São Tiago das Marcas O Martirológio Romano comemora, hoje, entre outros santos, Tiago das Marcas, sacerdote da Ordem dos Menores, ou Franciscanos. Ilustre pela aspereza da vida, pela pregação apostólica, pelas muitas incumbências em prol do Cristianismo. Pelo Sumo Pontífice Bento XIII foi inscrito no Catálogo dos Santos. Este santo pertence ao eleito número de santos franciscanos, como Bernardino de Sena, João de Capistrano, que exerceram grande influência religiosa e social, no século XV, em toda a Europa. Nasceu Tiago em 1394, na região chamada Marche, centro da Itália, donde lhe veio o sobrenome, Marcas. Pertencia a uma família humilde e pobre. Pela proteção de um tio sacerdote conseguiu cursar os estudos primários. Com 22 anos de idade entrou na Ordem Franciscana, em Assis. Teve como mestre de noviciado o angélico São Bernardino de Sena, que teve influência em sua formação. Escrevendo-lhe mais tarde, dizia, com comovida gratidão: “Ó bom pai, eu me lembro, quando era noviço, que tu cortaste com tuas mãos meu primeiro hábito”. Formado sacerdote, arrebatado pelo exemplo do seu santo mestre, dedicou-se à pregação em missões populares. Era uma pregação simples, mas viva, doutrinária e prática ao mesmo tempo, toda ela concentrada na pessoa e no nome de Jesus Cristo. Metido em seu pobre burel andava de cidade em cidade descalço, vivendo de esmolas, exposto às intempéries, pregando a boa mensagem, nas pregações, nas conversas, arrebatando com sua palavra convicta, viva e ardente. Um dos grandes vícios do tempo era a avareza e a usura. Negociantes e mercadores tiranizavam o povo com empréstimos e juros altíssimos. Contra esta praga social, São Tiago teve uma idéia luminosa: instituiu em muitas cidades os Monti di pietà, espécie de bancos populares com juros mínimos. Bens móveis serviam também de caução. São Tiago desempenhou também cargos de importância na Ordem, e se desincumbiu com sucesso de numerosas missões que o papa lhe confiara. Em tal ofício foi inquisidor na melindrosa situação dos Fraticelli, frades rebeldes e quase heréticos. Viajou pela Europa para incentivar os príncipes a organizarem uma cruzada contra os turcos que ameaçavam a fé e a paz na Europa. Foi pregador eficaz contra os sequazes de Huss; participou do Concílio de Basiléia. Sua vida particular como religioso era sumamente austera. Praticava jejuns todos os dias, excetuados os domingos e festas; disciplinava seu corpo: era de uma piedade angélica. Foi grande propagador da devoção ao Santíssimo Nome de Jesus, conforme o espírito de São Bernardino de Sena. Passou seus últimos anos em Nápoles, quando as forças iam declinando. Tomado por fortes cólicas, o magro e quase acabado pregador temia só uma coisa: que a dor física lhe impedisse a união pela oração com Deus. Pediu perdão aos irmãos de hábito pelos maus exemplos deixados, recebeu os santos sacramentos com admirável devoção e veio a falecer no dia 28 de novembro de 1476, pronunciando estas últimas palavras: “Jesus, Maria, bendita paixão de Jesus”. São Tiago das Marcas deixou numerosos escritos, como pregações quaresmais, assuntos ascéticos, etc. Foi canonizado pelo Papa Bento XIII em 1726. Sua festa litúrgica recorda o dia do aniversário de sua morte.
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