, não segundo a carne, de Jesus. Neste sentido, no v. 33, José é chamado simplesmente “seu pai” pelo evangelista, o qual, mais adiante (3, 23), advertirá expressamente que Jesus “era julgado” filho de José, o que, de fato, não era; costuma chamar-se pai “putativo”.

VV. 29-32. O cântico breve de Simeão é uma expressão extática de gratidão para com Deus e um vaticínio dos destinos a respeito do Menino. – a tua salvação: o abstrato pelo concreto, o Salvador que vós enviastes, o Messias (cf. v. 26). Efetivamente, os profetas aos quais Simeão faz eco, chamam o Messias luz das gentes (Is 49, 6) e glória de Israel (Is 46, 13).

 

Em Lc 2, 33-35 diz: “Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que diziam dele. Simeão abençoou-o e disse a Maria, a mãe: ‘Eis que este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição –  e a ti, uma espada transpassará tua alma! – para que se revelem os pensamentos de muitos corações”.

 

Griego escreve: “Cada vez que vem à memória o conhecimento das coisas sobrenaturais, se renova o milagre no Espírito e por isso diz: ‘Seu pai e sua Mãe escutavam com admiração as coisas que d’Ele se diziam”, e: “Tanto pelos anjos e pela multidão do exército celestial, como pelos pastores e pelo mesmo Simeão” (Orígenes), e também: “Chama a José pai do Salvador, não porque fosse verdadeiramente seu pai (segundo os fotinianos), mas porque era considerado como pai por todos para conservar o bom nome de Maria” (São Beda), e ainda: “O que expõe sinceramente isto, pode dizer que Jesus Cristo veio para a ruína dos infiéis e para a elevação dos fiéis”  (Orígenes), e:  “Isto é para distinguir  os méritos dos justos e dos ímpios, e para dar-nos, como juiz verdadeiro e justo, o prêmio ou o castigo que mereçam nossas ações” (Santo Ambrósio), e também: “A ressurreição, na verdade, é uma vida nova, porque quando o impuro se converte em casto, o avaro em caritativo, o furioso em manso, então se opera a ressurreição, o pecado morre e ressuscita a justiça” (São João Crisóstomo), e ainda: “É, pois, um sinal que indica uma coisa admirável e oculta, visto pelos simples e compreendido pelos que tem cultivado o entendimento” (São Basílio), e: “Todas essas coisas que dizem do Salvador, serve igualmente à sua Mãe, porque toma também para si todos seus trabalhos e todas as suas glórias, e não somente lhe anuncia as prosperidades, mas também as dores. Prossegue: ‘O que será para ti, que uma espada transpassará tua alma” (São Gregório de Nissa), e também: “Talvez manifestou nisto, que a prudência de Maria não era desconhecedora deste divino mistério, posto que a palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que qualquer espada de dois gumes” (Santo Ambrósio).

 

Edições Theologica comenta Lc 2, 33-35.

V. 33. A Virgem Santíssima e São José admiravam-se não porque desconhecessem o mistério de Cristo, mas pelo modo como Deus o ia revelando. Uma vez mais nos ensinam a contemplar os mistérios divinos no nascimento de Cristo.

VV. 34-35. Depois de os abençoar, Simeão, movido pelo Espírito Santo, profetiza de novo sobre o futuro do Menino e de Sua Mãe. As palavras de Simeão tornaram-se mais claras para nós ao cumprirem-se na Vida e na Morte do Senhor.

Jesus, que veio para a salvação de todos os homens, não obstante, será sinal de contradição, porque alguns obstinar-se-ão em rejeitá-Lo, e para estes Jesus será a sua ruína. Para outros, porém, ao aceitá-Lo com fé, Jesus será a sua salvação, livrando-os do pecado nesta vida e ressuscitando-os para a vida eterna.

