Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

19 de novembro

São Roque Gonzalez e Companheiros

Veneramos hoje santos de nossa terra, glória de nosso solo, exemplos de nossa casa! São eles os bem-aventurados Roque González, Afonso Rodríguez e João de Castilho, missionários jesuítas.

Roque González nasceu em Assunção do Paraguai em 1576. Era filho de pais espanhóis que se caracterizavam por sua nobreza de sangue e sua vida cristã autêntica. Fez seus estados no colégio que os padres jesuítas, recém-chegados ao Paraguai, abriram em Assunção. Sobressaía os companheiros por seus dotes de inteligência e suas virtudes de pureza e piedade. Desde cedo preocupou-se com a sorte dos índios Guaranis cuja língua dominava. Sentia porém mais do que tudo a exploração indigna e desumana de que o índio era alvo constante da maioria dos brancos.

Do colégio, Roque passou para os estudos seminarísticos a fim de tornar-se sacerdote, na evangelização dos índios. Foi ordenado padre com apenas 22 anos, aproveitando da presença de um bispo provindo de Buenos Aires.

Recém-ordenado, Roque recebeu sua primeira destinação junto aos índios ervateiros na serra do Maracaju, ao norte de Assunção. Seu ministério teve boa aceitação porque unia o exemplo heróico da caridade e justiça à doutrina ensinada.

Regressando por ordem superior para Assunção, o Pe. Roque foi nomeado cura da catedral, onde deu mostra de ser um sacerdote virtuoso, dedicado e prudente. Contudo, não ficou muito tempo neste honroso cargo, porque seu carisma era outro; desejava dedicar-se unicamente à evangelização dos índios numa vida protegida por uma disciplina religiosa; por isso decidiu entrar para a Companhia de Jesus.

A admissão de Roque na vida religiosa consagrada ocorreu a 9 de maio de 1609, contando 33 anos de idade. Apenas admitido como noviço, o Pe. Roque já teve a chance de ser missionário. confiaram-lhe, junto com o experimentado Pe. Vicente Griffi, uma das tarefas mais difíceis e perigosas: a da pacificação dos terríveis e belicosos Guaicurus do Chaco, que por 70 anos foram o terror de Assunção.

Uma das primeiras atividades que Pe. Roque teve que aprender foi a da lavoura, a fim de poder ser mestre dos índios. Pe. Roque foi visto, então, manejar os bois, o arado, lavrar a terra, ensinando tudo isso aos índios.

Em 1611 o Pe. Roque foi destinado à missão de Santo Inácio, em Guaçu, a fim de iniciar sua primeira experiência em reduzir os índios Guaranis do estado seminômade e viverem juntos em aldeia a fim de encontrarem melhores condições de vida pelo cultivo comunitário da terra e de se subtraírem à fácil exploração dos colonizadores espanhóis. Devido ao grande espírito organizador e caritativo do Pe. Roque, a missão de Santo Inácio se transformou em redução exemplar. Fundou em seguida as reduções de Conceição do Uruguai, de Porto Xavier, e, penetrando em solo gaúcho, fundou São Nicolau, que foi o centro administrativo das reduções.

Seu zelo incontido levou-o a penetrar mais em terra gaúcha, subindo o rio Ibicuí chegou até perto de Santa Maria, na localidade de São Martinho. Voltou novamente à região de São Nicolau dando início à redução de Caaró. Aí foi surpreendido pelo martírio no dia 15 de novembro de 1628. Construída uma capela, estava levantando um pequeno campanário, quando índios emissários do feiticeiro Nheçu, descarregaram traiçoeiramente potentes golpes de clavas de pedra na cabeça do santo missionário. A poucos passos estava o Pe. Afonso Rodríguez que foi imediatamente atacado pelos índios e dilacerado em todo o corpo. O mesmo fim violento se deu com o terceiro missionário, o Pe. João de Castillo, morto na Missão de São Nicolau.

A história narra que do coração de Pe. Roque, ao ser traspassado por uma lança, saiu uma voz misteriosa: “Matastes a quem tanto vos amava. Matastes meu corpo, porém minha alma está no céu”.

Este coração, apesar de lançado ao fogo, conserva-se milagrosamente intacto no colégio dos jesuítas em Assunção do Paraguai.

As reduções guaranis eram modelo arrojado de evangelização e aculturação dos índios. A história clama contra as injustiças e a brutalidade dos colonizadores que expulsaram os heróicos missionários e destruíram as reduções, matando ou escravizando os aborígines (1753-1760). Os três foram canonizados no dia 16/05/1988 pelo Papa João Paulo II em sua visita a Assunção.