Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

ASSOCIAÇÃO DE BENFEITORES SÃO JOSÉ

 

CIDADE MISSIONÁRIA DO SANTÍSSIMO CRUCIFIXO, ANÁPOLIS-GO

 

Circular n° 20 – 22-01-2008

 

Caríssimo (a) benfeitor (a), diante das dificuldades que surgem a cada dia no seu caminho, não se desespere, não fique desanimado nem deixe de caminhar; pelo contrário, lembre-se de que depois desse vale de lágrimas existe um Céu, onde viveremos mergulhados em Deus, se perseveramos até o fim: “O céu é nossa pátria, lá Deus nos preparou o repouso numa eterna felicidade. Passamos pouco tempo neste mundo, mas neste pouco tempo temos muitas dores a sofrer” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, cap. V).

 

Não se apegue às coisas passageiras desse mundo, mas viva com o coração palpitando pelo Céu, nossa morada eterna: “Porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir” (Hb 13, 14), e: “Oh! Ao senhor posso confidenciar alguma coisa: se soubesse como às vezes sinto nostalgia do céu! Como gostaria de voar para lá, junto do meu Deus!” (Bem-aventurada Elisabete da Santíssima Trindade, Carta 49), e também: “O Céu é a posse de Deus. No céu contempla-se a Deus, adora-se e ama-se a Ele. Mas para chegar ao céu é preciso desprender-se da terra” (Santa Teresa dos Andes, Diário 58).

Infeliz daquele que deixa de buscar o Céu para viver apegado e agarrado às coisas da terra. É preciso dizer a essa “minhoca”, que possuímos uma alma imortal, e que as coisas passageiras e podres desse mundo não pode saciá-la, mas somente o Deus Eterno. Quem se apega às coisas da terra, se iguala a elas: “Esta alma tão apegada às criaturas não poderá de forma alguma unir-se ao ser infinito de Deus, porque não pode existir conveniência entre o que é e o que não é” (São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, Livro I, cap. IV, 4), e: “Para dar mais evidência a esta doutrina, observemos que o afeto e o apego da alma à criatura a torna semelhante a esta mesma criatura” (Idem, 3).

Prezado (a) benfeitor (a), caso seja preciso, deixe de beber, de comer e de dormir, mas não deixe de lutar para conquistar a Vida Eterna. O louco de todos os mais louco, é aquele que vive esquecido do Paraíso.

Lembremo-nos continuamente do Céu e o desejemos de coração.

O Céu é o lugar da eterna felicidade, onde Deus recompensa os justos: “Vinde, benditos do meu Pai, tomar posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25, 34).

Não podemos exprimir com palavras humanas a glória do Céu. São Paulo adverte-nos de que “nem o olho viu nem o ouvido ouviu nem a mente humana compreendeu o que Deus tem preparado para os que O amam” (1 Cor 2, 9).

O Apocalipse canta que “Deus mesmo estará com eles e enxugará as lágrimas dos seus olhos, e a morte não existirá mais, nem haverá luto, nem gritos, nem trabalho, porque tudo isso estará já passado” (Ap 21, 3-4), e: “Descansaremos e contemplaremos e amaremos e louvaremos” (Santo Agostinho, De civitate Dei, 22, 30: PL 41, 804).

É o que ensina a Igreja: “Veremos com clareza o próprio Deus, Trino e Uno, tal como é” (Concílio de Florença, Dz. 693). Este contemplar a Deus face a face é que se chama a visão beatífica, e ocupará a nossa vida no Céu, enchendo-nos de felicidade.