As palavras dirigidas à Santíssima Virgem anunciam que Maria teria de estar intimamente unida à obra redentora do seu Filho. A espada de que fala Simeão expressa a participação de Maria nos sofrimentos do Filho; é uma dor inenarrável que traspassa a alma. O Senhor sofreu na Cruz pelos nossos pecados; também são os pecados de cada um de nós que forjaram a espada de dor da nossa Mãe. Por conseguinte, temos um dever de desagravo não só com Deus, mas também com a Sua Mãe, que é igualmente nossa Mãe.

As últimas palavras da profecia, “a fim de se revelarem os pensamentos de muitos espíritos”, enlaçam com o v. 34: na aceitação ou rejeição de Cristo manifesta-se a retidão ou a perversão dos corações.

 

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal comenta esse trecho da Palavra de Deus.

Seus pais maravilharam-se do que se dizia d’Ele. Maria, que guardava no seu coração a mensagem do Anjo e dos pastores, escuta novamente admirada a profecia de Simeão sobre a missão universal do seu Filho: a criança que sustentava nos seus braços é a Luz enviada por Deus Pai para iluminar todas as nações: é a glória do seu povo.

É um mistério ligado à oferenda feita no Templo e que nos recorda que a nossa participação na missão de Cristo, que nos foi conferida no batismo, está estritamente ligada à nossa entrega pessoal. A festa de hoje é um convite a darmo-nos sem medida, a arder diante de Deus, como essa luz que se coloca sobre o candelabro para iluminar os homens que andam em trevas; como essas lamparinas que se queimam junto do altar, e se consomem alumiando até se gastarem. Meu Deus, dizemos hoje ao Senhor, a minha vida é para Ti; não a quero se não for para gastá-la junto de Ti. Para que outra coisa haveria de querê-la?

O mesmo São Bernardo recorda-nos que “está proibido apresentar-se ao Senhor de mãos vazias”. E como nos vemos somente com coisas pequenas para oferecer (o trabalho do dia, um sorriso no meio da fadiga...), devemos considerar na nossa oração “como a Virgem faz acompanhar esta oferenda de tão alto preço com outra de tão pouco valor, como eram aquelas pombas que a Lei mandava oferecer, a fim de que tu aprendas a juntar os teus pobres serviços aos de Cristo e, com o valor e preço dos d’Ele, sejam recebidos e apreciados os teus.

Junta, pois, as tuas orações às d’Ele, as tuas lágrimas às d’Ele, as tuas penitências e vigílias às d’Ele, e oferece-as ao Senhor, para que o que de per si é de pouco preço, por Ele seja de muito valor.

Uma gota de água, em si mesma, não é senão água; mas lançada numa grande jarra de vinho, ganha outro ser mais nobre e torna-se vinho; e assim as nossas obras, que por serem nossas são de pouco valor, acrescentadas às de Cristo adquirem um preço inestimável, em virtude da graça que n’Ele nos é dada” (Frei Luis de Granada).

Simeão abençoou os pais do Menino e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está posto para ruína e ressurreição de muitos em Israel, e para sinal de contradição. E uma espada atravessará a tua alma, a fim de que se descubram os pensamentos escondidos nos corações de muitos.

Jesus traz a salvação a todos os homens; no entanto, para alguns será sinal de contradição, porque se obstinam em rejeitá-lo. Os tempos em que vivemos confirmam com particular veemência a verdade contida nas palavras de Simeão. Jesus é luz que ilumina os homens e, ao mesmo tempo, sinal de contradição. E se agora Jesus Cristo se revela novamente aos homens como luz do mundo, porventura não se transformou ao mesmo tempo naquele sinal a que, hoje mais do que nunca, os homens se opõem? Ele não passa nunca indiferente pelo caminho dos homens, não passa indiferente agora, neste tempo, pela nossa vida. Por isso queremos pedir-lhe que seja a nossa luz e a nossa Esperança.

O Evangelista narra também que Simeão, depois de se referir ao Menino, se dirigiu inesperadamente a Maria, vinculando de certo modo a profecia relativa ao Filho com outra que se relacionava com a mãe: Uma espada atravessará a tua alma. Com estas palavras do ancião, o nosso olhar desloca-se do Filho para a Mãe, de Jesus para Maria. É admirável o mistério deste vínculo pelo qual Ela se uniu a Cristo, àquele Cristo que é sinal de contradição.

