13 de Novembro
Santos Estanislau Kostka e Homobono ou Homembom
“Mesmo vivendo existência breve, percorreu longa carreira. Sua alma era agradável a Deus e por isso ele o tirou depressa do meio da corrupção do mundo” (Sb 4,13). A liturgia aplica estas palavras inspiradas a Estanislau Kostka, falecido em Roma ao completar 18 anos. Descendente da família nobre e poderosa dos Kostka, Estanislau nasceu na Polônia, em 1550. Sua piedosa mãe lançou, com generosidade, no coração do filho, a semente das virtudes cristãs que encontraram nele terreno fértil. O pai, homem ambicioso, só confiava no poder das armas e esperava dos filhos um aumento de domínio e de glória. Deus, contudo, tinha outros desígnios em relação a Estanislau, que na idade de 14 anos foi enviado para Viena a fim de cursar os estudos superiores. Junto a seu irmão Paulo, alguns primos e um preceptor, Estanislau hospedou-se no colégio dos padres jesuítas, lugar propício para suas aspirações religiosas. Mas por breve tempo, porque o imperador Maximiliano mandou fechar o colégio e a pequena comunidade de estudantes poloneses, encontrou acolhida no castelo do príncipe luterano Kimbercher. A situação piorou para Estanislau que mostrava fortes pendores para a virtude e a vida de oração. Era um ambiente de vaidade e de mundanismo com certa prevenção contra o Catolicismo. Estanislau sentiu-se isolado, incompreendido e até perseguido pelo irmão mais velho que lhe contrariava a intensa vida espiritual. “Eu nasci para as coisas eternas e não para as coisas do mundo”, respondia Estanislau a quem o convidava para tomar parte dos ruidosos divertimentos do mundo. Suportou com paciência os contínuos maus tratos do irmão, respondia com bondade às zombarias dos colegas que interpretavam mal seus anseios de perfeição espiritual. Estanislau alimentava grande devoção a Maria Santíssima, considerando-a mãe e mestra. Mesmo com sacrifício, participava diariamente da santa missa, procurando na comunhão o alimento para suas virtudes, a força na luta e a proteção para sua pureza angelical. A aplicação nos estudos, as mortificações que praticava e o ambiente hostil em que vivia minaram sua frágil saúde com grave perigo de vida. Sua fé profunda e confiança ilimitada na proteção do Alto lhe mereceram a aparição de um anjo que o confortou com a Santíssima Eucaristia e da Virgem Maria, que, restituindo-lhe milagrosamente a saúde, lhe colocou nos braços o Menino Jesus. Foi nesta ocasião que Estanislau recebeu o convite de Nossa Senhora para entrar na Companhia de Jesus. Contudo, a oposição do irmão e do pai foi ferrenha. Para fugir deste condicionamento, Estanislau preparou uma fuga secreta de Viena a Treves onde sabia existir a casa provincial dos jesuítas. Sozinho, a pé, percorreu 700 km, procurando despistar o irmão que raivosamente o perseguia. São Pedro Canísio, provincial dos jesuítas na Alemanha, recebeu-o com muito carinho, vendo nele um herói em seguir a vocação religiosa e enviou-o a Roma com uma carta de recomendação ao superior geral, São Francisco Borja, dizendo: “Espero dele coisas extraordinárias”. No Colégio Romano o espírito de observância religiosa e dedicação do jovem polonês foram admiráveis. Naquela casa de estudo e de santificação, Estanislau deu plena expansão a seus anseios de perfeição religiosa. Viveu somente nove meses no noviciado jesuíta; o tempo suficiente para os retoques finais de sua santidade. A Santíssima Virgem lhe revelou interiormente a iminência de sua morte. Ele próprio deixou escrito uma oração em que pedia a graça de morrer na festa da Assunção de Nossa Senhora. No dia 10 de agosto foi tomado por febre misteriosa. Ele viu nisso o sinal iminente da morte. Pediu o Viático e o sacramento dos enfermos e docemente adormeceu no Senhor