REGRESSARAM POR OUTRO CAMINHO

(Mt 2, 12)

 

“... regressaram por outro caminho para a sua região”.

 

 

Quanto progresso na perfeição não terá feito os Santos Reis durante o breve tempo que passaram em Belém!

Católico, seja sábio e temente a Deus, não jogue fora o Tempo do Santo Natal se ocupando com presentes, bailes e com a algazarra oferecida pelo mundo inimigo de Deus e das almas imortais. Não use desse Tempo para colocar o espinho do pecado na manjedoura do Menino Deus; pelo contrário, aproveite-o para crescer na perfeição.

Os Santos Reis progrediram na perfeição; faça você o mesmo.

Deus é a suma perfeição e não é possível tornarmos iguais a Ele. Mas o que Deus exige é que cheguemos àquela perfeição que com sincero esforço nos é possível alcançar.

Estamos nesse mundo para buscarmos a perfeição... para sermos santos; quem despreza a santidade joga o tempo fora.

Ser santo não é uma conveniência, é uma necessidade. Ser santo não é um conselho, que nos seja lícito seguir ou não.

O céu é a nossa pátria. Para nela entrar é preciso a inocência da alma e a pureza do coração: é preciso ser santo!

Durante o breve tempo que permaneceram em Belém, os Reis Magos progrediram na santidade. Quanta sabedoria!

Infeliz do católico que joga fora o Tempo do Santo Natal; que usa do mesmo para se nivelar aos animais irracionais. Quanta estupidez!

O católico que se comporta como pagão durante o Tempo do Santo Natal, não possui um ódio selvagem contra o Menino Jesus? Não é o velho espírito de Herodes?

A exemplo dos apóstolos ao saírem do Cenáculo, após dez dias de retiro, estavam os Santos Reis cheios de Deus, penetrados de gáudio e de um santo desejo de espalhar em toda parte as maravilhas que contemplavam, as verdades que ouviram e os mistérios que lhes foram revelados. Só a custo deixam aqueles lugares abençoados, onde receberam tantas graças. Quem poderá descrever a cena tocante da despedida! Beijaram com ternura os pés do divino Infante e com docilidade ouviram os derradeiros avisos de Maria Santíssima e São José, que os confirmaram na fé e os confortaram na resolução de perseverar nela até à morte.

Católico, não basta ser fervoroso e amar o Menino Deus durante o Tempo do Santo Natal; mas é preciso perseverar nesse amor até o fim... até o último suspiro.

De nada vale ter sido santo por longo tempo, se ao fim da vida se morre pecador.

De nada vale ter adorado Jesus Cristo no Natal, se depois, no carnaval, escancara a alma para o demônio.

Os Santos Reis perseveraram até o fim... eles encontraram a verdadeira Face do Deus Infinito... nada fez com que eles abandonassem o caminho que conduz ao céu.

Os Reis Magos, cheios de alegria e com saudades deixam Belém; o que também nós deveríamos fazer em nossas visitas a Jesus Sacramentado. Ao voltarem às suas terras, tomam outro caminho, ensinando-nos assim a nos tornar melhores em nossas conversas com Jesus nas igrejas.

Chegados aos seus lares, apressam-se a publicar o nascimento do Messias prometido e a conquistar amigos e discípulos para Jesus. A sua conduta confirma-lhes as palavras. Todos se enchem de admiração ao vê-los tão humildes, tão pacientes, tão caridosos, tão recolhidos, tão assíduos à oração e tão cheios de fervor em propagar a verdadeira crença no Messias.

Quem ama verdadeiramente a Cristo Jesus não consegue ficar de braços cruzados, mas trabalha fervorosamente e enfrenta todos os sacrifícios para torná-lO conhecido.

Nosso Senhor deu-nos exemplo de sacrifício, sofrendo na alma e no corpo, quando teria podido levar vida tranqüila. É São Paulo que o afirma: “Em vez do gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz, desprezando sua ignomínia” (Hb 12, 2).

O que dizer do católico batizado e crismado que vive de braços cruzados?  Esse tipo de gente é um câncer para a Santa Igreja.

Católico, nos nossos santuários achamos o que os Reis Magos encontraram em Belém: 1.° Santos conselhos dados pelos lábios sacerdotais no confessionário e no altar; 2.° Doces entretenimentos com Nossa Senhora e São José em suas imagens; 3.° Inúmeras graças por parte do Salvador presente sobre os altares ou nos tabernáculos. Mais felizes ainda do que os Reis Magos, podemos possuí-lO muitas vezes nos nossos corações pela Santa Comunhão; e então quantas luzes e favores preciosos recebemos d’Ele para as nossas almas!

Tendes sido fiéis em corresponder a essas graças? Ao sairdes das igrejas percebem os outros, em vosso ar modesto e recolhido, que visitastes a Jesus, assististes ao divino Sacrifício e participastes do banquete Sagrado? O vosso mau humor e vossas impaciências habituais não estão em contraste com a doçura inefável do inocente Cordeiro que visitastes ou recebestes e a quem talvez prometestes praticar a paciência, o silêncio e a mansidão em todas as contradições e contrariedades?

Ó Jesus, fonte inesgotável de bens, inspirai-me de hoje em diante mais fervor na devoção ao Vosso adorável Sacramento, a fim de que, a exemplo dos santos reis, eu tire da vossa convivência os mais preciosos frutos de vida interior e de sólidas virtudes.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 30 de dezembro de 2008

 

 

Bibliografia

 

Bíblia Sagrada

Pe. João Batista Lehmann, Euntes... Praedicate!

Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual

Pe. Luis Bronchain, Meditações para todos os dias do ano

Frei Basílio Röwer, Conferências para Religiosas

Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de Luz

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Regressaram por outro caminho”
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