Estas palavras dirigidas à Virgem anunciavam que Ela estaria intimamente unida à obra redentora do seu Filho. A espada a que Simeão se refere expressa a participação de Maria nos sofrimentos do Filho; é uma dor indescritível que atravessa a sua alma.

 

Dom Duarte Leopoldo comenta esse trecho.

Maria e José se admiravam, não porque ignorassem os mistérios de Jesus, mas por vê-los se realizarem todos debaixo de seus olhos, ponto por ponto, o que despertava neles vivo sentimento de admiração, de agradecimento e de louvor a Deus.

A palavra abençoar é aqui tomada no sentido de congratular-se, pois não é provável que Simeão fosse sacerdote. O santo velho se dirige a Maria e não a José, como quem sabia pelo Espírito Santo que Jesus só era filho da Santíssima Virgem.

Foi posto para ruína e ressurreição de muitos, segundo o bem ou mau uso que fizerem das graças de salvação. – Jesus Cristo procura a conversão e a salvação de todos, pois morreu e mereceu a graça para todos. Muitos, porém, recusam a salvação e se obstinam no pecado, e por isso perdem-se e condenam-se.

Uma espada, em grego romphaia, isto é, uma grande espada que se costuma trazer ao ombro direito. Esta expressão indica uma grande dor que há de traspassar o coração de Maria.

 

O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena escreve: “Uma espada te transpassará a alma’. Compreende-o Maria e, no segredo do coração, repete seu ‘fiat’ como em Nazaré. Ao oferecer seu Jesus, oferece-se a si mesma, começando assim sua paixão de mãe que a associará cada dia mais à do Filho”.

 

PIB comenta Lc 2, 34-35.

Simeão abençoou Maria e José não porque fosse sacerdote, mas como venerado que era por todos por sua idade e autoridade. Dirigindo-se a Maria prediz que aquele menino seria sinal de contradição, ocasião de ódios inextinguíveis e de quedas para alguns, objeto de amor ardente e de salvação para muitos e que, por isso, ter-se-iam manifestado as disposições internas dos homens com relação a Jesus. Prediz também que uma aguda espada de dor transpassaria o seu coração materno. Predições todas que se realizaram (cf. Jo 19, 25).

 

Em Lc 2, 36-38 diz: “Havia também uma profetiza chamada Ana, de idade muito avançada, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Após a virgindade, vivera sete anos com o marido;  ficou viúva e chegou aos oitenta e quatro anos. Não deixava o Templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações. Como chegasse nessa mesma hora, agradecia a Deus e falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.

 

Santo Ambrósio escreve: “Havia profetizado Simeão, havia profetizado uma que era casada e havia profetizado uma Virgem. Profetizou também uma viúva para que não faltasse nenhum sexo nem condição. E por isso disse: ‘Vivia então uma profetisa chamada Ana”, e: “Se detém o evangelista descrevendo a pessoa de Ana, dizendo quem era seu pai, qual era sua tribo...” (Teofilacto), e também: “Ou talvez porque naquele tempo havia outras mulheres que tinham o mesmo nome de seu pai, e disse qual é a sua origem” (São Gregório de Nissa), e ainda:  “Ana, tanto por suas virtudes de viúva, quanto por seus costumes, está representada como digna de anunciar o Redentor do mundo, pelo que continua: ‘Que era já de idade muito avançada e havia vivido desde sua virgindade, sete anos com seu marido e sendo viúva até aos oitenta e quatro anos” (Santo Ambrósio), e: “Isto é, dava graças vendo a salvação do mundo em Israel, e dizia de Jesus que era o Redentor e o mesmo Salvador. Daqui prossegue: ‘E falava d’Ele a todos os que esperavam” (Teofilacto), e também: “E como Ana, a profetisa, falou pouco e não muito claro de Jesus Cristo, o Evangelista não refere explicitamente o que ela disse. Também se pode crer que talvez falou Simeão antes dela, porque este representava a forma da lei (posto que seu nome quer dizer obediência) e ela representava a graça, e como Jesus Cristo estava entre eles, deixou morrer o primeiro com a lei, e fomentou com a graça a vida da última” (Orígenes), e ainda: “Segundo o sentido místico, Ana significa a Igreja, que na atualidade tem ficado como viúva pela morte de seu esposo. Também o número dos anos de sua viuvez representa o tempo da peregrinação do corpo da Igreja distante do Senhor. Sete vezes doze fazem oitenta e quatro; sete expressa a marcha do tempo que gira em sete dias, e doze que pertence à perfeição da doutrina apostólica. Por isso, tanto a Igreja universal como qualquer alma fiel, que procura passar todo o tempo da vida segundo a doutrina dos apóstolos, pode dizer que serviu ao Senhor no espaço de oitenta e quatro anos” (São Beda).