O monge Edouard Clerc escreve: “l. No Céu, os eleitos vêem a Deus e conhecem-no de maneira clara, direta e imediata, sem o auxílio do raciocínio; é o que se chama visão intuitiva. Não se trata de uma visão passageira, como a que Deus às vezes concede a almas muito santas, mas de um estado diferente daquele em que vivemos. Nesse estado, a inteligência humana encontra-se livre da ignorância e do erro, pois vê tudo em Deus, que nos fez inteligentes para que pudéssemos chegar a esse termo, com ou sem conhecimentos científicos. Para a criatura, será uma alegria imensa conhecer no Céu a beleza da Criação e as leis que a governam. Por outro lado, essa visão de Deus dá aos eleitos uma felicidade indizível, já que Ele se mostra à alma na sua infinita bondade: é a visão beatífica. Compreender — cada um conforme a sua medida — que Deus é Amor e produz uma felicidade proporcional a esse conhecimento. 2. Os eleitos contemplam a Deus, uns mais perfeitamente do que outros, de acordo com os seus méritos; a Sagrada Escritura afirma claramente que cada qual receberá a sua recompensa segundo as suas obras, o que é de justiça. Quando Cristo diz: Na casa de meu Pai há muitas moradas (Jo 14, 2), não devemos imaginar um palácio com quartos mais e menos belos. Em todas as representações setoriais do Céu, há pessoas mais próximas de Deus, e outras mais afastadas. Na realidade, porém, Deus é tudo em todos (l Cor 15, 28). Há graus na felicidade, tal como há graus no bem que se fez e que se faz. Na ordem natural, cada um atua segundo a sua capacidade: uns podem fazer coisas que outros não podem. Na ordem da recompensa, cada pessoa a receberá na medida em que tiver feito frutificar os dons recebidos de Deus. Já vimos, a respeito do Juízo, que se exigirá mais daquele que mais recebeu; e também para a recompensa, a medida da felicidade é a medida da fidelidade a Deus. Existem, portanto, diferentes graus de felicidade entre os eleitos, mas essa desigualdade não é ocasião de ciúmes, pois cada um se encontra plenamente saciado. Um copo de água encontra-se cheio, e um caminhão-pipa também está cheio: a nenhum dos dois é possível acrescentar nada. Pode-se falar de desigualdade neste caso? Ou será necessário derramar metade do conteúdo do caminhão no copo? No Céu, a alma menos elevada em santidade está totalmente cumulada, é incapaz de receber mais, não pode aspirar a uma felicidade mais alta. Por conseguinte, cada um, na sua medida, é perfeitamente feliz. 3. A felicidade do Céu é eterna. Trata-se de uma verdade de fé, de um dogma: Creio... na vida eterna. Mas é também uma condição necessária para que a felicidade seja perfeita. Aqui na terra, quando nos sentimos felizes, pensamos: “Isto não vai durar”, e no mesmo instante a felicidade diminui. Uma vida feliz com Deus, mas de duração limitada, é uma suposição absurda, impensável: a visão beatífica, uma vez concedida, já não pode perder-se. É para nós difícil, ou melhor, impossível, conceber o que é a eternidade, imaginar o infinito. Se diz que é uma duração sem fim, isso implica uma contradição, pois a duração é um espaço de tempo e a eternidade é um estado fora do tempo, portanto sem começo e sem fim. Não existe qualquer ponto de apoio para a imaginação, e nenhuma comparação é possível. Resta-nos crer que estaremos em Deus, que é eterno: Tu guardas os que amam o teu nome, em ti tudo é júbilo. Alegria para os que guardaste, alegria eterna (cf. SI 88, 17) no Paraíso. 4. Outra grande alegria será já não podermos pecar nem desagradar a Deus, ou seja, estarmos fixados no bem. Isto não nos privará da liberdade, porque conservaremos a nossa natureza humana racional, com o exercício da nossa inteligência pelo conhecimento e da nossa vontade pelo amor. O pecado será impossível porque viveremos já de Deus e em Deus. Pensaremos e amaremos na contemplação divina, não apenas com a fé e a esperança, mas com uma caridade — um amor — que terá tomado posse de nós definitivamente. A alegria que nos dará essa segurança de estarmos para sempre ancorados no bem, será a mesma que experimentam os anjos. 