ELE ENSINAR-VOS-Á

(Jo 16, 13)

 

“Quando vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá à verdade eterna...”

 

Jesus Cristo quer completar seu ensinamento sobre seus Apóstolos, porém, não pode “agora”, porque não podiam compreender nem receber utilmente esses ensinamentos sublimes. Apesar de possuir o melhor Mestre... sua rudeza, seu estado de pessoas simples e imbuídas no ambiente judeu, e, sobretudo, a sublimidade dos ensinamentos não lhes permitia recebê-las. Necessitavam de uma transformação radical que estava reservada, no plano do Pai, o Pentecostes, como momento inicial da ação do ESPÍRITO SANTO neles.

Por isso, quando viesse o Paráclito, os “conduziria à verdade inteira”.

“Quando vier o Espírito da verdade”. Não determina o tempo preciso. Parece referir-se concretamente à vinda solene em Pentecostes, pois se trata de um fato determinado pela forma. Esta vinda assinala o começo da atividade docente (que ensina) do ESPÍRITO SANTO. O ESPÍRITO SANTO vem no lugar de Jesus Cristo... e vem para estar com os Apóstolos. No livro dos Atos dos Apóstolos prova que o ESPÍRITO SANTO vem à Igreja e aos que crêem em Jesus Cristo. Seu magistério é para todos os tempos.

O ESPÍRITO SANTO é quem leva à plena compreensão da verdade revelada por Jesus Cristo. Com efeito, como ensina o Concílio Vaticano II, o Senhor “com o envio do Espírito da verdade, completa totalmente e confirma com o testemunho divino a revelação” (Dei Verbum, n.º 4).

 

O ESPÍRITO SANTO: O MESTRE DA VERDADE

 

Pentecostes é o dia da fundação da Igreja de Jesus Cristo, o dia em que o ESPÍRITO SANTO sobre ela desceu para nunca mais dela se separar. Três são as garantias que o ESPÍRITO SANTO no dia da fundação deu à sua Igreja: A pureza da doutrina, a santificação das almas e o governo divino até o fim do mundo.

Jesus Cristo estabeleceu a Igreja Católica como mestra dos povos: Ide e ensinai todas as nações! Foi esta a ordem dada à Igreja por Jesus Cristo antes de sua gloriosa Ascensão. A ninguém mais, senão aos Apóstolos foi dada esta ordem, e nos Apóstolos aos seus sucessores, se aliás, tem sentido a outra palavra de Jesus Cristo, segundo a qual lhes promete sua assistência divina até o fim dos séculos, devem os Apóstolos trabalhar e ensinar. Em pessoa? Está claro que não; mas a missão dos Apóstolos, seu ministério deve perdurar enquanto homens houver no mundo. Se Jesus Cristo dá aos Apóstolos a ordem de ENSINAR, que significa isto para nós?

Significa que nós, fiéis que somos, devemos ouvir, aceitar e seguir seu ensinamento. Os Apóstolos e seus legítimos sucessores são nossos mestres por Cristo estabelecidos. Formam eles a Igreja docente (que ensina), quando nós somos a Igreja discente (que aprende).

Qual é o ensino da Igreja? Não são as coisas deste mundo, como ler e escrever. Na escola da Igreja não aprendemos as matérias que são do programa das nossas escolas primárias e secundárias. Não é esta sua missão transmitir-nos ciências profanas, se bem que a Igreja em todos os séculos tenha sido a protetora das artes e ciências. Bem ela sabe que a felicidade e prosperidade do homem na sua vida terrena não podem prescindir (separar) dos conhecimentos úteis... de caráter profano. Com os conventos fundados nos primeiros séculos da cristandade tem sido os pioneiros da civilização em todos os países da Europa, o missionário dos nossos dias, onde quer que trabalhe, considera um dos seus primeiros deveres abrir escolas, ensinar a mocidade, instruir o agricultor no manejo do arado e de outras máquinas agrícolas, e educá-los para uma vida digna de homem. Embora a Igreja se dedique a esta espécie de atividade, não a considera como a principal. O homem vive na terra, mas não para a terra. Sua vida terrestre deve ser a preparação para a vida feliz na eternidade. A missão da Igreja é preparar o homem para o céu. Importa que o homem saiba qual é seu destino e quais são os meios para alcançá-lo.