 

Dom Duarte Leopoldo escreve: “Esta viúva deve ser um exemplo para as mulheres piedosas, que podem também fazer conhecer a Nosso Senhor e ao seu Evangelho. – Não é provável que ela residisse no interior do templo, o que não era permitido pela Lei. – Deus sempre recompensa, com muita generosidade, o zelo pela sua religião”.

 

Edições Theologica comenta esse trecho da Palavra de Deus.

O testemunho de Ana é muito parecido ao de Simeão: como este, também ela tinha estado à espera da vinda do messias durante a sua longa vida, num serviço fiel a Deus; e também é premiada com o gozo de O ver. “Pôs-se a falar”, isto é, do Menino: louvava a Deus em oração pessoal, e exortava os outros a que cressem que aquele Menino era o Messias.

Assim, pois, o nascimento de Cristo manifesta-se por três espécies de testemunhas e de três modos diferentes: primeiro, pelos pastores, depois do anúncio do anjo; segundo, pelos Magos, guiando-os a estrela; terceiro, por Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo.

Quem, como Simeão e Ana, persevera na piedade e no serviço a Deus, por muito pouca valia que pareça ter a sua vida aos olhos dos homens, converte-se em instrumentos apto do Espírito Santo para dar a conhecer Cristo aos outros. Nos Seus planos redentores, Deus vale-Se destas almas simples para conceder muitos bens à humanidade.

 

PIB comenta Lc 2, 36.

Profetisa: costuma-se indicar com este nome, na Escritura, uma mulher que vive uma vida de união com Deus, favorecida por seus carismas celestes, e que é generosa em bons conselhos para com os outros.

 

Em Lc 2, 39-40 diz: “Terminando de fazer tudo conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele”.

 

Teofilacto escreve: “A cidade de Belém era como sua pátria, porém Nazaré era o lugar onde habitava”, e: “Podia haver nascido Jesus tendo quanto ao corpo uma idade madura. Porém, para que isso não parecesse fantástico, cresceu pouco a pouco, como disse o texto: ‘E o Menino crescia e se fortificava” (Idem.), e também: “Nosso Senhor Jesus Cristo enquanto criança, isto é, revestido da fragilidade da natureza humana, devia crescer e fortificar-Se; mas enquanto Verbo eterno de Deus não necessitava de Se fortalecer nem de crescer. Donde muito bem é descrito cheio de sabedoria e de graça” (São Beda, In Lucae Evangelium expositio, ad loc.), e ainda: “Mandava a lei observar não só o tempo, mas também o lugar nas solenidades dos hebreus, e, portanto, os pais de Jesus não queriam celebrar a Páscoa fora de Jerusalém” (São João Crisóstomo, Orat. 2, contra Jedaeos).

 

PIB comenta Lc 2, 39-40.

A plenitude da graça de que Jesus foi cumulado desde o primeiro instante de sua existência, manifestava-se progressivamente aos olhos dos homens, como a luz e o calor do sol que vão aumentando de intensidade desde o despontar até ao pleno meio-dia. Nisso também o Verbo encarnado quis fazer-se semelhante aos homens.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 26 de dezembro de 2008

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Luz para iluminar as nações”
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