5. Para que nada falte à bem-aventurança do Céu, é preciso acrescentar a grande alegria que será, não só conhecermos a Santíssima Trindade, mas também vermos Jesus, Deus-Homem, e podermos admirar a sua Humanidade. Cristo é o mais belo dos filhos dos homens; a sua beleza, como a de Maria, é simples, e custa-nos muito imaginar a simplicidade. A alegria de ver a Santíssima Virgem, que todos desejamos contemplar, será também, sem dúvida, uma deliciosa surpresa. Bernadete dizia: “Depois que alguém a viu uma vez, desejaria morrer para voltar a vê-la”. 6. Por fim, haverá a bem-aventurança de encontrarmos de novo todos aqueles a quem amamos e que nos precederam na casa do Pai. Há separações que não cicatrizam, e é somente a esperança do reencontro que sustenta o ânimo de quem fica para trás. Por isso, muitas pessoas esperam a morte e desejam o Céu para terem a alegria de encontrar os entes amados e sempre recordados. A este propósito, põe-se uma questão: se duas pessoas que se amaram não se encontrarem no Céu, por uma delas ter ido para o Inferno, isso não será um sofrimento, um enorme sofrimento, para aquela que se salva? Só há uma resposta possível: como no Céu se verá e se julgará tudo em Deus e a partir de Deus, não se poderá senão ficar contente com a sua justiça, que então se poderá compreender. Por enquanto, porém, contamos apenas com a nossa razão humana, e não nos é possível fazê-lo. Para nós cristãos, o padecimento causado pela morte de um ser querido nunca deve carecer de esperança, tanto por sabermos que Deus é misericordioso, como pela esperança de voltarmos a encontrar essa pessoa. Esta esperança é fundada. É doloroso ver, aqui e ali, em alguns cemitérios, a fórmula demasiado repetida: “Saudades eternas”. Na boca de um cristão, seria um sinal de falta de fé e de esperança, porque sabemos que as nossas saudades são temporárias. Em resumo, portanto, podemos dizer que o Céu será para cada um de nós a felicidade perfeita, que nos cumulará eternamente de acordo com a nossa capacidade, sem deixar por satisfazer um só desejo ou uma só necessidade. Em consequência, devemos desejá-lo acima de tudo, tudo nos deve servir para lá chegarmos, e devemos estar dispostos a sacrificar tudo para lá chegar. Cristo diz-nos nas parábolas sobre o Reino dos céus: O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, o qual, quando um homem o acha, esconde-o, e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo (Mt 13, 44). Diante de um bem que vale a pena, não há nada mais razoável do que empregar todos os meios e fazer todos os sacrifícios necessários para obtê-lo. Ora, o que Deus nos oferece é o bem absoluto, para além de qualquer dúvida ou hesitação. E, mesmo assim, tanta gente parece não estar disposta a empregar os meios necessários para possuí-lo, recusa-se a pensar nele e chega até a ignorá-lo. É apenas uma pequena minoria que procura o Reino dos céus e a sua justiça: Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado do vosso Pai dar-vos o reino (Lc 12, 32). Devemos ter a grande ambição de pertencer a esse rebanho, e de nele permanecer, apesar dos sacrifícios que implica. Basta pensar que a pessoa que encontrou o tesouro, vende cheia de alegria tudo o que tem para poder comprar o campo. Aqueles que não estão dispostos a sacrificar tudo pelo Reino dos céus, que não o procuram com esperança, não possuem a verdadeira alegria”.

Caríssimo (a) benfeitor (a), lembre-se continuamente de que a vida passa e que a morte não avisa o dia nem a hora; por isso, trabalhe incansavelmente para conquistar a Vida Eterna: “A vida eterna depende da vida que se leve neste mundo” (Mons. Tihamer Tóth).

De que adianta diplomas, fama, riqueza, poder, beleza, etc., se não se conquista o Céu? Não se ganha o Céu vivendo comodamente e no oba-oba, mas sim, percorrendo o caminho estreito: “Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida” (Mt 7, 14).

Eu te abençôo e te guardo no Puríssimo Coração de Nossa Senhora.

 

Atenciosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Associação de benfeitores São José -
Circular nº
20 - 22/01/2008 ”.

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