Maria chorando
 
 

SENTOU-SE SOBRE ELA

(Mt 28, 2)

 

“E eis que houve um grande terremoto: pois o Anjo do Senhor, descendo do céu e aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se sobre ela”.

 

 

O Anjo, sentado sobre a pedra, esperava as mulheres, como indicando que ele era o autor da remoção daquele obstáculo, e por isso se assentou sobre sua obra.

Esse terremoto parece que sucedeu nas primeiras horas do amanhecer, quando as mulheres se dirigiam ao sepulcro. Era um sinal externo do poder divino que acabava de manifestar-se na ressurreição de Jesus Cristo. Ao tremor de terra, acrescentou-se a aparição do Anjo do Senhor, que, fazendo rolar a grande pedra que fechava o sepulcro, o deixou aberto, e se sentou sobre ela. Nada comenta os evangelistas sobre a hora exata em que Cristo ressuscitou, e o modo como saiu do sepulcro. Provavelmente, quando o Anjo removeu a pedra, Cristo já havia ressuscitado, e o corpo glorioso havia saído de tumba atravessando a rocha, como a luz passa através do cristal. Os soldados que faziam a guarda não dizem que viram o ressuscitado.

Nem o terremoto na morte de Cristo nem o da sua ressurreição é apresentado aqui como um FENÔMENO NATURAL, mas EXTRAORDINÁRIO. Está em relação com a chegada do Anjo. Numa forma antropomorfista, este Anjo “desceu do céu” e “rolou” a pedra sepulcral e “sentou sobre ela”.

O Anjo não abriu o sepulcro para que Cristo ressuscitasse e saísse com o seu corpo “glorioso” por aquela entrada. A ação do Anjo foi abrir o sepulcro para que todos vissem que não estava ali o corpo do Senhor, e para que as mulheres e os apóstolos pudessem entrar e comprovar a verdade da ressurreição do Senhor. E com esse procedimento milagroso, fazer ver ao grupo de soldados a inutilidade deles naquele lugar.

O Anjo aparece “sentado” sobre a pedra, é o sinal da vitória de Cristo sobre a morte e um modo de indicar sua espera pelas mulheres para anunciar-lhes a ressurreição de Cristo Jesus.

“... houve um grande terremoto”. Como a morte do Senhor foi assinalada por um tremor de terra, assim sua ressurreição também o foi. O terremoto é a manifestação do poder, do senhorio e da glória de Deus (Cf. Sl 68, 8-9; Sl 98, 7ss). Quando Jesus Cristo ressuscitou, a terra, comovendo-se, rendeu ao poder e magnificência do seu Deus.

Nosso Senhor que é ao mesmo tempo Filho de Deus e Filho do homem, dá alternativamente provas de sua divindade e de sua humanidade, disse São Jerônimo: “E assim como com sua morte deu prova de que é homem, com este terremoto dá uma prova incontestável de que é Deus. Tem, pois, este mesmo movimento insólito da natureza, e neste caso, sua força apologética: a obra de Deus se põe ao serviço da verdade de Deus”. Misticamente, disse São Beda: “Este terremoto, como o ocorrido na morte do Senhor, é o pressentimento da comoção profunda que se realizará nos corações dos homens quando se lhes pregar a morte e a ressurreição do Senhor”.

“... removeu a pedra”. Jesus Cristo saiu do sepulcro deixando-o intacto e a porta fechada, antes que o Anjo chegasse e a abrisse; como em seu nascimento saiu do seio de sua Santíssima Mãe sem romper o selo de sua virgindade. Porém, era necessário que abrisse a porta do sepulcro para que todos vissem que estava vazio. Quis Deus que fosse feito por um Anjo, primeira testemunha e anunciador da ressurreição: Os Anjos anunciaram sua concepção e nascimento, o confortaram no deserto e no Getsêmani; agora convinha que anunciassem a glória do Deus triunfador.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 16 de abril de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Pe. Juan de Maldonado, Comentários aos quatro Evangelhos

Pe. Manuel de Tuya, Bíblia comentada

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura (texto e comentário)

Dom Isidro Gomá y Tomás, O Evangelho Explicado

São Jerônimo, Escritos

São Beda, Escritos

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Sentou-se sobre ela”

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