Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

06 de novembro

São Teófilo Venard e Companheiros

A Igreja em todos os tempos traz consigo os sinais da paixão e morte do próprio Mestre, Cristo, o qual disse: “Assim como perseguiram a mim perseguirão também a vós”.

Ao lermos as atas dos mártires do tempo das perseguições romanas ficamos às vezes duvidando sobre a ferocidade nas torturas infligidas, achando-as um tanto lendárias: no entanto, em tempos mais recentes documentos irrefutáveis demonstram como tais tormentos aplicados com requintada crueldade são possíveis nas feras humanas!

A Igreja missionária da Indochina escreveu, no século passado, uma das suas páginas mais gloriosas. O ideal missionário que Cristo deixou em sua Igreja levou em todos os séculos missionários à conquista do seu Reino, às partes mais longínquas da terra. Numerosos missionários dominicanos espanhóis, assim como das missões estrangeiras de Paris, no século passado, porfiavam na pregação do Evangelho, nas regiões do Vietnã e da China, quando por volta do ano 1850 o demônio do paganismo desencadeou uma terrível perseguição. Muitas foram as vítimas, entre os missionários como entre os fiéis convertidos.

Entre os primeiros, contam-se três missionários espanhóis: os bem-aventurados Jerônimo Hermosilla, Valentim Ochoa e Pedro Amado. Presos por pregar uma religião contrária às tradições locais, foram cruelmente torturados e depois decapitados.

Outro grande apóstolo e mártir foi Teófilo Venard, das missões estrangeiras de Paris. Jovem inteligente, muito querido pela família, tomado pelo amor de Cristo, decidiu tornar-se missionário e partir para Tonkim, na China.

Na viagem, escrevia à sua querida mana: “Previa perfeitamente a dor que teria causado a meus pais e a ti, querida irmã. Esta separação custou-me lágrimas de sangue. Mas o amor a Deus foi mais forte e cortou os laços do mais terno afeto para dar minha vida por meus irmãos”.

Chegando a Hong-Kong, porta da China, dedicou-se por 15 meses à aprendizagem da difícil língua chinesa, depois se atirou ao trabalho apostólico com zelo incansável. Apesar do meio hostil e uma saúde precária, desenvolveu grande atividade missionária. Traduziu em língua chinesa as Cartas e os Atos dos Apóstolos. Já estava colhendo os frutos de seu sacrificado apostolado quando, em 1852, os perseguidores deram ordem de prender todos os cristãos, começando pelos missionários e aplicando-lhes o martírio pelo sistema chamado lang-tri que consistia numa tortura lenta, mas tremendamente dolorosa.

Teófilo Venard, preso e fechado numa gaiola, foi levado entre torturas até Hanói e de lá escreveu sua última carta, dizendo: “Com o bispo e outros padres fomos colocados numa cela tão estreita que só dava para ficar de pé e mal conseguíamos respirar. Não havia luz, nem ar e, isso, por dias seguidos”. No fim, Teófilo foi decapitado com seus colegas e a cabeça atirada no rio Vermelho.

Em 1857, sofreram o martírio mais 25 cristãos, entre os quais, o bispo José Ganjúrio. Este, pouco antes da morte, escrevia: “Entrei na cadeia, sem livros, sem roupa, sem nada, submetido a contínuas torturas; mas estou tranqüilo, e sou feliz por ver-me considerado digno de sofrer por causa do Cristo”.

O exemplo destes e mais outros mártires da Igreja missionária da Indochina, tão próximos a nós no tempo, é particularmente apto para animar os cristãos dos nossos dias a viverem corajosamente a sua fé, que tantos sacrifícios custou aos nossos irmãos.