Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

29 de Outubro

Bem-Aventurado Bártolo Longo

Entre as características eclesiais do século XX sobressai, sem dúvida, a tomada de consciência dos leigos em relação a sua responsabilidade apostólica e à vocação à santidade. Nestes últimos decênios o papa elevou à honra dos altares três leigos que fizeram de sua atividade profissional no mundo um meio de apostolado ativo e fecundo e chegaram a um alto grau de perfeição. São eles: os Bem-aventurados Contardo Ferrini, jurista; José Moscati, médico; e Bártolo Longo, advogado. Este último, recém-beatificado, é conhecido universalmente pela devoção a Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, que ele iniciou, promoveu e dinamizou.

Bártolo Longo nasceu em Brindisi, na Itália, em 1841; cursou seus estudos na cidade natal, completando-os, em seguida, no grande centro cultural de Nápoles, onde se formou em advocacia.

Eram tempos de positivismo agnóstico e de liberalismo religioso, que afogavam tantos ideais juvenis na indiferença religiosa. Ser cristão de convicção e de prática neste meio cultural exigia heroísmo não comum.

Bártolo Longo passou por uma crise religiosa; bons amigos o acompanharam com conselhos e orações até que ele conseguiu superá-la e chegar a uma conversão radical. Abandonou sua brilhante carreira de advogado a fim de dedicar-se totalmente à defesa dos pobres, ao apostolado e às obras de caridade. Tinha notável carga de zelo e de entusiasmo para fazer algo de grande, para construir um centro de devoção mariana e abrir obras assistenciais, a fim de aliviar tantas misérias sociais.

Escolheu como centro de suas atividades os arredores da antiga cidade de Pompéia, sepultada debaixo das cinzas pela violenta erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79 da era cristã. Com seus trinta e dois anos de idade, o jovem advogado visitou as famílias de agricultores que viviam em total isolamento, sem instrução religiosa, a fim de levar-lhes uma mensagem de fé. Era necessário construir uma capela para os encontros de oração, sugerindo assim uma devoção fácil e popular a estes camponeses. Procurou, então, e comprou uma tela antiga que representava Nossa Senhora do Rosário. Restaurou-a e colocou-a na capela com a intenção de promover a devoção ao rosário.

O profeta Isaías, falando dos tempos messiânicos, preanuncia que “o deserto florescerá”. Pois bem, o deserto da antiga Pompéia floresceu numa cidade nova, na cidade de Nossa Senhora e num centro de caridade. Desde o ano 1880 deu início à construção do grandioso santuário em louvor a Nossa Senhora do Santo Rosário, chamada de Pompéia; obra que parecia uma loucura naquele tempo em que a localidade era ainda deserta. Mas Bártolo Longo tinha a visão de profeta que previa um centro internacional mariano. O santuário levou 22 anos para ser terminado, mas surgiu de fato majestoso, imponente, artístico e adquiriu uma fama mundial.

Além dessa atividade, Bártolo Longo cuidava das obras de caridade, que são o fruto autêntico da fé. Por isso ao redor do templo sagrado surgiram, no curso dos anos, esplêndidas obras filantrópicas como orfanatos, casa dos filhos de pais presos, escolas, artesanatos, oficinas, tipografias, onde as crianças carentes não só recebiam educação, mas também orientação profissional.

A fim de cuidar deste imponente complexo de caridade, Bártolo Longo fundou uma instituição de irmãs, chamadas Filhas de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia. Editou também uma revista mensal que já conta cem anos de atividade para difundir a devoção a Nossa Senhora do Rosário e, através desta revista, promoveu, inclusive, o movimento em favor da proclamação do dogma da Assunção de Nossa Senhora, coroado de feliz êxito no ano santo de 1950.

Bártolo Longo, homem de excepcionais virtudes, demonstrou ser também, em sua prática e em seus escritos, um pedagogo, educador delicado e sensível, sobretudo, em relação aos problemas da educação dos órfãos, dos filhos de pais presos e da reeducação dos encarcerados.

Faleceu santamente no dia 5 de outubro de 1926, pranteado não só pelos assistidos, mas por todo o povo de Pompéia. Tinha 85 anos, 54 dos quais vividos na conversão, como insuperável apóstolo do santo rosário e pai dos órfãos. Em outubro de 1979 o Santo Padre o Papa João Paulo II, visitando Pompéia, teve pronunciamentos elogiosos ao grande movimento mariano e às obras sociais e ajoelhou-se em oração junto ao túmulo deste grande apóstolo Bártolo Longo.