À Igreja Católica é que compete instruir os homens sobre os meios de salvação, dar-lhes as informações necessárias sobre Deus e suas obras. O Filho de Deus em sua infinita bondade desceu para a terra e revelou aos homens a fé que devem abraçar para chegar ao seu bem-aventurado fim. Esta fé, a verdade eterna, Ele a depositou na sua Igreja, a qual tem por obrigação essencial, transmiti-la aos homens. O ensino das verdades eternas é, pois, a missão por excelência da Igreja Católica. A ela os homens se devem dirigir para receber as instruções necessárias a este respeito.

Quem ensina deve ter as necessárias habilitações. Ninguém se arroga (apropria) das funções do Magistério, que não possua as qualidades exigidas e o preparo indispensável. Em casos que exigem maior esclarecimento, o próprio mestre, se se achar com conhecimento deficiente na  respectiva matéria, recorre a autoridades competentes, para assim assegurar a seus alunos instruções sólida e garantida.

É o que acontece na Igreja. Jesus Cristo querendo que ela seja a mestra dos povos... deve ela receber os necessários ensinamentos. Se a Igreja pela vontade de seu fundador deve transmitir aos homens as verdades eternas, deve ela, antes de tudo, conhecê-las perfeitamente. Seu mestre é o DIVINO ESPÍRITO SANTO.

Assim Jesus Cristo o prometeu: Pedirei ao Pai para que vos envie um outro consolador, que este fique convosco eternamente, o Espírito da verdade... Ele ensinar-vos-á tudo e de tudo vos lembrará que eu vos falei. Dizem estas palavras de Cristo bem claramente que o ESPÍRITO SANTO é o Mestre da Igreja; que ela tem sua assistência invisível, mas eficaz até o fim do mundo.

Daí segue que se o ESPÍRITO SANTO, sendo o Espírito da verdade, fica com a Igreja, ela não poderá ensinar uma heresia. O Espírito da verdade não ensina senão a verdade, e impossível é que se faça Mestre do erro e da mentira. Blasfema, portanto, quem afirma que a Igreja se tenha afastado da verdade. Dizer que a Igreja errou é pretender que o ESPÍRITO SANTO seja falível. Cada doutrina que a Igreja propôs ou propuser, é e será a expressão da verdade. Deus fala pela Igreja. As decisões da Igreja em matéria da fé são decisões do ESPÍRITO SANTO. Crer na Igreja Católica é crer no ESPÍRITO SANTO.

É preciso que assim seja. Com que direito poderia Cristo incondicionalmente exigir a nossa fé, se não tivéssemos a certeza de estarmos na verdade! Com que direito poderia Ele exigir de nós que nos curvemos diante dos dogmas da Igreja, se não nos oferecesse a garantia indubitável que é o ESPÍRITO SANTO que a inspira e ensina!

Graças rendemos a Jesus Cristo por nos ter dado a Igreja Católica como Mestra infalível da verdade! Graças lhe demos por nos ter chamado a este seu grêmio (seio). À Igreja Católica, pois, o nosso respeito, a ela o nosso amor e a nossa fé. Sua doutrina é divina, verdadeira e eterna, porque seu Mestre é Deus, o ESPÍRITO SANTO.

 

Oração

 

Espírito Santo, concedei-me o dom da inteligência para que eu alumiado pela luz celeste da vossa graça bem entenda as sublimes verdades da salvação, a doutrina da santa religião. Amém.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 26 de junho de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura

Pe. João Batista Lehmann, Euntes... Praedicate!

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada

Frei Ambrósio Johanning, Alimento da alma devota, ano de 1910

Concílio Vaticano II, Dei Verbum, n.º 4

Edições Theologica

Pe. Juan de Maldonado, Comentários aos Quatro Evangelhos

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Ele ensinar-vos-á”

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