no dia 15, pronunciando as palavras: “Jesus, Maria”. Canonizado aos 13 de novembro de 1726, Estanislau forma com São Luís Gonzaga (dia 21 de junho) e São João Berchmans (12 de agosto) uma admirável tríade de santos que foram propostos como modelos de pureza para a juventude de todos os tempos. SANTO HOMOBONOTalvez seja Santo Homobono o único exemplo da história de um esposo e pai de família que chegou à santidade reconhecida oficialmente pela Igreja, tendo passado toda sua vida em atividades comerciais. Nasceu de uma modesta família ao norte da Itália por volta do ano 1140. Os pais deram-lhe o nome de Homobono que significa “Homem Bom”, e foi sinal profético da santidade que ia alcançar. Como jovem, ajudou o pai na atividade comercial. Conhecendo os abusos e astúcias desta profissão, procurou se precaver seguindo as normas da consciência honesta e leal, conforme o princípio de Cristo: “Não façais aos outros o que não quereis que os outros vos façam”. Antes de começar o serviço na loja, fazia as orações todos os dias, e possivelmente assistia à santa missa, pois ele dizia: “Sem a bênção de Deus nada se faz bem”. Com maior escrúpulo evitava enganos, fraudes, mentiras nas transações comerciais. Em seu balcão não havia peso falso. A consciência não lhe permitia aplicar medidas adulteradas ou elevar arbitrariamente o preço das mercadorias. Corretíssimo no cumprimento das obrigações, era pontualíssimo também na solução dos compromissos, não admitindo que, pelo atraso de sua parte nos pagamentos, alguém pudesse ser prejudicado. Tratando-se de procurar uma esposa para si, deixou-se guiar pelo conselho dos pais. Morto seu pai, continuou na profissão de comerciante. Os domingos e dias santos de guarda eram escrupulosamente observados e reservados ao culto de Deus, à prática de obras boas, sobretudo nas visitas aos doentes. Em suas numerosas viagens por motivos comerciais, pautava os compromissos de acordo com os deveres religiosos e transformava o relacionamento com o próximo em meio de apostolado pela palavra e pelo bom exemplo. Santo Homobono era sobremaneira generoso para com os pobres. A nenhum deles negou seu auxílio ou esmola. Sua esposa não condividia o critério de caridade usado pelo marido, receosa que tal Modo de proceder prejudicasse o bem-estar da família. Certa vez perdeu a paciência e investiu contra o marido com maldições e injúrias. Homobono suportou tudo com paciência e mansidão, e observou à esposa a promessa de Cristo: “Dai e vos será dado em medida mais abundante”. A mulher mostrou-se inacessível a este argumento evangélico e continuou em desacordo com o marido até que um fato extraordinário lhe abriu os olhos. Durante uma carestia, Homobono era procurado por uma multidão de pobres. Este, aproveitando da ausência da esposa, distribuiu tudo o que possuía. Ao voltar a esposa para casa, encontrou a mesma abundância de alimentos que antes de sua ausência. Desde aquele dia ficou mais conformada com a liberalidade do esposo. Seu prestígio de santo concorreu em determinada circunstância a pacificar os cidadãos de sua cidade natal. Todo tempo de sobra aos seus deveres familiares e profissionais, Homobono o empregava detendo-se em oração, em visitar a igreja onde ficava longo tempo em adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Homobono morreu no dia 13 de novembro de 1193 quando estava assistindo à santa missa. Depois de sua morte verificaram-se numerosos milagres sobre seu túmulo, de tal maneira que fizeram o bispo de Cremona promover o processo de canonização. A devoção a este santo se estendeu, não somente à Itália, mas passou para a França e Alemanha. Sua vida fez jus a que fosse proclamado padroeiro dos comerciantes.
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